Após farpas com Lula, Leite cita 'descompasso' entre promessa e entrega

O governador do Rio Grande Sul, Eduardo Leite (PSDB), criticou um "descompasso" entre o que o governo federal tem prometido e entregado no estado, durante reunião com o presidente Lula (PT) em Brasília, nesta quarta (21).

O que aconteceu

Os dois se encontraram após a troca pública de farpas na última sexta (16), em Porto Alegre. À imprensa Leite disse que foi uma boa conversa e colocou panos quentes nas rusgas, chamando de coisas da política. Mas afirmou que segue criticando o governo quanto às "divergências".

Teve apoio [do governo federal], está tendo apoio, mas o que eu tenho mostrado é: tem um descompasso entre o apoio que é anunciado e o apoio que se está efetivando lá na ponta, e é isso que a gente demanda.
Eduardo Leite, após conversa com Lula

"Eu faço a crítica para que ajustem, melhorem, aprimorem e entreguem o que eles mesmos se propõem", disse o governador. "Eu agradeço, eu faço agradecimento, mas eu não deixo de demandar, não deixo de reclamar, não deixo de criticar, se for o caso."

Na sexta, Lula reclamou em entrevista que Leite está "sempre insatisfeito". "Às vezes fico incomodado porque o governador nunca está contente com as coisas. Ele deveria me agradecer um dia", afirmou o presidente a uma rádio local.

O governador tratou a troca de farpas como algo comum. "O presidente é um ser político que faz as suas manifestações, faz as suas críticas, as suas análises, faz o debate público do seu ponto de vista, tanto quanto eu", disse. Segundo ele, os dois já haviam se acertado no mesmo dia, no Rio Grande do Sul.

O tucano indicou ainda que o episódio e as divergências não interferiram na conversa. "O presidente ouviu atentamente, tomou nota de tudo. Foi uma reunião demorada, de cerca de uma hora. Nos debruçando sobre os diversos temas e eu saio com boa expectativa", afirmou.

Demandas

Leite disse ter feito três principais demandas ligadas à reconstrução do estado. Ele afirmou que, até então, o apoio apontado pelo presidente não tem sido suficiente na área de emprego e renda e também questionou o projeto de dívida dos estados.

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  1. Aumentar o programa de manutenção de emprego e renda. Atualmente restrito a dois salários mínimos para empresas que foram afetadas pela enchente, Leite argumenta que é preciso oferecer um apoio a todas as empresas do estado, dado que o impacto econômico foi geral. "Quanto mais semelhante ao que funcionou na pandemia, melhor", disse.
  2. Flexibilizar as regras de operação de crédito. Na avaliação do governador, a burocracia tem dificultado o acesso ao crédito por parte das empresas. "Aquelas empresas que acabam tendo balanço negativo, porque já foram afetadas no ano passado, por exemplo, elas não conseguem comprovar nos seus balanços a capacidade de tomar o crédito --[dado que] é uma operação de maior risco. O banco acaba não concedendo o financiamento e a empresa se vê em apuros", afirmou.
  3. Alterar o projeto de dívidas dos estados. "A solução que foi apresentada na semana passada no Senado não contempla o estado a ponto da gente, se não forem feitas alterações na Câmara dos Deputados, talvez não ter condições de acessar esse novo programa de pagamento das dívidas no estado e assim limitar ao longo do tempo a capacidade de operação do poder público."

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