Presidente do Ibama fala em 'série de limitações' para cumprir prazo do STF
Em entrevista concedida ao UOL News 2ª Edição desta quinta (29), o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que há uma série de limitações para cumprir completamente o prazo que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino deu para a União mobilizar esforços no combate aos incêndios pelo Brasil.
Nesta semana, Dino determinou que o governo federal mobilize em 15 dias o maior contingente possível da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Forças Armadas e Força Nacional para combater os incêndios na Amazônia e no Pantanal.
Sobre a decisão do ministro Flávio Dino, nós estamos com a maior estrutura que a gente já teve, a decisão não é apenas exclusivamente para o Ibama, existem muitos órgãos que estão atuando em torno dessa crise. Mas estamos hoje entre Ibama e ICMBio falando em três mil brigadistas, 17 aeronaves, 24 embarcações, um número enorme de viaturas terrestres circulando pela Amazônia. Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama
Estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance, executando um planejamento. Cuidar de três mil brigadistas, fornecer alimentação, água, EPI (equipamento de proteção individual) e de combate ao incêndio não é fácil. Entendemos a preocupação, é uma crise muito grave e vamos fazer o que for possível para, obviamente, dentro de todas limitações poder controlar esses incêndios. Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama
Agostinho afirmou que desde 2023 houve investimento no órgão para combater incêndios em momentos críticos e com apoio dos governos estaduais, mesmo com dificuldades impostas — climáticas ou não.
Desde o ano passado, antes do El Niño, contratamos brigadistas, fizemos planos, só de EPIs estamos falando em R$ 58 milhões de investimento. (...) Não estamos no zero, pelo contrário, nesse exato momento temos pelo menos 100 brigadas diferentes no combate ao fogo em regiões diferentes. Fazemos o que está no alcance do Ibama. Também trabalhamos órgãos estaduais, porque quem tem o Corpo de Bombeiros são os estados, não é o Ibama. O Ibama tem brigadistas, mas tem muitos incêndios no entorno de cidades e os estados estão ajudando. Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama
É uma decisão judicial, estamos discutindo no governo qual a melhor forma de cumprir e não é uma decisão apenas para o Ibama, é para o conjunto do governo e, obviamente, existe uma série de limitações. No caso do Amazonas, o problema não é só fogo. Temos (...) cidades sem água. É inimaginável isso. Imaginar uma cidade nas margens dos rios Madeira e Solimões sem água. Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama
O presidente do Ibama também deu um panorama de como está a situação do país em relação às queimadas e incêndios florestais.
Estamos enfrentando a maior seca da história, um episódio climático extremo. Essa semana tivemos uma trégua porque entrou uma massa de ar frio pelo sul do país, acabou melhorando a qualidade do ar em algumas cidades brasileiras. Mas estamos prestes a entrar em uma nova frente quente, uma nova onda de calor com ar seco. Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama
No exato momento temos uma situação controlada em São Paulo, no Pantanal os incêndios também estão hoje sob controle, mas no Sul da Amazônia na região da fronteira do arco do desmatamento, nós temos vários incêndios criminosos, ação humana para degradar a floresta. (...) Não é a seca que produz o fogo, todo fogo alguém coloca. Às vezes é um acidente, tivemos o caso de um caminhão que se acidentou no Pantanal e causou [fogo], tivemos outro de uma linha de energia que caiu. Mas de maneira geral é alguém colocando. Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama
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