Silveira cobra Enel e diz que Nunes propaga fake news sobre apagão em SP
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que medidas da Enel "beiraram à burrice" e acusou o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), de propagar fake news sobre o apagão que atinge áreas da capital paulista desde sexta-feira (11).
O que aconteceu
Silveira cita falta de planejamento e diz que ações da Enel "beiraram à burrice". "Por mais que você, da sua central, tenha de religar a rede, você não vai conseguir, porque é um problema físico. Você tem que ter gente para podar árvores. Eu disse que a Enel faltava, no mínimo, e usei um termo, inclusive, bastante contundente, de que faltou planejamento e beirou à burrice", disse.
Ministro acusou Nunes de mentir sobre renovação do contrato com a Enel. Ele destacou que, na verdade, o contrato de concessão vai até 2028 e que uma eventual ruptura dependeria do "devido processo legal". Segundo Silveira, o prefeito de São Paulo usa as redes sociais para fazer "politicagem de baixo calão". "O que eu vi ontem foi uma fake news oficial do prefeito da maior metrópole do Brasil. E com tristeza, porque o recebi no meu gabinete, a pedido da bancada do MDB, com o maior respeito", lamentou, citando publicações feitas no domingo (13) por Nunes.
O prefeito de São Paulo aprendeu rápido com o seu concorrente aqui, o Pablo Marçal, que era o campeão das fake news e da falsificação de documentos públicos. (...) A Enel vence seu contrato em 2028, e ela tem até 2026 para se manifestar sobre a sua renovação. (...) Nós não trabalhamos com narrativa, nós trabalhamos com fatos.
Eu sou a favor da abertura [de um processo de rompimento com a Enel] que passa, naturalmente, por uma intervenção. Isso é um processo. Não é uma decisão, uma prerrogativa de alguém que acordou de manhã e tomou uma decisão irresponsável. Irresponsável é quem faz fake news.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
Mas Silveira citou a possibilidade de renovação com a Enel horas antes do apagão. A colunista do UOL Raquel Landim mostrou que o ministro participou, em Roma, de um evento do grupo Esfera com o diretor da Enel, Alberto de Paoli, e disse: "No ramo de distribuição, está aqui a Enel, permitimos a antecipação dos contratos de renovação de distribuição — e o ministro Bruno Dantas (TCU) acompanhou de perto — para preparar a distribuição no Brasil, para digitalizar e para recepcionar mais energia renovável com segurança."
Meses antes, o presidente Lula também afirmou que renovaria os contratos. Em junho, Lula esteve com a diretoria da empresa em Puglia, na Itália, às margens da reunião do G7. O presidente afirmou que, apesar do apagão em São Paulo, renovaria o contrato porque a empresa havia se comprometido com mais investimentos.
Nunes cobra governo Lula e chama ministro de 'fraco'
Prefeito cobrou uma "intervenção" de Lula para romper com a Enel. Ele disse que o contrato da empresa com o governo federal tem cláusula que dá poder ao presidente para essa quebra.
"O contrato da Enel com o governo federal, na cláusula 4, diz que quem pode pedir a caducidade, para que esse contrato seja extinto, é a Aneel. A cláusula 10 diz que o presidente pode fazer a intervenção em uma empresa que não está cumprindo com o contrato —no caso estamos falando da Enel. Portanto, cabe ao governo federal. Na cláusula 10 está explícito", afirmou.
O presidente da República poderia, numa única ação, fazer a intervenção nesse serviço. E até agora não fez. O que a gente tem até agora é um 'jogo de empurra' e uma empresa absolutamente irresponsável que não atende à população de São Paulo.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo
Nunes também chamou o ministro de Minas e Energia de "fraco". "Infelizmente, ele [Alexandre Silveira] é um ministro muito fraco, que, em vez de tomar suas ações e atitudes, estava na sexta-feira lá na Europa sentando com a Enel e discutindo renovação. É de uma irresponsabilidade enorme", afirmou Nunes.
400 mil casas seguem sem luz
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Quero receberMaioria das 400 mil casas sem luz estão na capital. Em São Paulo, segundo boletim divulgado pela Enel na tarde desta segunda-feira (14), há 283 mil clientes sem energia elétrica.
Apagão também atinge Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo. Até o momento, 1,7 milhão de casas tiveram energia restabelecida até o momento, segundo a empresa.
Companhia não dá previsão de retorno. Nas notas enviadas pela Enel, o órgão informa que "segue trabalhando para restabelecer o fornecimento". Ao UOL, clientes lesados informaram que recebiam previsões de retorno de luz em horários que já passaram ao contatar canais oficiais da empresa.
Ao todo, 17 linhas de transmissão foram afetadas, diz Enel. Em entrevista à TV Globo, Darcio Dias, diretor de operações da concessionária, informou que a situação em curso é pior do que a de novembro de 2023, quando a capital e a Grande São Paulo passaram quatro dias sem energia.
29 escolas estaduais estão sem energia e funcionarão com luz natural. Segundo a Seduc-SP, os alimentos perecíveis dessas unidades estão preservados. O órgão também informou que cinco unidades escolares tiveram aulas canceladas por causa de danos causados pelas chuvas. Desde sexta-feira, mais de 130 escolas municipais e estaduais da capital relataram problemas.
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