Raquel Landim

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Reportagem

Ministro cita renovação de concessão em evento com Enel no dia do apagão

Poucas horas antes de uma forte chuva atingir São Paulo e deixar mais de 2 milhões de pessoas sem luz, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou em Roma de um evento do grupo Esfera com o diretor da Enel, Alberto de Paoli.

No painel, Silveira cita a possibilidade de renovação dos contratos da Enel no Brasil. A empresa tem concessões em São Paulo, no Rio e no Ceará.

"No ramo de distribuição, tá aqui a Enel, permitimos a antecipação dos contratos de renovação de distribuição - e o ministro Bruno Dantas (TCU) acompanhou de perto - para preparar a distribuição no Brasil, para digitalizar e para recepcionar mais energia renovável com segurança", disse Silveira.

O executivo da Enel também comenta a renovação dos contratos e parece satisfeito com as novas diretrizes. "Tudo aquilo que pedimos estão agora nessas novas diretrizes. Estamos a espera de detalhes, mas o percurso está estabelecido", diz De Paoli, que é diretor para o resto do mundo da Enel.

No dia 21 de junho, o governo federal publicou um decreto com novas regras para a renovação de 20 contratos de distribuidoras de energia elétrica com vencimento entre 2025 e 2031. De acordo com o governo, o objetivo seria estabelecer diretrizes para a modernização e a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população.

No dia 15 de junho, uma semana antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve com a diretoria da Enel em Puglia, na Itália, às margens da reunião do G-7. Na época, ele afirmou que renovaria os contratos da Enel, apesar do apagão em São Paulo, porque a empresa havia se comprometido com mais investimentos.

"Eles assumiram o compromisso de, ao invés de investir R$ 11 bilhões, eles vão investir R$ 20 bilhões nos próximos três anos, prometendo que não haverá mais apagão em nenhum lugar em que eles são responsáveis pela energia", disse Lula após a reunião.

A coluna assistiu pela internet todo o painel do qual participaram Silveira e o executivo da Enel em Roma. O tema era "Rumo à sustentabilidade: a nova era energética". Em nenhum momento, o apagão de novembro do ano passado, que também deixou a população de São Paulo por quase cinco dias sem luz, foi tratado.

Procurado, o ministro informou que não falou com De Paoli sobre a renovação do contrato ou sobre o apagão de 2023 em São Paulo nos bastidores do evento.

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Durante o bate-papo público, o executivo da Enel aborda um ponto central para o que ocorreu em São Paulo, mas sem citar as dificuldades de sua própria empresa. "Há redes que não estão prontas para sofrer o impacto das mudanças climáticas. Precisamos fazer investimentos específicos. Esse é o grande desafio do Brasil."

As chuvas que atingiram São Paulo e seus arredores na sexta-feira derrubaram torres de transmissão da Enel e ainda deixam 900 mil pessoas na capital sem luz. A Prefeitura tem se queixado da demora da empresa em cortar a ligação da luz para a retirada das árvores.

O painel no qual estiveram Silveira e o executivo da Enel fazia parte de um evento maior do Esfera, que aconteceu nesta semana em Roma. O Esfera é um grupo de lobby do empresário João Camargo, que também é CEO da CNN Brasil, e que promove a aproximação entre empresários, políticos, ministros do governo e ministros do STF.

O apagão em São Paulo se transformou num embate político entre os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Boulos e Nunes vem trocando acusações nas redes sociais e em público. Boulos diz que São Paulo está "sem luz e sem prefeito", enquanto Nunes chamou o rival de "oportunista" e culpou a Enel pelos transtornos na cidade.

Ontem à noite, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) publicou uma nota dizendo que a responsabilidade pela concessão da Enel é federal. Silveira rebateu com um post em suas redes chamando a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de "bolsonarista" por ter tido boa parte de seus membros indicada no governo Jair Bolsonaro.

Reportagem

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52 comentários

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Ranilson Bezerra Diniz

O GOVERNO PAULISTA PRIVATIZOU A A EXCELENTE EMPRESA DE ELETRICIDADE EM SÃO PAULO, EM 1999. A compradora, ENEL, visando apenas o lucro,  reduziu o quadro de pessoal e NÃO modernizou o sistema. Agora obsoleta, a ENEL expatriou milhões de dólares de lucro ao invés de investir. Está ruim e vai piorar.

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Jair Alberto de Araújo

Aí pessoal que votou no Governador Tarcísio e no atual prefeito Nunes, vejam como eles hajam, jogando a culpa em terceiros, quando na realidade são eles próprio os culpados, o governador atual de SP que foi ministro do Bolsonaro e que na época do governo federal do Bozo, teve a maioria dos indicados na Aneel pelo Bolsonaro, encheram a Aneel de Bolsonaristas, então estamos vendo o que está acontecendo, e por outro lado, o atual prefeito de SP, o Nunes(da máfia), não fez nada quando houve aquele apagão, no ano passado e não vai fazer nada neste ano, porque além de omisso e não gostar de trabalhar, já que suas preocupações são outras(escusas), vai fazer o de sempre, acusar a Enel, uma empresa que não pertence ao governo, e que portanto é muito mais fácil. Alias, esse governo tanto Estadual como municipal, não gostam de privatizar o que é público? Vejamos: telefonia, Energia, abastecimento, que só causaram desgostos a população e problemas. 

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Wesley Almeida Rocha

Privatiza que melhora, a direita liberal só serve para isso privatizar tudo a preço de banana, e a população fica prejudicada, porque as empresas privadas só querem lucro e não estão nem ai para o resto, os empresário que colocam a direita no poder são os mesmo que tem prejuízo nesse momento, quando o povo acordar já vai ser tarde.

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