Justiça aceita denúncia, e Kalil vira réu por improbidade administrativa
O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) virou réu em uma ação do MP que o acusa de renovar um contrato de um empresário com a prefeitura em troca do custeio de uma pesquisa eleitoral em 2021.
O que aconteceu
Kalil vai responder por improbidade administrativa. Além do ex-prefeito, a Justiça de Minas Gerais também aceitou denúncia contra o publicitário Cacá Moreno, dono da empresa Perfil 252, e os ex-secretários Aldaclever Lopes (Governo) e Adriana Branco (Comunicação). Segundo a denúncia do MP, os quatro réus estão envolvidos em um esquema de fraude de licitação.
MP diz que ex-prefeito teria recebido vantagem indevida de R$ 60 mil. O valor teria sido pago a Kalil em troca de renovações de contrato que beneficiaram a Perfil 252 em R$ 103,5 milhões —os contratos da prefeitura com a empresa foram renovados em 2021, 2022 e 2023, diz a procuradoria.
Contrato da prefeitura com a empresa também foi suspenso pela Justiça. A juíza Denise Canedo Pinto, 2ª Vara de Feitos da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte, determinou nulidade dos aditamentos que renovaram o contrato da Perfil 252 com a gestão municipal. Os pagamentos à empresa também foram interrompidos.
Kalil diz que contrato investigado é da época de Márcio Lacerda (PSB), antecessor dele. "Esse contrato de publicidade que falam é da época da gestão anterior à minha, e ele não sofreu reajuste quando fui prefeito", afirma o ex-prefeito, cuja gestão foi de 2017 a 2022.
Esse processo só existe porque fui procurado pelo Ministério Público para fazer um acordo que evitaria o nascimento do processo. Eu neguei fazer qualquer acordo porque nunca pratiquei nada de ilegal. Como já disse em outras ocasiões, quem tem medo de investigação é bandido. Graças a Deus, não é o meu caso. Já reviraram minha vida e nunca encontraram nada. Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte
Empresa diz que nunca fez nenhuma pesquisa eleitoral. "A Perfil 252 é uma agência de publicidade e, como o próprio nome sugere, apenas agencia verbas publicitárias destinadas a grandes veículos de comunicação, como todas as emissoras de TV aberta, as rádios da capital mineira, os grandes portais e jornais", afirmou, em nota. Ainda segundo a companhia, o vínculo que ela tinha com a prefeitura era de prestação de serviço como agência de comunicação, entre 2010 e junho de 2023, e nunca houve relação comercial com Kalil.
Réus têm prazo de 30 dias para se manifestar. Após esse período, o MP terá 15 dias para apresentar réplica. Procurando pelo UOL, Cacá Moreno disse que estava se inteirando sobre o caso para enviar um posicionamento. Mais tarde, ele encaminhou a mesma nota enviada pela Perfil 252. A reportagem tenta localizar Aldaclever Lopes e Adriana Branco. O espaço está aberto para manifestação.
Ação foi apresentada na reta final do segundo turno. Sucessor de Kalil e atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) aparece em primeiro lugar nas pesquisas. Fuad rompeu com Kalil, de quem foi vice-prefeito, e disputa o segundo turno contra o bolsonarista Bruno Engler (PL). Kalil apoiou Mauro Tramonte, candidato do Republicanos e apresentador de TV, que foi derrotado no primeiro turno.
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