Zeca Dirceu: Não esperávamos outro ato a não ser a anulação das condenações
O ato monocrático do ministro Gilmar Mendes que anulou todas as condenações do ex-ministro José Dirceu (PT) no âmbito da Lava Jato "seguiu a lei", afirmou o filho de José, o deputado Zeca Dirceu (PT-RS), durante o UOL News desta terça-feira (29).
Questionado se não seria melhor uma absolvição das acusações em vez de uma anulação das sentenças, o deputado afirmou que o ato de Gilmar Mendes já era esperado com base no que havia sido decidido no caso do presidente Lula (PT).
A decisão atende a um pedido da defesa para estender ao ex-ministro a decisão da 2ª Turma do STF que considerou o ex-juiz Sergio Moro suspeito para julgar Lula.
A decisão do ministro Gilmar Mendes cumpre aquilo que obriga a lei. Se os atos praticados foram ilegais, tendenciosos, se o juiz não foi imparcial e combinava com quem fazia a acusação que tipo de acusação deveria ser feita para, daí, achar uma forma de condenar, não cabe outro ato. Não é questão da gente gostar ou não gostar, da gente querer ou não querer.
Foi feita a anulação pelas mesmas razões, pelos mesmos motivos, não só das condenações, mas de todos os atos praticados pela Lava Jato em relação ao presidente Lula e outros. [...] Como filho, obviamente, não cabe a mim fazer um juízo do meu pai. Agora, eu não tenho dúvida nenhuma quanto aos métodos da Lava Jato, quanto foi acertada essa decisão do ministro Gilmar Mendes.
Zeca Dirceu
O deputado criticou, durante a entrevista, utilizar-se da premissa de combater a corrupção com a "criminalização do ato político" e acusou Sergio Moro de buscar apenas uma delação premiada do pai contra Lula.
Este foi o mesmo entendimento de Gilmar Mendes. Na decisão, o ministro do STF afirmou que as ações movidas contra José Dirceu tinham como objetivo servir de "alicerce" para as denúncias que foram apresentadas posteriormente contra Lula.
O Brasil tem casos de corrupção, como os Estados Unidos tem, como na Europa tem, ao longo de décadas. Infelizmente, a corrupção inclusive é da natureza do ser humano, que é falho, se corrompe. E a corrupção acontece não só na esfera pública, não só meio político, mas também na esfera privada. O que a gente não pode aceitar é a criminalização do ato político. Só o fato de você ocupar um cargo de destaque, só o fato de você ocupar uma posição política de destaque.
No caso do meu pai, ele não ocupava mais cargos públicos, ele não assinava, ele não tomava decisões. Ele foi envolvido e condenado ilegalmente, sem provas, de uma forma criminosa por um juiz ladrão simplesmente porque queriam chegar até o presidente Lula. Sonhavam com uma delação premiada dele que criminalizasse e permitisse a prisão do presidente Lula.
Zeca Dirceu
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