Barroso afirma que atentado a bomba ao STF foi ato 'tipicamente terrorista'
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o atentado a bomba contra a sede da Corte na praça dos Três Poderes foi um ato "tipicamente terrorista".
O que aconteceu
Barroso classificou o episódio como algo de "imensa gravidade" e que precisa ser apurado se foi um ato isolado ou se o autor do ataque faz parte de um algum grupo criminoso. "Foi um ato tipicamente terrorista, que infelizmente se insere numa cadeia que vem de longe, de busca de desacreditar as instituições, ofender as pessoas", declarou em entrevista à CNBC Brasil, neste domingo (17).
Presidente do STF ressaltou que o ataque é resultado da "perda de civilidade" que assolou o Brasil "nos últimos tempos", e criticou pedidos de anistia para os presos no atentado de 8 de janeiro de 2023 aos Três Poderes. Embora destaque que esse é um tema para ser debatido pelos parlamentares no Congresso, o ministro disse ser "um pouco contraditório perdoar antes sequer de julgar".
Barroso afirmou que naturalizar ataques à democracia é permitir que derrotados nas eleições se achem no direito de contestar o resultado do pleito. "Milhares de pessoas, mancomunadas pela rede social, invadiram a sede dos Três Poderes e depredaram tudo que encontraram pela frente, jogaram água, tacaram, fogo, se você naturaliza isso, acho que a gente não vai criar o país que a gente gostaria de criar. E o que é pior, o próximo que perder [as eleições] pode fazer a mesma coisa, já que foi naturalizado".
Ataque com bomba
O autor do atentado, Francisco Wanderley Luiz, tentou lançar bombas caseiras contra o STF. O homem, de 59 anos, natural de Santa Catarina e ex-candidato a vereador pelo PL, portava dispositivos conhecidos como "pipe bombs". Durante o ato, ele acionou um explosivo que causou sua própria morte.
Os artefatos simulavam granadas e apresentavam alto potencial destrutivo. Fabricadas com tubos ("pipes", em inglês, por isso o nome "pipe bombs") de PVC como estrutura principal, eles continham pólvora e elementos de fragmentação, como parafusos e porcas, para ampliar os danos causados pela explosão. "Esses artefatos tinham um grau de lesividade muito grande e poderiam causar danos ainda mais severos", afirmou Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, em uma entrevista coletiva à imprensa na sexta (15).
Os dispositivos foram projetados para acionamento manual e remoto. Alguns artefatos tinham isqueiros fixados para acionar o pavio, enquanto outros apresentavam mecanismos de acionamento remoto, indicando maior sofisticação. "Encontramos elementos que simulavam granadas, mas com um impacto muito maior devido ao material de fragmentação", detalhou Rodrigues.
Mais explosivos foram encontrados em vários locais relacionados ao suspeito. Artefatos semelhantes estavam no veículo usado por Wanderley Luiz, em um trailer alugado por ele e em sua residência, em Ceilândia. Durante as buscas, algumas bombas armadas foram detonadas controladamente pelas equipes de segurança.
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