Chapa 'puro-sangue' de Lula seria jogar Haddad às feras, diz professor

Uma chapa 'puro-sangue' para 2026, como vislumbra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Fernando Haddad como candidato a vice, seria jogar o atual ministro da Fazenda às feras, apontou o cientista político Cláudio Couto no UOL News deste sábado (7).

Acho muito difícil que uma chapa puro-sangue se viabilize. Porque o cenário não é tão simples assim, que permita você impor uma chapa puro-sangue num contexto em que você precisa de outros apoios de partidos, inclusive para a eleição, não só para governar depois, mas para ganhar a eleição também.

Na realidade, você vai jogá-lo simplesmente as feras, né? Você lança esse nome e esse nome vai ser bombardeado, porque as pessoas estão insatisfeitas com a área de atuação do ministro e, consequentemente, ele não chega. Tendo bom desempenho já não chega necessariamente como aquele favorito para ganhar. Agora, se o desempenho nem for percebido como positivo, aí a situação é pior ainda.

E seria um tanto quanto estranho que depois da grande demonstração que o vice-presidente Alckmin tem dado ao presidente Lula desde o começo do mandato, que ele simplesmente rife Alckmin, o descarte, e coloque Haddad para seu vice. Acho que isso seria diferente se o Lula não fosse candidato.
Cláudio Couto, cientista político

O professor Cláudio Couto detalhou um pouco melhor as vantagens e desvantagens de ser ministro da Fazenda, cargo atual de Fernando Haddad, nesta situação.

Acho que construir o nome de Haddad é até positivo para o presidente. Ele já foi candidato, no lugar do Lula na eleição de 2018. Então já é uma figura conhecida nacionalmente, pela própria atuação no Ministério da Fazenda continua se dando a conhecer.

Agora, ser ministro da Fazenda pode ser um grande ônus ou um grande bônus, depende muito de como a economia não apenas se sair, mas como a percepção sobre o desempenho da economia se der. A gente vê hoje que há números positivos na economia em termos de desemprego, agora a gente viu um crescimento significativo do PIB.

E como você lança o ministro da Fazenda, o principal articulador de política econômica, a uma disputa presidencial se a avaliação da economia não é lá muito boa. É complicado. E veja, independentemente dos resultados reais que ele esteja entregando. Então é preciso que até lá haja também uma percepção positiva sobre o desempenho do ministro, para que talvez ele possa construir o nome dele como nome alternativo.

Por essas e outras é que eu realmente acho que é mais um balão de ensaio essa ideia de que Alckmin poderia ser descartado para Haddad assumir a posição de vice do Lula do que propriamente alguma coisa com chances de se concretizar em 2026.
Cláudio Couto, cientista político

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