Como foi morte de JK e por que ela pode ser reanalisada por comissão
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O governo federal e a CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos), ligada ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, avaliam reabrir o caso da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Relembre a morte de JK
Acidente de carro. Ex-presidente morreu no dia 22 de agosto de 1976, quando viajava pela rodovia Presidente Dutra, perto do município de Resende, no sul do estado do Rio de Janeiro. JK estava em um Opala, dirigido pelo seu motorista Geraldo Ribeiro. O automóvel foi atingido por um ônibus da viação Cometa e bateu de frente com um caminhão que vinha no sentido oposto.
Perto de completar 50 anos, a morte de JK ainda gera debates. A principal discussão é se o episódio foi, de fato, um acidente, ou se foi um atentado contra o ex-presidente por conta de sua postura política.
Em 2013, a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo investigou o caso e concluiu que JK foi morto pela ditadura. Segundo reportagem da Revista da Câmara Municipal de São Paulo, "após nove meses de investigação, analisando documentos e ouvindo dezenas de especialistas e testemunhas, a comissão concluiu que JK e seu motorista foram assassinados, vítimas de conspiração, complô e atentado político".

Em análise posterior, a CNV declarou que morte foi acidental. Em relatório divulgado em 2014, a CNV (Comissão Nacional da Verdade), que investigava a morte do ex-presidente a pedido da seção mineira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), declarou que Juscelino Kubitschek não foi assassinado. Na ocasião, um grupo de peritos analisou os laudos feitos após a morte e outros documentos que estavam em posse da Justiça. No relatório, a comissão sustenta não haver qualquer indício de que JK tenha sido vítima de homicídio.
A principal dúvida sobre as circunstâncias da morte de JK tem relação com uma perfuração no crânio do motorista. Na década de 1980, nova apuração encontrou vestígios de metal na mesma região do corpo do motorista. A teoria que indica um atentado acredita que Ribeiro foi atingido por um projétil. Na CNV, os peritos concluíram que o buraco foi provocado pelo impacto do acidente, e não por um tiro, e que o movimento do Opala afasta a hipótese de que o motorista tenha sido alvejado. Sobre os vestígios de metal, o relatório concluiu tratar-se de fragmentos de um cravo utilizado para fixar o revestimento dos caixões.
Ao assumir a presidência em 1956, JK se apoiava no lema "50 anos de progresso em cinco anos de governo". A proposta se concretizou por meio de uma política desenvolvimentista, que provocou uma aceleração industrial no país. Foi também o responsável pela transferência da capital federal para Brasília em 1960.
JK teve os direitos políticos cassados em 1964, durante o regime militar. À época, JK perdeu o mandato de senador por Goiás. Em 1966, ele tentou organizar uma frente pela redemocratização do país, junto com Carlos Lacerda e João Goulart, mas não voltou mais ao poder.
Comissão vai ouvir famílias
Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos irá ouvir familiares dos mortos antes de reabrir investigações. Na sexta-feira (14), comissão decidiu que ouvirá familiares do ex-presidente e do motorista Geraldo Ribeiro antes de reabrir apuração.
É impossível afirmar ou descartar que o veículo tivesse sido sabotado, ou mesmo que o motorista tivesse sofrido um mal súbito ou sido envenenado, vez que não há elementos materiais suficientes para apontar a causa do acidente ou que expliquem a perda do controle do automóvel. Inquérito civil do MPF sobre a morte de JK
O MPF tornou público o inquérito civil em 2021. Um laudo feito por Sergio Ejzenberg, perito especialista em transportes, indica que "a suspeita de sabotagem mecânica [do veículo de JK] não era infundada".
A inclinação para retomar o caso partiu do chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda. O pedido de reanálise tem o apoio da presidente da CEMDP, procuradora Eugênia Gonzaga, e da maioria do colegiado.
Em 2024, o ex-vereador de São Paulo Gilberto Natalini, ex-presidente da Comissão Municipal da Verdade, solicitou ao Ministério dos Direitos Humanos a reabertura da investigação sobre o caso. Como argumentos, Natalini usou o laudo de Ejzenberg e a conclusão do inquérito do MPF de que não era possível comprovar o que causou o acidente.
*Com informações do Estadão, da Folha de S.Paulo e de matérias publicadas em 09/12/2013 e 22/04/2014
6 comentários
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Arlindo de Oliveira Filho
pelo jeito estão pretendendo que a história também vire filme!
Aloysio Carvalho Costa Filho
- Direitos humanos!!!! Pra que serve?? Não tem serviço, arrumam; poderiam levantar o caso de José Joaquim da Silva Xavier ( o Tiradentes )???? Que tal?? Ou melhor do prefeito Celso Daniel!!!!
Daniel de Castro Ribeiro
Será que este povo não tem mais nada para fazer ? Desenterrar algo com 50 anos e qualquer que seja o resultado não muda em nada a vida do pobre trabalhador brasileiro cada vez mais pobre