STF cobra da PF relatório sobre papel de deputado em esquema de emendas
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O Supremo Tribunal Federal cobrou a Polícia Federal a fazer um relatório parcial, em 15 dias, sobre investigação que apontou que o deputado Antônio Júnior Mano (PSB-CE, ex-PL) tinha "papel central" em um esquema de emendas parlamentares, compra de votos e atuação de líderes do crime organizado. A determinação foi feita nesta sexta-feira (14) pelo relator do caso, ministro Gilmar Mendes, de acordo com a assessoria do Supremo.
O que aconteceu
UOL mostrou em dezembro que investigação da PF no Ceará apontava papel central de Júnior Mano em esquema de emendas e compra de votos. Atuação consistia "na manipulação dos pleitos eleitorais, tanto por meio da compra de votos, quanto pelo direcionamento de recursos públicos desviados de empresas controladas pelo grupo criminoso", de acordo com despacho do juiz da 3ª Zona Eleitoral de Fortaleza, Flávio Vinícius Bastos.
Em uma das fases da operação, PF identificou a "influência de grupos violentos nas eleições de 2024". Uma mulher que fazia ameaças a políticos adversários do grupo de Mano e do candidata a prefeito de Choró Carlos Alberto Queiroz seria uma traficante da facção Guardiões do Estado (GDE), segundo a revista Veja.
Juiz da 3ª Zona Eleitoral enviou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da PF. O ministro Gilmar Mendes pediu um parecer à Procuradoria Geral da República sobre a investigação. Com base nessa avaliação do Ministério Público, nesta sexta-feira (14), o ministro definiu que a apuração deve acontecer mesmo no STF - ou seja, há indícios de participação do parlamentar e outros possíveis investigados com direito a foro privilegiado no tribunal.
Ministro também determinou que a PF faça um relatório parcial sobre a investigação. Isso porque os policiais não apuravam diretamente a participação do deputado para não anular o trabalho. Agora, com o aval do STF, isso deve ser feito com mais profundidade.
Ao UOL na época da divulgação do caso, Júnior Mano negou participação em qualquer ilegalidade. Ele disse que "é vítima do uso indevido de seu nome e confia plenamente nos poderes constituídos para o reconhecimento de sua total inocência".
Áudio citou líder do governo
PF encontrou áudio citando "um negócio de um milhão e meio de emenda de saúde" do líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e um índice de "no máximo 12%". Os áudios são de Bebeto Queiroz, amigo de Júnior Mano, para o assessor do deputado, Adriano Bezerra.
À época, Mano era filiado ao PL, de Valdemar Costa Neto. À revista Piauí, a assessoria de Guimarães disse desconhece o assessor de Júnior Mano.
Cofres teriam R$ 58 milhões
Bebeto Queiroz (PSB), ou "Bebeto do Choró", foi eleito prefeito de Choró em 2022, mas está foragido, com mandado de prisão em aberto e impedido de tomar posse. A prefeita de Canindé (CE), Maria do Rosário Ximenes (Republicanos), afirmou ao Ministério Público, que ele atua para Júnior Mano distribuindo dinheiro para políticos aliados de 51 cidades do Ceará.
Bebeto teria cofres espalhados em diversos locais com R$ 58 milhões em dinheiro vivo para distribuir. Júnior Mano e Bebeto chamam um ao outro de "amigo" e "irmão" em vídeo em rede social.
Defesa tem dito ao UOL que não comenta o caso. "Reforço, no entanto, que a defesa sustenta com veemência a integral inocência do prefeito eleito Bebeto Queiroz", afirmou a advogada Luanna Freitas.
2 comentários
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Joao Batista Correia Lima Neto
Depois que o sistema e o STF destruíram a Lava Jato de forma orquestrada e planejada, anulando provas e penas e perdoando criminosos confessos, os corruptos e corruptores voltaram "a todo vapor" na certeza da impunidade. Combate, investigação e punição severa e exemplar para corruptos e corruptores no judiciário, no legislativo e no executivo, nas esferas federal, estadual e municipal e empresas públicas e em órgãos públicos ligados á saúde, obras, infraestrutura,... Independente de cargo, partido político, ideologia, se esquerda, centro ou direita, pobre ou rico, poderoso e influente. É claro que com direito a defesa e contraditórios, quem não deve não teme. O Brasil voltou a ser o país da impunidade, principalmente para ricos, influentes ou poderosos.
Raimundo Manoel de Carvalho
Tem que acabar com essa farra das emendas é só corrupção.