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'Fugiu por medo'; 'decisão lúcida': políticos comentam licença de Eduardo

Do UOL, em São Paulo

18/03/2025 14h38Atualizada em 18/03/2025 17h28

Políticos reagiram ao anúncio de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vai se licenciar do mandato e permanecer nos Estados Unidos.

O que aconteceu

Enquanto aliados de Eduardo avaliam a decisão como "lúcida", opositores o chamam de "fujão" e "covarde". No anúncio, o terceiro filho mais velho de Jair Bolsonaro disse que ficaria nos EUA para buscar punições contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em 27 de fevereiro, após Eduardo embarcar para os EUA, governistas pediram a apreensão do seu passaporte.

Jair Bolsonaro (PL) pediu que Donald Trump "abrace Eduardo". Nesta terça-feira (18), o ex-presidente visitou uma exposição em memória do Holocausto e falou sobre a decisão do filho. "O Eduardo Bolsonaro lá nos Estados Unidos, fazendo o que ele tá fazendo, era insubstituível", disse Bolsonaro, se referindo ao relacionamento do filho com Donald Trump.

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O partido do deputado disse, em nota, que recebeu a notícia com "tristeza". "Eduardo Bolsonaro vai se licenciar temporariamente do cargo para o qual foi legitimamente eleito", afirmou o PL. "O Partido Liberal segue a postos, acreditando na força política do nosso país e nas instituições dos Três Poderes para atravessar esse momento difícil que estamos vivenciando", diz a nota.

Integrantes do PL apoiaram a decisão. O ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro Gilson Machado Neto (PL-PE) contou ao UOL que avalia a decisão de Eduardo como "muito lúcida". "Mostra o compromisso dele com os valores da gente, o desapego do cargo", disse ele, que esteve nos EUA no último domingo. A decisão não foi debatida com o partido, segundo ele.

O senador e irmão do deputado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), disse que a decisão foi "corajosa". Ele colocou a responsabilidade sobre o licenciamento de Eduardo Bolsonaro no procurador-geral da República, Paulo Gonet, por não ter decidido sobre o passaporte do deputado federal. "O PGR, que corre para denunciar inocentes, agora demora para opinar sobre a apreensão do passaporte de Eduardo, como se estivesse esperando seu retorno antes de decidir."

Gonet se manifestou contra o pedido de apreensão do passaporte. Nesta terça, depois de Eduardo anunciar seu licenciamento, o procurador-geral da República enviou ao STF manifestação contrária ao pedido do PT. Gonet disse que a representação não tem "elementos informativos mínimos" para enquadrar Eduardo nos crimes apontados.

Ele [Eduardo] entendeu que seria importante ficar lá e não correr o risco de vir pra cá e ser mais uma vítima do 'alexandrismo'. Eu acho que é uma conversão correta.
Jair Bolsonaro (PL)

O trabalho que ele tem feito é lutar para que o país tenha eleições auditáveis, e não iguais às da Venezuela. Ele está sozinho. É lamentável o deputado ter passaporte apreendido. [A decisão] não tinha sido discutida, ele ia assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores. Isso mostra como Eduardo tem convicção forte, e não apego ao cargo. Foi uma surpresa boa. Ele é um homem de convicções e teve o apoio de todos nós.
Gilson Machado Neto (PL)

Apesar das falas do ex-ministro, as eleições no Brasil são auditáveis, e a comparação com o processo eleitoral na Venezuela não procede. Além disso, Eduardo não teve seu passaporte apreendido. O PGR se manifestou contra a apreensão, e o pedido ainda não foi apreciado pelo STF.

Oposição chama Eduardo de "covarde"

Petistas comemoraram a licença. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que o licenciamento foi uma "vitória" e que assim a Câmara não terá o filho de Bolsonaro como presidente da Comissão de Relações Exteriores. Já o vereador Pedro Rousseff (PT-MG) disse que Eduardo "fugiu" e que "vai se licenciar do mandato e ficar nos EUA para não ser preso por Alexandre de Moraes".

O pedido de apreensão do passaporte de Eduardo foi feito em fevereiro por deputados petistas. Lindbergh e Rogério Correia (PT) alegam que o deputado federal utilizaria a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados para "usar um governo estrangeiro contra os interesses nacionais e contra o STF" e, por isso, só aceitariam que o parlamentar presidisse a comissão sem passaporte.

O pedido foi feito ao STF. Em 5 de março, Moraes deu cinco dias para que Gonet se manifestasse, o que aconteceu nesta terça.

"Fugiu", escreveu André Janones (Avante-MG). Ele e Eduardo frequentemente discutem nas redes sociais. Após o anúncio de Eduardo, Janones chamou o deputado de "frouxo" e afirmou que a decisão foi "fugir do Brasil para ficar nos EUA atacando o Brasil".

Eu e Rogério Correia (PT) tínhamos entrado no Supremo Tribunal Federal pedindo a apreensão do passaporte dele por crime contra os interesses nacionais, por pressionar o Poder Judiciário. Ele é o responsável por toda uma articulação no Parlamento norte-americano, eles aprovaram no comitê judiciário de lá uma lei específica para prejudicar o Alexandre de Moraes. Ele está conspirando com o Departamento de Estado norte-americano.
Lindbergh Farias (PT-RJ)

A fruta nunca cai longe do pé. Eduardo Bolsonaro largou o cargo e fugiu, por medo, assim como fez o pai logo depois de tramar um golpe de Estado no Brasil.
Rogério Correia (PT-MG)


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