Coronavírus: 'Tive de abrir igreja do cemitério para abrigar a grande quantidade de corpos', diz prefeito italiano
Angelo Attanasio
17/03/2020 09h10
A cidade de Bergamo, no norte da Itália, vive há duas semanas uma situação desafiadora: há milhares de infectados pelo novo coronavírus e, apenas na última semana, mais de 300 mortos na província.
"Chegamos ao limite". É assim que Giorgio Gori, o prefeito de Bergamo, resume as últimas semanas na cidade de 122 mil habitantes no norte da Itália, a cerca de 60 km de Milão.
Com 3,4 mil infectados (dados de 15 de março), a província de mesmo nome é a mais afetada pelo coronavírus no país europeu, em um cenário que está sobrecarregando o sistema de saúde local.
No restante da região da Lombardia - que tem cerca de 10 milhões de habitantes -, são mais de 13 mil casos, e cerca de 1,2 mil mortes.
Os médicos no hospital Giovanni 23, o maior da cidade, também chegaram a um limite. Eles colocam até sete pacientes por dia em ventilação mecânica e descansam, em média, um dia a cada duas semanas. Somente nesta província, mais de 50 médicos já foram infectados desde o início da pandemia.
Um vídeo que está circulando nas redes sociais mostra como, no jornal local, as páginas dedicadas a obituários passaram de três, no dia 9 de fevereiro, a 11, no dia 13 de março.
Coronavírus liga alerta pelo mundo
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3.abr.2020 - Vista geral do hospital de campanha Nightingale, no centro de convenções ExCel, em Londres, com capacidade para atender 4.000 pessoas com covid-19
Will Oliver/EFE/EPA
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25.mar.2020 - Radial Leste, que liga o centro de São Paulo à zona leste, fica vazia, em função do isolamento social por causa do novo coronavírus
PAULO LOPES/ESTADÃO CONTEÚDO
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24.mar.2020 - Profissionais de saúde atendem o público em tenda colocada na parte externa da Clínica da Família da Rocinha, no Rio
Herculano Barreto Filho/UOL
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23.mar.2020 - Italianos cantam das janelas durante quarentena em casa para evitar a propagação do novo coronavírus
Massimo Pinca/Reuters
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17.mar.2020 - Torre Eiffel, um dos principais pontos turísticos de Paris (França), fica vazia após presidente anunciar restrições contra o coronavírus
Ludovic Marin / AFP
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16.mar.2020 - Movimentação de passageiros usando máscaras e luvas na saída da estação Butantã, linha amarela do Metrô em São Paulo
Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
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26.fev.2020 - Passageiros e funcionários usam máscaras de proteção no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, após primeiro caso do coronavírus no Brasil
Zanone Fraissat/Folhapress
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11.mar.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, participa de entrevista coletiva em que foi anunciado que a epidemia de covid-19 passa a ser considerada pandemia, pela organização, quando há transmissão simultânea do vírus em vários locais do planeta
Fabrice Coffrini/AFP
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11.mar.2020 - Integrante das forças de segurança do Líbano checa temperatura de um visitante em um prédio do governo, na cidade de Saida
Mahmoud Zayyat/AFP
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11.mar.2020 - Funcionário de uma estação de ônibus em Narathiwat, na Tailândia, oferece gel para os passageiros limparem as mãos antes de viajarem
Madaree Tohlala/AFP
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11.mar.2020 - O papa Francisco celebra cerimônia na Biblioteca do Palácio Apostólico, longe dos fieis, como medida para evitar novas transmissões do novo coronavírus
Divulgação Vaticano/AFP
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9.mar.2020 - A Fontana di Trevi, uma das mais visitadas em Roma, teve o acesso bloqueado a visitantes, por conta das medidas do governo italiano contra a disseminação do novo coronavírus
Alberto Lingria/Xinhua
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9.mar.2020 - Parentes de presos entram em confronto com a polícia em frente à prisão de Rebibbia, na Itália, após governo decretar normas de prevenção ao novo coronavírus que devem ser seguidas por detentos e seus visitantes
Yara Nardi/Reuters
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06.mar.2020 - Homem se protege com máscara em vagão da linha 2 Verde do metrô de São Paulo
Bruno Rocha/Fotoarena/estadão Conteúdo
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5.mar.2020 - Integrante de equipe médica prepara substância desinfetante a ser usada em locais públicos de Teerã (Irã)
Nazanun Tabatabaee/Wana/Reuters
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5.mar.2020 - Funcionário da companhia aérea italiana Alitalia usa máscara facial para se proteger do novo coronavírus enquanto trabalha no aeroporto de Guarulhos (SP)
Rahel Patrasso/Reuters
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05.mar.2020 - Pessoas usam máscaras em meio a preocupações com a disseminação do novo coronavírus COVID-19 enquanto andam de barco em Bangkok
27.fev.2020 - Jogadores do Ludogorets usam máscaras como medida de segurança contra o COVID-19, o novo coronavírus, a caminho da partida pela UEFA Europa League
Miguel Medina / AFP
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28.fev.2020 - Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita
Abdel Ghani Bashir / AFP
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27.fev.2020 - Torcedores usam máscaras em meio à preocupação com o coronavírus antes da partida Gent v AS Roma pela Europa League
Francois Lenoir / Reuters
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Após a Espanha confirmar os primeiros casos de coronavírus nesta semana, torcedores usam máscaras de proteção em partida entre Real Madrid e Manchester City, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, em Madri
Susana Vera/Reuters
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Após a Espanha confirmar os primeiros casos de coronavírus nesta semana, torcedores usam máscaras de proteção em partida entre Real Madrid e Manchester City, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, em Madri
Susana Vera/Reuters
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26.02.2020 - Fachada do hospital onde um paciente com o novo coronavírus morreu em Paris, na França
16.fev.2020 - Ônibus se aproximam do navio de cruzeiro Diamond Princess, atracado na Baía de Yokohama, no Japão, para retirar os passagiros que estavam isolados devido à epidemia do coronavírus
Plateia assiste ao festival usando máscaras de proteção em prevenção contra a transmissão do coronavírus
Kim Kyung-Hoon/Reuters
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16.fev.2020 - Médicos levam primeira parte de pacientes infectados com o novo coronavírus para uma área de isolamento no hospital Huoshenshan, em Wuhan
16.fev.2020 - Os membros das Forças de Autodefesa do Japão caminham em direção ao navio Diamond Princess, onde 355 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus. Os norte-americanos começaram a deixar o cruzeiro
16.fev.2020 - Funcionários são vistos antes da evacuação dos passageiros dos EUA do navio de cruzeiro Diamond Princess, onde dezenas testaram positivo para o coronavírus
ATHIT PERAWONGMETHA/REUTERS
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17.fev.2020 - Avião com passageiros norte-americanos retirados de navio que est[a em quarentena no Japão devido à epidemia de coronavírus chega à Base da Força Aérea dos EUA, perto da cidade de São Francisco, na Califórnia
Brittany Hosea-Small/AFP
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Clientes aguardam abertura das redes Sasa e Mannings na Queen's Road, em Hong Kong, nesta terça-feira (4), às 8h (horário local), em busca de máscaras cirúrgicas
22.jan.2020 - Paciente com suspeita de estar infectado com o coronavírus internado no hospital Prince of Wales, em Hong Kong
Reuters
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22.jan.2020 - Funcionário de cassino em Macau mede temperatura de uma mulher antes de sua entrada no prédio
Anthony Wallace/AFP
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24.jan.2020 - Desde o dia 23, passageiros que desembarcaram no aeroporto de Guarulhos (SP) vindos da China relataram ter recebido um documento em português, espanhol e chinês sobre sintomas do coronavírus e uma série de orientações
FEPESIL/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
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24.jan.2020 - Médica usando roupas de proteção no hospital da Cruz Vermelha em Wuhan, na China
AFP
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25.jan.2020 - O médico chinês Zhou Qiong lidera equipe que atua na prevenção e tentativa de controle da epidemia do coronavírus na China
Xinhua/Cheng Min
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24.jan.2020 - Médicos atendem paciente infectado pelo coronavírus no hospital Zhongnan, em Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, na China
Xinhua/Xiong Qi
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25.jan.2020 - Quase 3.000 casos do novo coronavírus já foram confirmados, a maioria deles na China
EPA
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25.jan.2020 - Passageiros usam máscara em vagão do metrô em Paris
26.jan.2020 - Usuários do metrô de Pequim, na China, usam máscaras
Carlos Garcia Rawlins/Reuters
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28.jan.2020 - Uma equipe composta por 142 médicos de Xinjiang partiu para Wuhan para ajudar no combate ao coronavírus
Xinhua/Wang Fei
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28.jan.2020 - Fila em Hong Kong para comprar máscaras faciais com medo do coronavírus
Tyrone Siu/Reuters
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28.jan.2020 - Membros da segurança usam máscaras dentro da estação de trem de alta velocidade que conecta Hong Kong à China continental
Anthony Wallace/AFP
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28.jan.2020 - A chefe do Executivo de Hong Kong Carrie Lam usa máscara diante de surto de coronavírus em coletiva de imprensa
Tyrone Siu/Reuters
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28.jan.2020 - Pedestres usam máscaras numa região de compras em Tóquio, no Japão
Kim Kyung-Hoon/Reuters
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28.jan.2020 - Trabalhador desinfecta instalações públicas em uma comunidade no distrito de Nanchang, província de Jiangxi, China
Xinhua/Peng Zhaozhi
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28.jan.2020 - Equipe médica embarca rumo a Wuhan, para auxiliar no atendimento dos pacientes infectados com o coronavírus
Xinhua/Chen Bin
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18.fev.2020 - Passageiros que estavam no navio Diamond Princess e foram diagnosticados com o coronavírus são transferidos de ônibis para unidades médicas em Tóquio, no Japão
Athit Perawongmetha/Reuters
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17.fev.2020 - Norte-americanos chegam ao aeroporto da base militar em San Antonio, no Texas, após serem retirados do navio Diamond Princess, que está isolado no Japão devido à epidemia do coronavírus
Edward A. Ornelas/AFP
Em entrevista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Gori, prefeito da cidade há seis anos, lamenta que os políticos - "inclusive eu" - tenham subestimado, a princípio, a gravidade da situação.
Essa atitude, aliada a um surto de coronavírus em um hospital da região, não identificado corretamente entre dezembro e janeiro, contribuiu para que a epidemia crescesse rapidamente.
Agora, Gori se diz surpreso que, depois da experiência italiana, outros governos europeus tenham demorado tanto para tomar medidas de contenção.
"Tenho duas filhas que estudam no Reino Unido e ontem à noite fiz com que voltassem para a Itália", explicou por telefone de seu escritório na prefeitura.
Leia a entrevista completa abaixo.
BBC News Mundo - Como está a situação atual na cidade?
Giorgio Gori - Neste momento, nós somos o epicentro europeu da epidemia de covid-19. Temos o maior número de pessoas infectadas, internadas, e, lamentavelmente, também de vítimas. Apenas na última semana, foram mais de 300 mortos em decorrência do coronavírus.
Eu mesmo tenho em meu círculo próximo pessoas que se infectaram e outras que lamentavelmente faleceram.
De acordo com epidemiologistas, a taxa de letalidade nesta região é proporcional à propagação do vírus.
Mas acredito que esses números sejam maiores, porque estou convencido que não estamos registrando todos os casos de coronavírus. A maioria dos infectados não apresentam sintomas e não sabem que têm o vírus.
É por isso que imploramos ao governo que impusesse medidas de distanciamento social. Se isso não tivesse sido feito, teríamos dezenas de milhares de infectados pelas ruas, possivelmente com sintomas muito leves mas ainda assim capazes de contaminar outros, e a situação seria infinitamente pior.
E esse número de mortes nos mostra a gravidade do fenômeno.
BBC - Que medidas você teve que tomar para lidar com essa situação extraordinária?
Giorgio Gori - Tivemos que fechar o cemitério da cidade para proteger as pessoas mais velhas que estavam indo visitar seus entes queridos que morreram nas últimas semanas.
Por outro lado, precisamos abrir o necrotério e a igreja do cemitério para abrigar a grande quantidade de cadáveres que se acumulou.
Precisamos, inclusive, pedir ajuda a outras cidades para que nos deixassem usar seus fornos crematórios, porque os nossos não são mais suficientes.
A primeira cidade foi Civitavecchia (próxima a Roma, a cerca de 600 km de Bergamo), e ontem o prefeito de Modena (na Emilia Romana, outra das regiões mais afetadas pela epidemia) me ligou para dizer que poderiam cremar 25 cadáveres.
Em breve enviarei um conjunto de cartas para informar a prefeitos de outras cidades que estamos passando esse triste fardo para eles.
BBC - Alguns pacientes também foram transferidos para outras cidades italianas.
Giorgio Gori - Sim, por exemplo, dois cidadãos de Bergamo estão sendo atendidos no hospital de Palermo (na Sicilia, a mais de 1.500 km de distância).
Essa é a situação mais urgente de todas: a falta de leitos de UTI devido ao aumento contínuo do número de pacientes.
A capacidade da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital Giovanni 23, de Bergamo, estava sendo expandida constantemente, de uma maneira quase milagrosa, e sempre encontramos soluções para atender todos os doentes. Porém, chegamos a um limite, e esse limite já foi ultrapassado várias vezes.
Tudo dependerá de como a situação vai evoluir na próxima semana. Se tivermos resultados positivos, isto é, se diminuirmos o número de infectados e internados, o sistema de saúde, ainda com dificuldade, conseguirá resistir.
Por outro lado, se não diminuirmos a curva da epidemia, os especialistas dizem que o sistema não terá condições de aguentar.
BBC - O governo italiano deve decidir em breve sobre a construção de um hospital especial para cuidados intensivos próximo a Milão, parecido com o que foi feito em Wuhan, na China.
Giorgio Gori - Sim, isso aliviaria a situação em toda a região da Lombardia, mas também precisamos de muitos ventiladores mecânicos e muitos mais médicos.
Estamos chamando médicos aposentados, estamos recrutando residentes e estamos considerando a possibilidade de contratar médicos estrangeiros.
Até agora, Cuba, Venezuela e China disseram que poderiam enviar profissionais de seus países.
BBC - Como a comunidade de Bergamo está reagindo?
Giorgio Gori - Essa é uma comunidade de pessoas capazes de compreender com seriedade a responsabilidade individual que cada um leva consigo. Explicamos que só poderemos controlar esse vírus se todos cumprirem as regras.
Iniciativas solidárias para ajudar a comunidade também estão sendo feitas.
Duas, em particular: a primeira são as centenas de voluntários que se colocaram à disposição para levar alimentos, remédios e assistência especialmente aos idosos que vivem sozinhos. Infelizmente, máscaras de proteção estão em falta. Estamos procurando por toda parte, pedindo que qualquer um envie o que puder, na Itália ou em outros países, pois esses voluntários não podem trabalhar sem proteção.
A outra iniciativa é a dos trabalhadores de nossas bibliotecas comunitárias, que leem contos pelo Facebook para as crianças que estão em casa e não podem ir às escolas. Eles até inventaram um novo conto.
Então, em Bergamo temos essas duas imagens: a de uma cidade completamente deserta e a de uma cidade profundamente solidária.
BBC - Nos últimos dias, em muitas cidades italianas, as pessoas foram às sacadas de suas casas para cantar e tocar músicas, para relaxar nesse momento difícil. Isso também está acontecendo em Bergamo?
Giorgio Gori - Sim, isso também acontece aqui, mas talvez um pouco menos. No momento, um sentimento de emergência está mais presente no espírito coletivo. Creio que ainda é um pouco cedo para que a cidade vá até suas janelas para cantar.
BBC - Em 2016, você organizou o "maior abraço do mundo": mais de 11 mil pessoas ficaram em volta dos muros venezianos da cidade velha para pedir que fossem reconhecidos como Patrimônio da Humanidade. E conseguiram. Vocês repetirão o gesto quando a epidemia acabar?
Giorgio Gori - [Risos]. É uma boa ideia. Com certeza vamos organizar uma grande festa.
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