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Mais Médicos faz governo economizar com mão de obra formada fora, diz Dilma

Do UOL, em São Paulo

19/09/2013 14h39

A presidente Dilma Rousseff atribuiu a criação do programa Mais Médicos, nesta quinta-feira (19), a uma estratégia de economia do governo federal com a não formação de mão de obra que chega pronta de outros países.

“Enquanto os Estados Unidos têm 25% de médicos de fora, [ou seja,] não gastam dinheiro formando, nós temos 1,78% de profissionais formados no exterior a cada 1.000 habitantes”, comparou. “Por isso fizemos o Mais Médicos”.

  • Arte UOL

    Saiba qual a proporção de médicos em cada Estado e o panorama em outros países

A afirmação foi feita durantte uma agenda pública da presidente em Rondonópolis (MT), onde ela participou da inauguração do Projeto Expansão Malha Norte. A obra inclui a ferrovia Ferronorte, no trecho Alto Araguaia-Rondonópolis, e o Complexo Intermodal Rondonópolis.

Após o discurso voltado a grandes produtores de grãos e a empresas relacionadas ao transporte ferroviário, Dilma afirmou que era seu “dever esclarecer” à plateia pontos do Mais Médicos, uma vez que o programa “está sendo debatido”.

Ao citar percentuais de médicos estrangeiros em outros países, a presidente destacou “países  ricos, desenvolvidos, com dinheiro para formar seus médicos”, como os Estados Unidos, com 25% de estrangeiros em seu quadro de médicos, Inglaterra, com 35% a 37%, e Canadá, com 20%. “O Brasil tem 1,78% [de médicos formados no exterior] .Olha a discrepância entre nós e os EUA, o país mais desenvolvido”, declarou.

Por outro lado, a presidente admitiu ser necessária a formação de mais profissionais em território brasileiro a fim de suprir déficit em áreas como o Norte do país e as periferias das grandes cidades, as mais carentes de médicos, destacou.

Onde falta médico, faltam dentistas e enfermeiros, mostra pesquisa

A concentração de médicos nos grandes centros acompanha a de outros profissionais de saúde, como dentistas e enfermeiros, e a de unidades de saúde. Onde falta um, faltam os outros.

É o que o mostra um recorte da pesquisa Demografia Médica no Brasil, que se baseou em dados da AMS (Assistência Médico-Sanitária) do IBGE, que conta os postos de trabalho ocupados por profissionais de saúde

“Pesquisas só sobre saúde apontam que queremos um atendimento médico daquele em que se pega na pessoa, faz exame clínico... queremos o atendimento mais humanizado possível”, disse. “Não fizemos esse programa de forma improvisada, mas avaliamos e percebemos que o Brasil tem que aumentar a formação de médicos. Inclusive aqui, formados aqui, e não apenas de graduação, mas de residência --está provado que o médico que se gradua e se forma tende a ficar naquele determinado local”.

Segundo Dilma, o governo dá “muito valor ao médico brasileiro”. “Por isso o Brasil terá que apostar em um programa sério de formação de médicos no interior, com alta qualidade de residência, formando pediatras, oncologistas, anestesiologistas. Faremos isso sistematicamente, mas o médico leva tempo pra se formar”, advertiu.

Antes de citar os exemplos estrangeiros para justificar que o país “tem a obrigação de atender a população”, Dilma fez questão de ressalvar: “Não precisa olhar [apenas] para país desenvolvido, não, olha a Argentina: lá, são 3,6% de profissionais estrangeiros a cada 1.000 habitantes”, observou.

Ferrovia ligará regiões e portos

A ferrovia inaugurada hoje em Rondonópolis possui extensão total de 260 km e foi construída para facilitar o transporte de milho, soja, farelo de soja, minério de ferro e cargas em contêineres. O sistema também transportará, como carga de retorno, combustível, fertilizantes e outros insumos do agronegócio.

Ao todo, foram investidos na obra R$ 780 milhões com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O sistema de ferrovias da região terá a capacidade de movimentar 100 mil toneladas por dia de grãos e outros insumos, o equivalente a 1.190 vagões, o que permite o processamento de seis trens, com carregamento de dois trens simultaneamente.