Paralisação prejudica atendimento no maior hospital de Campinas
Uma paralisação de funcionários da saúde cancelou cirurgias e prejudicou os setores de exames e atendimentos do Hospital Municipal Doutor Mário Gatti, maior hospital público de Campinas (a 93 km de São Paulo) nesta segunda-feira (17).
Entre 30% e 50% dos enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares e equipes de apoio decidiram paralisar os atendimentos por 48 horas para reivindicar a ampliação do prêmio produtividade, que foi concedido pela prefeitura apenas aos médicos do hospital na semana passada. A categoria só deve retornar ao trabalho na próxima quarta-feira (19).
Com isso, das sete salas de cirurgias, apenas três estão abertas. Ao menos quatro das 12 operações eletivas programadas para hoje já foram canceladas. A unidade médica realiza cerca de 20 operações diariamente, somando as de emergência, que sempre têm prioridade. O hospital atende cerca de mil pacientes por dia. Nesta segunda-feira, o atendimento está ainda mais demorado, sendo que alguns pacientes já aguardam mais de três horas para receber atendimento.
É o caso do porteiro José Antonio Nogueira Duarte, de 39 anos, que chegou ao Mário Gatti às 9h30 e até as 12h30 ainda não havia sido chamado. “É terrível passar por isso. A gente vem ao hospital com dor achando que vai ser atendido, tomar um remédio e a dor vai passar, mas chega aqui e fica horas esperando”, reclamou.
A paralisação também pegou de surpresa a auxiliar de limpeza Sandra Dias da Silva, que foi ao local para uma consulta de retorno, após um acidente de trabalho. “Cheguei antes das 8 horas, já são 12h30 e continuo sentada no mesmo lugar de quando cheguei”, disse.
De acordo com o presidente do hospital, Marcos Eurípedes Pimenta, um balanço parcial aponta que entre 30% e 50% dos 600 servidores da área de enfermagem não trabalharam nesta segunda. Ele considera a paralisação “abrupta e injustificada”, uma vez que nunca foi procurado pelo STMC (Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Campinas ) para uma negociação sobre o assunto.
Já o diretor do STMC, Lourivam Valeriano de Souza, informou que cerca de 70% dos trabalhadores aderiram à greve. A paralisação afeta os setores de enfermagem e de apoio (serviço de copa, cozinha, lavanderia, manutenção, laboratorial e raio-X), que funcionam com 30% do efetivo.
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Os prêmios concedidos aos médicos são divididos em duas fases. Na primeira, os valores atingem R$ 1.067 para 12 horas de jornada e R$ 3,2 mil para 36 horas. Na segunda fase, pula para R$ 1.170 e R$ 3,5 mil, respectivamente.
A presidência da unidade médica adiantou que os salários dos enfermeiros são maiores do que os de outros hospitais particulares e municipais e não há como equiparar o bônus aos dos médicos.
“Já existe um prêmio para todos os servidores. O aumento e ampliação dos bônus para equiparar com os dos médicos foge ao objetivo, que é de reparar a defasagem salarial, que não existe nos setores que reivindicam, uma vez que eles ganham até duas vezes e meia a mais que a média paga por hospitais da região”, esclareceu Pimenta.
O pagamento do prêmio era uma reivindicação antiga dos médicos, uma vez que apenas metade deles recebia o valor. Após seis meses, os profissionais serão submetidos à avaliação e terão de cumprir metas para continuar recebendo o benefício.
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