Projeto Pai Canguru promove 'abraço' entre pais e bebês em UTI neonatal
Thiago de Oliveira e a pequena Ágata Vitória, de apenas 50 dias, não puderam ter contato logo após o parto, mas agora estão recuperando o tempo perdido durante as visitas do projeto Pai Canguru, que funciona no Hospital Estadual Rocha Faria (HERF), em Campo Grande. Enrolados com faixas de atadura, pai e filha desfrutam de alguns minutos, juntos, em um contato pele a pele que parece agradar muito a ambos.
O método Canguru foi criado para tornar possível o contato mais próximo entre os pais e o recém-nascido prematuro, promovendo a interação, fortalecendo o desenvolvimento psicoafetivo do bebê e garantindo aos pais a segurança necessária para cuidar e diminuir o sofrimento de seu filho nesta etapa delicada. Quando realizado pelo pai, o método também pode ajudar a transmitir à mãe a certeza de ter ao seu lado um companheiro que vai apoiá-la nesta fase.
"Quando ela foi pra UTI, achei que não íamos ter contato tão cedo. Na transferência pra Unidade Intermediária (UI), me informaram que eu podia participar do Pai Canguru e fiquei feliz. É muito bom ver de perto que ela está evoluindo, que daqui a pouco estará com a gente em casa. A sensação de encostar na pele dela, esse contato é muito legal. Ela fica calminha quando estamos juntos. Acho que está feliz", comemora Thiago.
Para participar do Pai Canguru, os bebês precisam estar em boa condição de saúde, sem uso de oxigênio e punção venosa. Os pais começam ficando com o bebê enrolado durante 15 minutos, podendo ficar mais tempo de acordo com a evolução da criança. É permitida a visita diária, em horários pré-estabelecidos. Os profissionais envolvidos no processo foram treinados para garantir que o método seja exercido com segurança.
"Nossa ideia é oferecer melhor suporte de carinho ao bebê, aumentando o vínculo afetivo entre o pai e a criança. Essa ação já é feita há muito tempo com as mães cujos bebês estão internados nessas unidades, mas com o tempo percebeu-se a necessidade de incluir opai nesse contexto, fazendo a integração da família inteira. É importante o pai estar junto em todos os momentos. Eles são convidados por nós e temos percebido boa receptividade. Muitos têm receio de infectar a criança, por estarem vindo da rua, mas é importante que o bebê crie anticorpos que serão importantes para viver a realidade futura, fora do hospital", esclarece a coordenadora da Neonatologia do HERF, Maria Angélica Svaiter.
Ágata Vitória nasceu aos seis meses de gestação, com baixo peso e muita preocupação da família. Hoje, a menina se recupera bem e aguarda os atuais 1,435 kg subirem para 2kg para, enfim, ter alta hospitalar.
O Ministério da Saúde estabelece uma meta de internação em UTI neonatal por, no máximo, 14 dias. Em 2012, esse tempo chegava a 22 dias no Rocha Faria. Baixou para 13, em 2014. "Seguimos as boas práticas: o bebê mama na primeira hora de nascido, temos estratégia Canguru, oferecemos o ofurô, shantala (massagem). Tudo isso contribuiu para o tempo de internação menor", diz Miliene Evangelista, coordenadora de enfermagem da UTI neonatal.
(Com Estadão Conteúdo)
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