Diagnóstico de ebola no Brasil pode levar dias até ser confirmado nos EUA
O protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde diante da possível detecção de um caso de ebola no Brasil poderá levar dias até a confirmação. O país conta com centros de análise de amostra que podem confirmar se um caso suspeito é mesmo ebola ou outra doença infectocontagiosa em 48 horas. Pelo procedimento, que é padrão, a amostra segue para o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) de Atlanta, nos Estados Unidos, onde o resultado será confirmado e o vírus identificado. Enquanto isso, o paciente é isolado imediatamente e recebe tratamento para os sintomas.
O Ministério da Saúde determinou que o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, será o laboratório que vai analisar as amostras dos casos suspeitos de ebola que eventualmente surgirem no país. Mas, se houver demanda, o laboratório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, também poderá fazer as análises.
“Temos um laboratório pronto e um segundo que é um ‘backup’ também em condições de ser acionado imediatamente se necessário, o laboratório da Fiocruz. Mas, por enquanto, nosso laboratório de referência é o IEC”, afirmou Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância do Ministério da Saúde.
No Brasil, o resultado do exame ficará pronto em até 48 horas, segundo o IEC. De acordo com Barbosa, o trabalho do CDC será feito para suprir um "interesse científico", mas não vai interferir no tratamento do infectado.
Se uma amostra for confirmada no Pará, o Ministério da Saúde deve ser avisado imediatamente, assim como as secretarias de saúde do estado e do município, que devem informar ao hospital de onde veio o exame.
“Nós vamos pegar as amostras positivas, colocar em uma caixa e despachar para o CDC em Atlanta. Em quanto tempo vamos receber uma resposta? Vai depender da negociação com o Ministério da Saúde e da Anvisa para isso", diz Pedro Vasconcelos, chefe do Departamento de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC.
O IEC tem capacidade para analisar até 50 amostras suspeitas de dengue por dia e se diz preparado para analisar o quanto for necessário no caso do ebola.
“O IEC tem laboratório que é referência para detectar doenças como dengue, febre amarela e febres hemorrágicas. Embora tenhamos nível 3 de biossegurança, temos equipamentos dentro do laboratório que protegem de nível 4”, diz Vasconcelos.
Embora não haja ainda uma cura identificada o vírus, uma pessoa infectada com o ebola tem maiores chances de sobreviver se receber os primeiros cuidados médicos assim que surgirem os sintomas. O rápido diagnóstico ajuda a agilizar o tratamento e aumenta as chances de vencer a doença, que tem até 90% de letalidade. O uso da droga experimental aplicada com sucesso nos EUA também é recomendada dentro de um prazo curto de tempo.
No Brasil, há 31 hospitais credenciados nos 26 Estados e no Distrito Federal para tratar possíveis pacientes com ebola, mas alguns deles ainda estão finalizando o treinamento para os profissionais e ampliando sua cota de equipamentos.
Investimento de R$ 200 mil em roupas
Assim como o ebola, há outros vírus perigosos cuja manipulação deve ser realizada com roupas e equipamentos especiais para evitar o contágio. Por isso há quatro níveis de biossegurança em laboratórios de análises. Para o caso do ebola é indicado o isolamento no nível quatro.
Pelo protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, as amostras suspeitas chegarão ao IEC em frascos cobertos com gelo seco, dentro de caixas vedadas, que somente serão abertas em salas especiais. Os funcionários usarão roupas impermeáveis, além de luvas, capuzes, botas e viseiras. Segundo Pedro Vasconcelos, todo o processo é feito por máquinas, e o IEC investiu pelo menos R$ 200 mil em novas roupas para a manipulação.
“O operador colhe o material com luvas duplas e coloca em um aparelho que vai ‘matar o vírus’. Depois faz a extração do RNA de forma automatizada e, quando o vírus não tiver mais infeccioso, faz o teste molecular, chamado de Reação em Cadeia da Polimerase ou PCR”, diz.
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