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Clínicas particulares têm escassez de vacinas contra a febre amarela

Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Fernando Cymbaluk*

Do UOL, em São Paulo

12/01/2018 17h14Atualizada em 13/01/2018 12h49

As clínicas particulares de Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais estão enfrentando uma escassez de vacinas contra a febre amarela devido a alta procura nos últimos dias. A reportagem do UOL entrou em contato com unidades nos três Estados, onde foram registrados casos de mortes provocadas pela doença.

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A situação de maior escassez é a das clínicas de São Paulo. Quem liga na central de atendimento dos laboratórios Delboni e Lavoisier ouve uma gravação dizendo que a vacina contra a febre amarela está indisponível. O Grupo Fleury informou que optou por não disponibilizar a imunização em sua rede devido à escassez da vacina no mercado.

Já o laboratório Pró Imune, que possui unidades em cidades do ABC Paulista, a vacina está indisponível desde quarta (10). Quem liga nas unidades da rede recebe a informação de que não há previsão de reposição do estoque para os próximos 15 dias. No interior de São Paulo, a clínica Vaccini diz que não há mais vacinas na unidade de Taubaté e poucas doses em Itatiba.

O preço das doses nas clínicas em São Paulo girava em torno de R$ 180 antes de se esgotarem. As empresas dizem que pode haver alta nos valores quando os estoques forem repostos, dependendo do custo da dose do fornecedor.

O fornecedor da vacina contra a febre amarela para clínicas particulares é o laboratório Sanofi Pasteur, que produz as doses fora do Brasil. Em nota, a Sanofi diz que "tem recebido um aumento inesperado de demanda" e que está buscando alternativas para suprir a procura no país. 

Segundo a Sanofi, houve em 2017 um aumento de 300% na disponibilização de doses em comparação com o ano anterior. O laboratório informou que a produção de vacinas no exterior "pode sofrer com restrição na capacidade de produção e distribuição" e que para o processo de importação devem ser cumpridas "diversas regras sanitárias que exigem tempo".

Em Minas Gerais, a reportagem do UOL encontrou a vacina em unidades da clínica Hermes Pardini. Contudo, a central de atendimento ao cliente informa que há poucas doses disponíveis e que quem quiser se vacinar deve entrar em contato antes de se dirigir a uma unidade para verificar se ainda há vacina.

No Rio de Janeiro, a clínica Vaccini informa que a maioria de suas unidades ainda está abastecida com a vacina contra a febre amarela. Contudo, diz que a procura pela imunização aumentou muito na última semana, que há dificuldades para reposição do estoque e risco de se esgotarem as doses.

Segundo o grupo Dasa, que possui laboratórios em diversos Estados do país, a falta de estoque se estende a todas as suas unidades. "A situação deve se normalizar em breve, mas não é possível estabelecer um prazo para tal", afirma o grupo.

"Todos os clientes estão sendo orientados a retomar semanalmente o contato com os laboratórios para confirmar a disponibilidade da vacina", diz o Dasa, que administra também o Delboni e o Lavoisier. Para o grupo Fleury, a decisão de não ofertar a imunização "é amparada no fato da vacina contra febre amarela também estar disponível no serviço público, em uma rede com maior capilaridade de atendimento".

São Paulo, Rio e Minas têm mortes por doença

O número de mortes por infecção por febre amarela confirmadas no Estado de São Paulo de 2017 até o momento subiu para 21, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. O último registro era de 13 óbitos. Também houve aumento nos casos autóctones (infecções contraídas dentro do Estado de São Paulo), que passou de 29 para 40.

Em Minas Gerais ocorreram seis mortes por febre amarela. O balanço da Secretaria de Estado de Saúde considera registros a partir de julho de 2017. Dos sete casos confirmados da doença no período, em apenas um o paciente foi curado. Entre as mortes, três ocorreram em Nova Lima e Brumadinho, municípios da região metropolitana de Belo Horizonte.

A primeira morte do ano por febre amarela no Rio de Janeiro foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde. A vítima morava em Teresópolis, na região serrana. Também foi relatado um outro caso da doença, em Valença (a 158 km da capital), cuja vítima está internada. A pasta, no entanto, não detalhou o estado de saúde dela. 

*Colaborou Larissa Leiros Baroni