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Coronavírus: Embarcação de risco precisa de autorização chegando ao Brasil

24.jan.2020 - Médicos atendem paciente infectado pelo coronavírus no hospital Zhongnan, em Wuhan, na China - Xinhua/Xiong Qi
24.jan.2020 - Médicos atendem paciente infectado pelo coronavírus no hospital Zhongnan, em Wuhan, na China Imagem: Xinhua/Xiong Qi

Do UOL, em São Paulo

27/01/2020 17h19

Resumo da notícia

  • OMS retificou e passou a classificar o coronavírus como "alto risco global"
  • Doença começou na China e já deixou dezenas de mortos
  • Anvisa anunciou medidas para evitar contágio no Brasil
  • Não há nenhum caso aqui até o momento

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou hoje em coletiva, após a OMS classificar o risco do coronavírus de "moderado" para "alto", que todos os servidores trabalhando em portos, aeroportos e fronteiras estão treinados para caso um suspeito com a doença entre no Brasil.

Marcus Miranda, gerente-geral de portos e aeroportos, afirmou que todas as embarcações provenientes de áreas de risco que venham a um porto brasileiro devem informar, até com 72 horas de antecedência, a situação na qual se encontra.

"É uma declaração marítima de saúde. Com base nos sinais e sintomas, relatados pelo Ministério da Saúde, a embarcação passa a ser suspeita e a gente coloca em quarentena. E a gente sobe a bordo caso haja a necessidade de ter um tratamento pelo país para evitar que o vírus entre", explicou.

No caso dos aeroportos, o próprio comandante da aeronave deve avisar a central do controle, caso haja um passageiro suspeito de ter o vírus, e então a Anvisa poderá ser chamada para cuidar da situação.

Hoje, a China informou que o número de mortos pelo coronavírus subiu para 81 no país. A doença levou o presidente chinês, Xi Jinping, a declarar que o país vive uma "situação grave" e causou o cancelamento das festas do Ano Novo Lunar em diversas cidades.

O Canadá divulgou ontem o primeiro registro de coronavírus no país. Além da China e do Canadá, outros 11 países confirmaram casos de contágio: Malásia, Austrália, Tailândia, Vietnã, Singapura, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Nepal, França e Estados Unidos.

Coronavírus liga alerta pelo mundo

Veja perguntas e respostas sobre o coronavírus:

Por que esse nome?

"A família do corona recebe esse nome porque tem um envelope com proteínas que parece uma coroa. É uma família porque existem várias espécies dentro dela que infecta humanos e animais", explica a infectologista e professora na Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Nancy Bellei.

Como se transmite o coronavírus?

"O coronavírus é semelhante ao vírus da gripe porque infecta animais, que transmitem o vírus ao ser humano", explica a médica infectologista Joana D'arc Gonçalves da Silva. "Em seguida, a infecção é de pessoa para pessoa por meio da secreção, tosse, ar e objetos contaminados."

Ela explica que essa nova cepa "pode ser mais agressiva" porque o vírus ainda está se adequando ao organismo humano. "Isso é muito complicado para o tratamento e para a criação de uma vacina."

O vírus chegará ao Brasil?

Para Joana, o mundo globalizado permite que o vírus chegue ao Brasil. "Quem mora aqui chega a outro continente no mesmo dia", afirma. "Se precisar viajar à China, é preciso evitar a cidade foco e sempre usar máscaras. Os governos devem monitorar as pessoas com quem o infectado entrou em contato. Isso é difícil porque muita gente viaja."

Nancy lembra que o aeroporto de São Paulo recebe dezenas de milhares de estrangeiros. "Temos também os portos recebendo mercadorias de navios chineses", diz. "São passageiros que fazem conexões da Ásia, comissários que ficam em hotéis com outros comissários."

O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde afirma que ainda não há nenhum caso suspeito no Brasil. A pasta enviou comunicado à Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) em portos e aeroportos para que viajantes sejam orientados sobre os cuidados em viagens ao exterior, principalmente nos aeroportos com conexões para a China.

As secretarias de Saúde de estados e municípios também foram notificados pelo ministério.

O que causa o coronavírus?

A nova cepa provavelmente chegou aos humanos por meio de algum animal selvagem, como aconteceu à Sars, transmitida pelo gato-de-algália.

As principais suspeitas recaem sobre morcegos, coelhos, cobras, galinhas e até mamíferos aquáticos. Esses animais são comercializados vivos em um mercado público de Wuhan, de onde as autoridades desconfiam que o vírus tenha saído.

Joana diz que encontrar o animal transmissor "é importante por questões epidemiológicas". "Conhecer o animal é importante para fazer a vigilância ambiental na natureza, em zoológicos e onde as pessoas manipulam alimentos", afirma.

Como se prevenir da infecção pelo coronavírus?

"Geralmente o contato entre pessoas é a forma mais frequente de transmissão", diz Joana. "É comum a gente tocar a boca, o nariz e depois cumprimentar as pessoas."

Por isso, algumas dicas são:

  1. Não entrar em contato com quem sofre de infecções respiratórias
  2. Evitar contato com animais selvagens ou doentes
  3. Lavar as mãos frequentemente -- você pode ter entrado em contato com doentes sem saber
  4. Use álcool gel para limpar a superfície dos móveis e objetos

Como se cuidar em caso de infecção?

Joana recomenda o uso de máscaras cirúrgicas e sua troca a cada duas horas. "Quando tossir ou espirrar, use um papel e o descarte em seguida. As mãos não impedem a dispersão do vírus e o lenço de pano por ser reutilizável", afirma Joana. Ela também pede que o paciente se recolha para evitar contágio e procure ajuda médica.

Segundo a professora da Unifesp, ainda não há um tratamento para a doença, "assim como o resfriado comum também não tem". "Para os pacientes graves, se faz tratamento de suporte: hospitalização, oferta de oxigiênio e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com ventilação mecânica até que o organismo se livre do vírus. É como a gente faz com a dengue. O importante é procurar rapidamente o sistema de saúde."

Onde surgiu o vírus?

O vírus foi identificado pela primeira vez em Wuhan, uma cidade chinesa com 11 milhões de habitantes. Até agora, 400 pessoas foram infectadas, segundo o último boletim divulgado pelas autoridades chinesas.