Falta de verba atrapalhou planos para vacina contra coronavírus em 2016
Em 2016, a equipe comandada pelo pesquisador Peter Hotez anunciou ter desenvolvido uma vacina para a Síndrome respiratória aguda grave (Sars), doença causada por um tipo de coronavírus. No entanto, por falta de financiamento, ela não foi testada em humanos e acabou engavetada.
"Tentamos de tudo para ver se conseguiríamos investidores ou subsídios", explicou Hotez, diretor adjunto do Centro de Desenvolvimento de Vacinas do Hospital Infantil do Texas e reitor da Escola Nacional de Medicina Tropical — entidade vinculada à Faculdade de Medicina Baylor, de Houston — ao site da NBC. "Mas não conseguimos gerar interesse suficiente."
A Sars, a exemplo da Síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers) e do covid-19, são doenças causadas por tipos de coronavírus. No caso do covid-19, o contágio é causado pelo coronavírus da Síndrome respiratória aguda grave 2 (Sars-CoV-2).
Por isso, no caso da epidemia descoberta na China no fim de 2019, Hotez lamenta a oportunidade perdida com a vacina de 2016. Segundo a NBC, o fruto de sua pesquisa está hoje "em um freezer, não mais próximo da produção comercial do que estava há quatro anos".
"Poderíamos ter isso prontos para testar a eficácia da vacina no início deste novo surto na China", explicou o cientista, que acredita que sua pesquisa poderia oferecer proteção também contra a doença do novo tipo de coronavírus. "Há um problema com o ecossistema de desenvolvimento de vacinas, e precisamos corrigir isso", analisou.
Hotez esteve ontem no Congresso dos Estados Unidos como testemunha do Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia da casa. E defendeu que o novo coronavírus pode provocar mudanças no financiamento público de vacinas.
"É uma tragédia que não tenhamos uma vacina pronta para esta epidemia", argumentou o pesquisador. "Falando de maneira prática, estamos enfrentando esses surtos com uma mão presa às costas."
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