Sem microfone: autoridades mudam entrevista à imprensa após coronavírus
Autoridades de órgãos federais, estaduais e municipais anunciaram mudanças na estratégia de comunicação com a imprensa após críticas à estrutura oferecida em entrevistas coletivas durante a crise provocada pelo coronavírus.
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), afirmou que não realizará mais entrevistas presenciais após jornalistas se manifestarem contra os moldes da coletiva de imprensa concedida ontem. Além de não haver assentos distanciados entre os repórteres —o que causava aglomeração— um único microfone era compartilhado por todos os profissionais e não havia local adequado para higienização das mãos.
"Se fracassarmos nisso [enfrentamento ao coronavírus], fracassaremos como sociedade. O Rio tem a oportunidade de dar um grande exemplo à humanidade. Evitem aglomerações", disse Crivella antes de ser questionado quanto ao porquê de a coletiva, montada pelo seu gabinete de crise, não seguir as recomendações que ele mesmo estava dando.
"Essa é a última vez que nos reunimos pessoalmente para falar sobre o coronavírus. Os próximos balanços serão através da internet", concluiu.
Presidência pede que jornalistas evitem Palácio
A Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência da República também pediu para que jornalistas passem a evitar o Palácio do Planalto, em Brasília. A medida foi tomada um dia após uma entrevista coletiva em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus ministros usavam máscaras, enquanto jornalistas não tinham acomodações adequadas em meio à pandemia.
"Pedimos a compreensão de todos para que evitem cumprir expediente no Comitê de Imprensa do Planalto", informou a assessoria do órgão. O comitê é o local onde os jornalistas de diversos veículos de comunicação ficam baseados para facilitar sua locomoção para cerimônias na Presidência, entrevistas e conversas com autoridades, assessores e servidores.
"O local estará aberto apenas para apoio excepcional, com horário reduzido, sendo das 11h às 17h, de segunda a sexta-feira", continuou a Secom. Para os próximos dias, não há previsão de cerimônias e atividades presenciais no edifício.
Os briefings, breves conversas do porta-voz Otávio Rego Barros com repórteres, passarão a ser feitos por meio de transmissão ao vivo pela televisão, com o envio de perguntas feito previamente por correio eletrônico.
Até mesmo a reunião do comitê de crise do coronavírus, que acontece todos os dias às 10h, é feita de forma diferenciada. Parte dos ministros se encontra presencialmente no Palácio. Outra parte participa da reunião por meio de videoconferência. Na entrevista coletiva de ontem, alguns jornalistas chegaram a, preventivamente, participar do evento com máscaras.
Ao iniciar a entrevista, Bolsonaro e seus ministros apareceram todos de máscara. Os repórteres questionaram se algum deles possuía sintomas ou estava doente. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), afirmou que não, mas que eles usavam máscaras porque dois ministros foram diagnosticado com a covid-19 —Augusto Heleno (Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Repositórios com álcool em gel no Palácio chegaram a ficar esvaziados, mas os banheiros continuavam com água e sabão para quem quisesse lavar as mãos.
Ministério da Saúde também mudou estratégia
O Ministério da Saúde, que desde o começo da crise passou a fazer entrevistas coletivas com a imprensa, adotou mais cautela nesta semana a fim de restringir o contato entre as pessoas.
Na segunda-feira (16), foi reservada uma cadeira vazia entre os jornalistas que acompanharam a coletiva do auditório do Ministério. E, desde a terça-feira (17), as entrevistas e apresentação da situação nacional dos casos têm sido feitas por meio de transmissão pelo YouTube, na página do ministério, com os jornalistas enviando perguntas por WhatsApp.
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