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Coronavírus: sobe para 57 nº de mortos no Brasil; 2.433 casos confirmados

Do UOL, em São Paulo

25/03/2020 16h58

Resumo da notícia

  • O Ministério da Saúde anunciou hoje que subiu para 57 o número de mortes devido ao novo coronavírus no Brasil
  • Ontem, as autoridades contavam 46 vítimas. Ao todo, são 2.433 casos oficiais confirmados no país
  • Os dados mais recentes indicam as primeiras mortes nos estados de Pernambuco, Amazonas e Rio Grande do Sul
  • Com 48 mortes, São Paulo segue como o estado com o maior número de óbitos, seguido pelo Rio de Janeiro, com 6

O Ministério da Saúde anunciou hoje, em coletiva de imprensa, que subiu para 57 o número de mortes devido ao novo coronavírus no Brasil — ontem, as autoridades contavam 46 vítimas. Ao todo, são 2.433 casos oficiais confirmados no país.

Houve uma redução no ritmo de mortes, embora o período para comparação seja pequeno. De ontem para hoje, o crescimento foi de 23% (subiu de 46 para 57 o número de óbitos). De segunda para terça, esse aumento fora de 35% (de 34 para 46 mortos), e de domingo para segunda, de 36% (de 25 para 34 mortos), de acordo com os dados oficiais do ministério.

Também houve uma pequena queda no ritmo de casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus. De ontem para hoje, o aumento foi de cerca de 10% (de 2.201 casos para 2.433); de segunda para terça, esse crescimento foi de 16% (de 1.891 casos para 2.201).

"Os números estão crescendo num ritmo aproximadamente igual ao dos últimos dias", explicou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a respeito da taxa de letalidade do coronavírus no país, de 2,4%.

O ministério pretende divulgar, ainda nesta semana, um balanço dos primeiros 30 dias sobre o vírus no país.

O vírus já infectou mais de 350 mil pessoas em todo mundo e matou mais de 16 mil em 170 países, segundo dados desta semana da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por estados

Os dados mais recentes apresentados indicam as primeiras três mortes fora dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro: Amazonas, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Com 48 mortes, São Paulo ainda segue como o estado com o maior número de mortes por decorrência da covid-19, seguido do Rio de Janeiro, com 6, segundo dados do Ministério da Saúde.

Ministro "espantado" com casos no Acre

A entrevista coletiva contou com a presença do ministro Mandetta, um dia após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticar medidas de isolamento recomendadas pela pasta. Na coletiva também estavam João Gabbardo (secretário-executivo do Ministério da Saúde), Wanderson de Oliveira (secretário de Vigilância em Saúde) e Denizar Vianna (secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos).

O ministro da Saúde destacou os primeiros óbitos na região Norte e na região Nordeste e se disse "espantado" com a quantidade de casos no Acre (23 casos confirmados) e no Ceará (200 casos): "O Ceará tem um excelente serviço de saúde de atenção primária, alta capilaridade de vigilância, temos que ver se é a vigilância muito sensível, conseguindo triar mais casos, ou se é algo diferente dos outros."

Aumento dos casos

Mandetta explicou que, com o aumento da quantidade de exames, vai ser possível "reduzir" o percentual de letalidade pelo aumento de casos confirmados porque, por ora, sabe-se a causa de morte dos pacientes, mas não se tem uma quantidade tão precisa de casos pois os exames não são aplicados em todos os suspeitos, e sim nos mais graves.

"Quando fizemos testes rápidos, esse número de confirmados vai aumentar muito, vai lá para cima, e o número de óbitos sempre vai ser absoluto porque saberemos a causa da morte. A letalidade ficará menor que 2,4%, vai ser mais um elemento para que a própria população possa entender a dinâmica da virose em nossa sociedade. Nós temos o número, a meu ver, dentro do que é esperado para esse mês, mas vamos trabalhar no fim de semana para saber as projeções para o próximo."

quare - DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Ruas de São Paulo após determinação de quarentena
Imagem: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Fim da quarentena

João Gabbardo afirmou que o ministério ainda não estabeleceu nenhum prazo para o término das quarentenas. "Vamos nos reunir através de videoconferência com todos os 27 secretários estaduais e um número considerável de secretários municipais, tentar (determinar) sempre de acordo com o que acontece em cada local".

O secretário-executivo da pasta também declarou, a respeito das críticas do presidente Jair Bolsonaro sobre o isolamento, que ainda se estudam as "possibilidades".

"O presidente tem o direito de pedir ao ministro que avalie uma situação. Vamos continuar estudando essas possibilidades (de manter ou não a quarentena), que vão ser implementadas se nosso corpo técnico achar que é o melhor caminho para as situações", disse.

Auxílio a municípios

Mandetta anunciou repasses de R$ 600 milhões para os municípios como auxílio no combate ao coronavírus. Cada secretário de saúde municipal deve buscar os repasses junto das secretarias estaduais. Os valores serão enviados de forma proporcional ao tamanho e população de cada estado.

"Lá a divisão deve seguir a lógica. Temos que cada estado vai fazer rapidamente a sua divisão, de como fazer a locação e dentro das orientações que apontarem os municípios com atendimentos de maior complexidade."

Compra de máscaras e respiradores

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Produção de máscaras na China
Imagem: Liang Xiaopeng/Xinhua

A pasta anunciou que 40 milhões de máscaras para proteção foram adquiridas e que 240 milhões estão " em processo de aquisição". Das entregas realizadas, 2 milhões já foram distribuídas, 8 milhões ainda estão em distribuição, seja por meios aéreos ou terrestres. Mandetta explicou que, diante do cancelamento de muitos voos, diversas entregas tiveram de ser feitas por caminhões — o que demanda maior tempo.

O ministério já abriu licitação para adquirir 540 respiradores, dos quais 200 já foram entregues para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Além disso, aguarda a chegada de respiradores importados da China, cujo prazo de entrega é em até 10 dias. Já a produção local de novos respiradores deve ser feita a cada 30 dias.

"O planeta Terra inteiro continua comprando máscaras, respiradores, aparelhos dessa parte hospitalar. É importantíssimo que façamos bom uso do sistema de saúde, racional, que possamos prevenir essas doenças que concorrem com leitos de CTI", afirmou o ministro.

Mandetta citou o Influenza e o H1N1 como exemplos de infecções que "levam mais pessoas para dentro do CTI do que o corona". Ele reforçou a antecipação das campanhas de vacinação para gripe como forma de auxiliar na liberação de leitos que poderiam ser ocupados por possíveis alvos da doença e ironizou grupos anti-vacina: "Entro nos sites deles e vejo que eles estão quietos."

A respeito de ventiladores utilizados em UTIs, a Saúde afirmou estar investindo em impressoras 3D que permitem fabricar, de forma rápida, peças que se desgastam com facilidade em razão do uso contínuo.

Gabbardo anunciou que a pasta prevê um acréscimo de 30% no número de leitos, algo que representa cerca de 15 mil novos leitos de UTI para o combate ao coronavírus.

Aulas suspensas

A pasta foi questionada se aulas continuariam suspensas e se não se considera que as escolas, ainda que apresentem pessoas em faixas etárias que não integram grupos de risco, apresentam aglomerações — algo a ser evitado, segundo recomendação do próprio ministério.

O secretário Wanderson de Oliveira concordou que diversos alunos juntos, num mesmo espaço, representam "área de concentração", mas não respondeu diretamente a respeito da suspensão.

"A questão das escolas, apresentamos em oportunidade, alguns dias atras, várias alternativas. O MEC faz parte do centro de operação, e a gente está estudando as possibilidades. É uma área de concentração", declarou.