Coronavírus: Pesquisadores têm dificuldade para acessar dados do governo
Resumo da notícia
- Universidades brasileiras que estudam o novo coronavírus têm tido dificuldades para acessar dados do governo federal
- Desde o início da pandemia, foram formados grupos de estudos de epidemiologistas, infectologistas, estatísticos e biólogos
- Essas informações são essenciais para traçar levantamentos que mostrem quais fatias da população vêm sendo mais atingidas
- O Ministério da Saúde promete regularizar a situação a partir de hoje e divulgar dados consolidados sobre os infectados
Grupos de pesquisadores de universidades brasileiras que estudam o novo coronavírus têm tido dificuldades para acesso a dados do governo federal, por problemas no Ministério da Saúde. Os dados de infectados são utilizados para pesquisas, com o objetivo de identificar tendências da propagação da doença no país, o que ajuda a traçar estratégias para combater a covid-19. A pasta do governo promete regularizar a situação a partir de hoje e divulgar dados consolidados.
Desde o início da pandemia do coronavírus, foram formados grupos de estudos de epidemiologistas, infectologistas, estatísticos e biólogos em universidades para pesquisar sobre o tema no país. Estão envolvidos na análise do vírus, em diferentes estudos, instituições como a UFRJ, USP, Unesp, Unicamp, UFBA, Universidade de Viçosa, UNB, entre outras. Há interações entre as pesquisas em uma rede, para evitar contraposições.
Até a semana passada, os pesquisadores vinham tendo acesso aos dados diários detalhados do Ministério da Saúde sobre os infectados. Entre essas informações estão idade, gênero, data da hospitalização, município, comorbidade (doenças prévias que predispõem o paciente a agravar o caso), evolução do caso a óbito ou não, interação com outras pessoas, testes para outros vírus como Influenza. Os dados são anônimos, sem constar os nomes das pessoas, isto é, respeitam a privacidade dos doentes.
Essas informações são essenciais para traçar levantamentos que mostrem quais fatias da população vêm sendo mais atingidas, ou para estudar a velocidade da progressão da doença, entre outros pontos. Para se ter ideia da importância desse tipo de prática, pesquisas de especialistas britânicos a partir de dados da China e da Itália levaram a mudanças nas políticas públicas de confinamento no Reino Unido, que se tornaram mais rígidas.
Como os dados chegam aos pesquisadores
No Brasil, essas informações são entregues de duas formas: há a plataforma IVIS, no site do Ministério da Saúde, e os dados brutos são repassados aos pesquisadores.
No final de semana, o sistema caiu e estava inoperante até o final da noite de ontem. A pasta do governo promete resolver a falha e disponibilizar as informações hoje.
Além disso, dois pesquisadores ouvidos pelo UOL, que não quiseram se identificar por medo de represálias, disseram que, nesta semana, começaram a ter dificuldades para receber os dados do Ministério da Saúde. Cada entrega de relatório era negociada e demorava para chegar às mãos dos responsáveis pelos estudos. O problema afetava todas as universidades, segundo os pesquisadores.
Essas são as informações mais importantes para pesquisa, porque têm maior quantidade de detalhes sobre pacientes, em comparação com o que fica disponível na plataforma IVIS. Ontem, o Ministério da Saúde cumpriu o combinado com os pesquisadores e entregou, ao final da tarde, o relatório completo, com dados atualizados sobre infectados por coronavírus.
Mudanças no ministério
Houve modificação nos quadros da pasta da saúde durante esta semana, com a saída de Julio Croda do departamento de imunizações e doenças transmissíveis. Segundo o jornal "O Globo", isso ocorreu por divergências entre ele e o titular da secretaria de vigilância e saúde, Wanderson de Oliveira.
Questionado pelo UOL, o Ministério da Saúde informou que está consolidando dados sobre o coronavírus e prometeu reestabelecer a plataforma IVIS nesta quinta-feira:
"O Ministério da Saúde está reestruturando a Plataforma IVIS para deixar os dados ainda mais transparentes. Nesta quinta-feira, a ferramenta poderá ser acessada novamente. Cabe ressaltar que os dados referentes ao coronavírus estão sendo consolidadas e tão logo sejam concluídos serão divulgados pela pasta."
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