Relatório assinado por Mandetta reforça importância de isolamento social
Resumo da notícia
- Um artigo de membros do Ministério da Saúde e especialistas de universidades reforça a necessidade de se manter o isolamento social
- O estudo, que conta com a assinatura do ministro Mandetta, prevê o aumento de casos de covid-19 nos próximos meses no Brasil
- O documento diz que experiências anteriores com outros surtos, como o de H1N1 e de Zika, deixaram um legado ao sistema de saúde
Um artigo assinado por membros do Ministério da Saúde, incluindo o ministro Luiz Henrique Mandetta, e especialistas de diversas universidades reforça a necessidade de se manter o isolamento social, para a contenção do novo coronavírus, e prevê o aumento de casos nos próximos meses no Brasil.
O relatório técnico publicado hoje na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical diz que, apesar dos esforços no país para conter a proliferação da doença, com foco no isolamento social, "um aumento nos casos de covid-19 é esperado nos próximos meses".
"Vários modelos matemáticos mostraram que o vírus estará circulando potencialmente até meados de setembro, com um pico importante de casos em abril e maio", diz o documento. Segundo o relatório, a preocupação é com a disponibilidade de leitos e insumos para os pacientes em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), além da necessidade de mais testes para a população.
Com isso, o artigo reforça a importância do isolamento social logo no início da epidemia. "O isolamento social é uma medida que deve ser sugerida precocemente, a fim de achatar a curva epidemiológica com o menor impacto econômico possível."
"Se o distanciamento social for efetivo limitando o acesso do público apenas aos serviços essenciais, o impacto econômico poderá ser mitigado enquanto a atual epidemia de covid-19 for controlada", finaliza.
Legados de H1N1 e Zika
O documento ressalta que o Brasil tem adotado medidas para lidar com a doença mesmo antes do primeiro caso de contaminação no país e que, após o caso, o Brasil tem seguido as recomendações da OMS e evidências científicas recentes geradas pela China e Itália.
Diz ainda que experiências anteriores com outros surtos, como o de H1N1 em 2009 e de Zika em 2015, deixaram um legado sobre como o sistema de saúde deve lidar com epidemias.
O isolamento social tem sido o principal ponto de atrito entre o ministro da saúde e o presidente Jair Bolsonaro. Enquanto Bolsonaro defende que o isolamento deveria ser aplicado apenas aos pacientes contaminados e às pessoas no grupo de risco para evitar o colapso econômico, Mandetta segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde de sugerir isolamento para todos.
Ontem o ministro se viu ameaçado no cargo e sua demissão chegou a ser especulada. Mas, em entrevista coletiva no mesmo dia, Mandetta disse que permaneceria no cargo e que "médico não abandona paciente".
No domingo, Bolsonaro sugeriu que poderia demitir alguém de seu governo, pois havia gente virando "estrela". Em outro momento, Bolsonaro disse que faltava humildade ao ministro.
O artigo publicado hoje foi submetido à Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical no dia 2 de abril, ou seja, antes do último atrito com o presidente. Porém, durante a coletiva, o ministro voltou a defender o isolamento e decisões pautadas apenas na ciência.
Além de Mandetta, assinam o artigo o secretário de vigilância em saúde Wanderson Kleber de Oliveira e cientistas da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Fiocruz e da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado.
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