Brasileiro vai à China e fica 14 dias preso em hotel: 'Quarentena é séria'
Resumo da notícia
- Brasileiro que vive em Xangai chegou à China pouco antes do fechamento das fronteiras aéreas
- Foi mandado para quarto de hotel, de onde só saiu 14 dias depois, quando exame deu resultado negativo para covi-19
- País asiático tenta conter segunda onda de contágios provocada por casos "importados" da doença
- Tarja laranja em aplicativo de mensagens do empresário indicava que ele estava em situação suspeita; cor mudou para verde assim que ele foi liberado
"Confesso que no segundo dia bateu um desespero, eu só queria ir embora", afirma o empresário brasileiro Felipe Ferraz, de 40 anos, sobre os 14 dias em que ficou isolado em um quarto de hotel em Xangai, na China, onde vive com a mulher.
Sem saber o que o aguardava ele chegou à cidade chinesa no dia 26 de março em um dos últimos voos antes de o país asiático decretar o fechamento das fronteiras aéreas para estrangeiros e não residentes. Foi mandado direto para um hotel, onde passou 14 dias isolado sem poder sair nem no corredor.
"Quarentena aqui é coisa séria", disse Ferraz, que conversou com o UOL após de receber o diagnóstico de que não tem a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Ele foi liberado da quarentena, na terça-feira (7). "Quando decolei não havia essa regra, mas quando pousei, sim. Minha mulher, que chegou uns dias antes, desembarcou e foi para casa sem restrições."
A China tenta conter uma segunda onda de contágio pelo coronavírus, trazida por viajantes do exterior. O país asiático, onde começou o surto que tornou-se pandemia, praticamente conseguiu zerar a transmissão local.
O número de infectados tem caído, e o de mortes também. Dos 62 novos casos registrados na quarta-feira (8), 59 eram de pessoas vindas do exterior. No mesmo dia, morreram apenas duas pessoas de covid-19 no país, uma em Xangai e outra em Wuhan, onde a pandemia começou.
Após mais de três meses, o governo chinês suspendeu a quarentena obrigatória na cidade.
O número total oficial de pessoas infectadas pelo coronavírus na China desde o início da pandemia até quarentena é de 81.802, das quais 3.333 morreram, e 77.279 foram curadas da doença.
Controle total
Ferraz conta que assim como todos em seu voo, após ter a temperatura medida diversas vezes, seguiu do aeroporto diretamente para um hotel designado pelo governo chinês. Lá, foi recebido por funcionários com macacões, máscaras N95 e outros equipamentos de segurança contra a covid-19.
"Recebi uma espécie de cesta básica com produtos de limpeza, higiene, alguns alimentos, e fui direto pro quarto. Foi isso. Saí só 14 dias depois", afirma.
"O meu WeChat [aplicativo semelhante ao WhatsApp que integra outras funcionalidades como pagamentos, muito popular na China] tinha uma tarja laranja indicando que eu estava em situação suspeita. Quando saiu o negativo no exame, na hora ele ficou verde. É impressionante o controle tecnológico que eles conseguem fazer e cruzar isso tudo, e acho que por isso estão conseguindo debelar a infecção", diz Ferraz.
Ele conta que quem está infectado pelo novo coronavírus ganha uma tarja vermelha no aplicativo, o que a impede de deixar o isolamento ou o hospital, em casos mais graves.
"Além disso, cada distrito de Xangai tem regras próprias. Tem lugar que só aceita gente com a tarja verde no celular, se estiver infectado tem que ir fazer o isolamento em outro lugar, enfim, tem muitas regras e todo mundo respeita", diz.
Medição de temperatura
Durante a quarentena no hotel, ele recebia três refeições por dia, e era supervisionado por uma equipe médica responsável pelos quarentenados. "Mediam nossa temperatura e desinfetavam os corredores várias vezes por dia", diz o empresário.
Tinha uma TV, só com canais chineses, sinal de internet e seu celular. A estada custa US$ 40 dólares por dia, e é paga por todos os viajantes submetidos à quarentena — o valor é tabelado pelo governo para todos os hotéis.
A mulher podia levar alimentos e outros itens pessoais e deixá-los na recepção, mas como o hotel escolhido para ele ficava a mais de uma hora de viagem de carro, ela foi poucas vezes.
Na China há dez anos
Ferraz vive com a mulher na China há dez anos. Após um período de cerca de um ano no Brasil, decidiram voltar para lá. Ele diz que estranharam a falta de segurança no Brasil.
"Viver na China é viver no primeiro mundo: o transporte público e a segurança funcionam, as oportunidades profissionais são vastas, o povo é educado, a tecnologia é de ponta", afirma.
Ferraz diz que não está com medo do coronavírus lá na China. "Entre a bagunça do Brasil e a organização e disciplina daqui, com certeza estamos mais seguros aqui."
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