Mourão minimiza atos que pedem fim da quarentena: 'É o isolamento zona sul'

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, concedeu uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na qual minimizou os atos que pedem o fim da quarentena. Ele citou as diferenças sociais no Rio de Janeiro, que tem a zona sul com população de maior renda na cidade, para dizer que a insatisfação se resumiu a quem está "incomodado por estar com a vida compactada".

"O que ocorre é que as pessoas estão há um mês confinadas. Claro que as pessoas que foram fazer carreata é o isolamento zona sul, com salário não afetado, que recebe comida por delivery em seus melhores restaurantes. Essa turma está incomodada por estar com a vida compactada. Executaram o seu direito de manifestar. Foram bem pouco expressivas. Não vejo a minha vizinha do Pavãozinho protestar por estar confinada", disse.

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Hamilton Mourão ainda defendeu o "isolamento inteligente" e disse que o presidente Jair Bolsonaro tem o direito de fazer ponderações que vão além da questão sanitárias.

"Desde o começo tem a questão que fica de isolamento vertical ou horizontal. O que temos que buscar em todos os momentos é um isolamento inteligente. Esse não é um tema que é colocado. Óbvio que para ter precisamos de uma testagem maior para definir onde há risco e onde ele é menor. O papel do presidente nisso aí, ele tem chamado atenção. Temos que olhar muito mais para as ações do que palavras", disse.

"Ao longo do governo Bolsonaro, muita coisa tem sido colocada já como se fosse algo a ser executado, fruto de palavras do presidente. E aí você pode criticar e dizer: 'o presidente não pode dizer isso'. Ele tem o direito de apresentar isso aí, por isso concorreu. As atitudes concretas dele não são de romper as barreiras que estão colocadas no presente momento, ele apresenta as ponderações dele. Eu não faço críticas públicas ao presidente porque seria deslealdade a toda prova. Caso ele me pergunte, eu apresento a ele o que penso da melhor forma", completou.

Economia

Mourão também deu suas impressões de como o governo deve reagir á situação econômica do país após a pandemia.

"Eu sempre tento colocar que precisamos buscar o equilíbrio. A curva da doença, que precisamos permitir que o sistema de saúde possa tratar os casos graves. Infelizmente, ocorrem os óbitos, a imensa maioria fruto de comorbidades que as pessoas já tinham. Temos a curva do PIB, que temos que buscar manter essa curva no nível mais aceitável possível, e a curva do emprego. Num país onde grande parte está na informalidade, essa é a preocupação maior do presidente. Ele conhece esse grupo social, ele viveu no subúrbio do Rio de Janeiro, onde a atividade informal é algo normal. Vamos fazer uma reunião hoje à tarde para apresentar as medidas que vemos para retomar as atividades de uma forma mais forte assim que considerarmos que o pico da pandemia passou. Temos que estar preparados para o "day after". Na minha visão, o Estado terá papel preponderante. Teremos que gastar mais recursos, investir mais, nos endividar mais. A construção civil, as obras serão importantes para empregar essa massa e dê um empurrão para que nossa economia volte a funcionar em uma velocidade maior", disse.