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Covid-19: 'Sistema está sendo pressionado e vai ser ainda mais', diz Uip

Médico e infectologista David Uip - FLAVIO CORVELLO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Médico e infectologista David Uip Imagem: FLAVIO CORVELLO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

17/04/2020 09h06

O infectologista David Uip, chefe do Centro de Contingência ao coronavírus em São Paulo, disse hoje que o sistema de saúde está sendo pressionado e será ainda mais nos próximos dias.

A maior parte das notificações do Brasil está no estado, que concentra 11.568 casos confirmados e 853 mortes. Uip explicou que os hospitais de campanha servem para o atendimento de doentes leves. Caso a situação se agrave, o doente precisa ser encaminhado para um hospital de alta complexidade.

"O Hospital das Clínicas está com índice de ocupação de mais ou menos 75%. Esse é um sistema que está sendo pressionado e vai ser pressionado ainda mais", afirmou em entrevista ao Bom Dia São Paulo, da TV Globo.

Questionado se há um risco claro de falta de leitos, o médico disse que essa preocupação é "diária" e que o trabalho é para que as pessoas sejam atendidas da melhor forma.

Uip novamente exaltou a importância do distanciamento social, dizendo que a população precisa estar convencida de que a medida é fundamental. "Quanto maior for o confinamento, menor o impacto no sistema de saúde, principalmente o público, que já está sofrendo", argumentou.

Segundo ele, as curvas de ascensão estão "dentro do esperado" e o distanciamento social implementado ajudou a achatar a curva num primeiro momento. "Esperamos que o pico aconteça mas que não seja o Everest, e sim uma montanha", disse.

Uip disse que o pico da covid-19 acontecerá em maio, mas não soube precisar em que semana. O percentual de isolamento social no estado foi de 50% ontem, número que, segundo ele, interfere na curva. A adesão ideal para controlar a disseminação é de 70%.

Perguntado sobre a expectativa em relação ao número de casos, o infectologista diz que tem vários cenários. "O cenário é 1% da população do estado de São Paulo, que são 450 mil infectados."

Segundo ele, acima de 80% serão assintomáticos e nem precisarão procurar os serviços de saúde, 20% precisarão ser atendidos e 5% precisão de UTI. "Com esses números planejamos a necessidade de leitos", explicou.