Entregadores protestam contra redução de valor pago por aplicativos em SP
Resumo da notícia
- Entregadores de aplicativos de delivery protestam na avenida Paulista
- Os trabalhadores queixam-se de má remuneração e falta de equipamentos de proteção
- Justiça já mandou Uber entregar proteção; iFood e Rappi devem assistir aqueles que ficarem doentes
- O iFood informa que não houve alteração na política de remuneração. Uber não se pronunciou a respeito
Entregadores da cidade de São Paulo que utilizam moto, bicicleta e patinete durante o trabalho fizeram uma manifestação na avenida Paulista, em protesto contra a remuneração recebida dos aplicativos de entrega, em tempos de pandemia da covid-19.
Eles reclamam que antes havia promoções que aumentavam o valor do frete, porém agora não há mais esse bônus, num momento em que seria ainda mais necessário, pois eles enfrentam um risco maior, em decorrência do novo coronavírus. Esses profissionais ganham R$ 7 para entregas, a cada 10 quilômetros rodados. O iFood informa que não houve alteração na política de remuneração.
Os entregadores afirmam que não receberam equipamentos de proteção individual e precisam providenciar, por conta própria, máscara, luvas e álcool gel. Como eles não têm dinheiro para comprar, a maioria trabalha sem proteção, problema que também ocorre em outras cidades.
"Agora que é mais necessário, o aplicativo corta a remuneração. Ficam liberando R$ 50 milhões para quem está doente, mas só ajudam quem está doente. Tem que correr risco de morrer para ter algum direito", diz o motoboy Luciano Oliveira.
Esse valor de R$ 50 milhões mencionado pelo motoboy na verdade foi uma iniciativa divulgada em março pelo iFood para "apoiar os estabelecimentos cadastrados na plataforma durante o período de incertezas". O aplicativo anunciou também a criação de um fundo de R$ 2 milhões destinado ao auxílio dos entregadores parceiros que integram grupos de risco para o novo coronavírus.
Nesta semana, a Justiça do Trabalho mandou a Uber Eats oferecer proteção individual aos entregadores. Já as empresas iFood e Rappi foram obrigadas por decisão judicial a assistir trabalhadores que fiquem doentes em virtude da pandemia.
A manifestação ocorreu em forma de buzinaço na tarde de hoje, na avenida Paulista. A Polícia Militar realizou uma intervenção e os convenceu a ocuparem, com suas motos, patinetes e bicicletas, a pista da direita para que não interrompessem o tráfego.
O iFood enviou uma nota em que afirma distribuir álcool gel e máscaras e ainda toma cuidado para não gerar aglomerações. A empresa informou que pratica a mesma política de remuneração.
"Em relação à precificação aplicada, a empresa não alterou os valores e leva em consideração uma série de fatores como, por exemplo, o tipo de rota percorrida. No próprio aplicativo, os entregadores podem conferir os valores das entregas. Esclarecemos ainda que, em nosso modelo de atuação, os entregadores são parceiros independentes, atuam de acordo com a sua conveniência e gerenciam seu próprio tempo, podendo, inclusive, atuar por outras plataformas", informa trecho da nota enviada.
A Uber encaminhou um comunicado informando que criou uma página para auxiliar os entregadores a requisitarem a ajuda do governo federal. A empresa ainda permite o reembolso de valores gastos com álcool gel e máscaras, fechou parceria para descontos em consultas médicas, exames e permite utilização do serviço de orientação do hospital Albert Einstein.
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