Vídeo mostra corpos com suspeitas de covid-19 em chão de UPA de Belém
Um vídeo gravado dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Belém mostra corpos ensacados no chão do hospital, que fica no bairro Marambaia, e que atende casos suspeitos do novo coronavírus na zona norte da capital paraense. A veracidade das imagens foi confirmada ao UOL pela própria prefeitura de Belém, que informou se tratar de um fato ocorrido anteontem.
No vídeo, registrado por um homem, aparecem pelo menos oito corpos, sendo quatro deles ao chão, um em cima de uma maca e outros dois em câmaras frias. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de Belém, os cadáveres eram de pessoas com suspeita de novo coronavírus e de pacientes que morreram por complicações de outras doenças. A pasta não soube precisar quantidade de cada uma das causas.
A UPA de Marambaia é uma das que atendem casos de suspeitas do novo coronavírus na região Norte de Belém. A cidade tem o maior número de confirmações de covid-19 no estado, com 1.341 pessoas contaminadas, sendo que dessas, 31 morreram, conforme o boletim divulgado hoje pela prefeitura. No total, o Pará contabiliza 1.446 casos e 75 mortes, segundo o governo.
Como os óbitos registrados na UPA de Marambaia ainda são tratados como suspeitos de covid-19 por ainda não terem o resultado do exame, eles ainda não entraram para a estatística.
Em nota enviada ao UOL, a Secretaria de Saúde informou que os corpos estavam ensacados ao chão porque a quantidade de óbitos registrada anteontem superou a capacidade da UPA. Nas filmagens, percebe-se a existência de apenas duas câmaras frias para armazenamento de corpos, número confirmado pela pasta.
"A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) esclarece que a UPA da Marambaia possui duas câmaras frigoríficas para pacientes que evoluem a óbito. Infelizmente no dia 22, a UPA da Marambaia teve oito pacientes em óbito, superando a capacidade da câmara fria e estavam à espera do Instituto Médico Legal e das funerárias. Todos os procedimentos foram adotados pelo órgão", ratificou.
"Estamos com saturação no sistema", diz prefeito
Pará vive uma escalada no número casos de coronavírus nos últimos dez dias. De 384 confirmados e 21 óbitos em 14 de abril, o número saltou para 1.446 e 75 mortes, no boletim de hoje.
Em razão do aumento considerável em curto espaço temporal, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB) comentou hoje nas redes sociais que o sistema de saúde da capital está saturado.
"Estamos com saturação imensa no sistema. Agora mesmo estamos com excesso de demanda na UPA da Sacramenta. E A gente não consegue dar a fluidez necessária entre as UPAs e os hospitais credenciados pelo Estado porque esses hospitais não estão com todos os leitos disponibilizados", avaliou.
A declaração do prefeito se alinha ao comentário de ontem, do governador Helder Barbalho (MDB), no UOL Debate, programa que discutiu os desafios de governantes durante a pandemia.
Barbalho disse que a Região Metropolitana de Belém está com a ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) próxima dos 100%.
"O gargalo que estamos enfrentando é justamente a escassez de ofertas de leitos de UTI para dar vazão a essas demandas. O percentual de UTIs ocupadas chega a 90% em todo estado. Mas, quando faço o recorte para a região metropolitana, estamos próximos de 100% de ocupação", declarou o governador, que um dia antes, revelou temer que Belém virasse uma nova Manaus, que precisou abrir covas coletivas para enterrar as vítimas.
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