Mulher que teve dengue e covid-19 é aplaudida após receber alta em SP
Foi com muitas palmas de toda a equipe médica do Hospital Sâo Francisco, em Mogi Guaçu (SP), a 170 km de São Paulo, que a funcionária pública Sandra Lúcia Bozza, de 60 anos, recebeu alta da unidade ontem. Ela é uma sobrevivente dupla: encarou, de uma só vez, dengue e covid-19.
Marlene Bozza, irmã de Sandra, conta que tudo começou com uma febre alta e dificuldade para respirar. Hipertensa e com sintomas da covid-19, ela foi colocada rapidamente em um leito. A equipe médica do hospital colheu exames para saber se ela tinha o coronavírus, conforme protocolo do Ministério da Saúde, mas também fez testagem para a dengue. Mogi Guaçu vive um surto de dengue, com 1.014 casos confirmados. No município vizinho, Mogi Mirim (SP), uma morte foi confirmada pela doença este ano. Já em relação à covid-19, Mogi Guaçu tem 27 casos confirmados e uma morte.
"O primeiro resultado que chegou foi da dengue. Ficamos preocupados, porque sabemos que é uma doença complicada. Dias depois, veio a confirmação que minha irmã estava com o coronavírus. Toda a família ficou em choque", conta Marlene.
Sandra passou 17 dias internada em uma ala específica do hospital. Segundo a irmã, foi tratada com cloroquina, e aos poucos começou a apresentar melhoras.
"Nós conversávamos quase que todo dia por vídeo chamada. Ela tem um humor incrível, então sempre estava sorridente, confiante que ia conseguir sair dali. Ela até brincava dizendo que estava se sentindo uma astronauta", lembra a irmã.
A oxigenação foi melhorando, os sintomas foram passando, até conseguir respirar novamente. A funcionária pública estava prestes a ter alta. Mas, antes de sair, ainda teve tempo para uma surpresa: a equipe do Hospital São Francisco, que a acompanhou durante as mais de duas semanas, prepararam um corredor de aplausos.
"Aquele minuto de aplauso no corredor foi algo que quase me fez desabar ali. A emoção era muito grande. E eu só tenho a agradecer todo o carinho que os profissionais do hospital tiveram com minha irmã", se emociona Marlene.
Sandra Lúcia saiu do hospital e foi direto para casa, em Mogi Guaçu. Ainda está fragilizada pois o tratamento foi muito forte, e as marcas de agulhas das dezenas de exames que fazia todos os dias ainda doem.
Apesar de curada das duas doenças, a funcionária pública precisa tomar remédios para fortalecer os pulmões e muito repouso.
À distância, ela resumiu ao UOL tudo que passou em uma frase: "Sou uma vitoriosa, sem dúvidas. E agora também famosa (risos)". Depois, em um bom humor impagável, ainda deu uma "bronca" na irmã, que intermediou o contato, falando que queria descansar.
Ter as duas doenças ao mesmo tempo é possível
Se o caso de Sandra chamou a atenção por ela ter duas doenças graves ao mesmo tempo, isso não surpreende especialistas na área.
A infectologista Irene da Rocha Haber, do Hospital PUC-Campinas, em Campinas (SP), diz que isso é plenamente possível. "A pessoa pode ter a infecção viral - como é a covid-19, e outra por um segundo vírus ou uma bactéria, por exemplo", explica.
A presença de duas doenças diferentes no corpo faz com que o organismo trabalhe ainda mais. Se na covid-19, segundo estudos, esse trabalho já é exaustivo, com a dengue também não é diferente.
"O corpo vai lutando contra as infecções ao mesmo tempo, então exige uma carga ainda maior e o sistema imunológico é levado ao extremo", completa. Para piorar, não existe tratamento farmacológico específico para essas duas doenças.
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