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Coronavírus: Necrotério de hospital no Rio lota e corpos se acumulam

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

01/05/2020 17h30

Com a pandemia de coronavírus, uma situação tem se tornado cada vez mais comum nas unidades de saúde do Rio: corpos reunidos e fora de câmeras frigoríficas. Ontem foi a vez do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na zona norte da cidade, ter o necrotério flagrado nesta situação. Nas imagens de um vídeo que circula na internet, é possível ver o local lotado, com mais de dez corpos cobertos com sacos pretos, em macas posicionadas do lado de fora do frigorífico. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que as imagens são do hospital e informou que a unidade já alugou um contêiner refrigerado, mas ainda aguarda a instalação do equipamento.

Imagens semelhantes ocorreram também nesta semana no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Fotos tiradas por funcionários mostram corpos enfileirados, em macas e cobertos por sacos plásticos no corredor da unidade. Segundo funcionários ouvidos pelo UOL, o necrotério do local, com capacidade para 25 corpos, estava lotado. O estacionamento da emergência da unidade foi isolado para receber um contêiner refrigerado - mais um para armazenar corpos.

Apesar das imagens, a Secretaria Municipal de Saúde negou a lotação do necrotério e disse que a iniciativa era preventiva. "A informação sobre 'corpos amontoados' não procede. Além de possuir um necrotério, o hospital alugou, preventivamente, um contêiner que poderá ampliar a capacidade de armazenamento, se necessário", respondeu a pasta em nota.

A SMS informou através de nota que o necrotério do Salgado Filho tem 12 gavetas e que "os corpos mostrados no vídeo estão dentro daquele espaço, em ambiente refrigerado".

Além disso, a pasta disse que os corpos que aparecem nas imagens não são apenas de pacientes com covid-19. "O hospital informa ainda que armazena corpos de outras unidades da região, além de corpos que chegam e ficam à espera de identificação".

Os contêineres frigoríficos são usados para aumentar, preventivamente, a capacidade dos necrotérios. "Até o momento, quatro hospitais da rede adotaram a medida: Souza Aguiar, Evandro Freire, Lourenço Jorge e Ronaldo Gazolla", informou a SMS.

Por conta do aumento de mortes no estado, a mesma situação foi verificada do Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Com o necrotério lotado, a unidade registrou aglomeração de macas com corpos nos corredores. As imagens foram divulgadas pela própria prefeitura da cidade que atribuiu o problema ao aumento de mortes — incluindo por coronavírus, mas não somente — e à suposta demora da empresa particular que faz a administração dos cemitérios da cidade na retirada dos corpos.

Segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado ontem, o Rio de Janeiro tem 9.453 casos de covid-19 confirmados e 854 óbitos. O maior número de casos está concentrado na capital que apresenta 5.903 infectados e 535 mortos. Duque de Caxias, na Baixada, é a segunda cidade fluminense com maior número de casos confirmados e óbitos. São 395 infectados confirmados e 70 mortes.