G-20 da covid-19: Quarentena muda de fase na Europa e perde força nos EUA

Os países mais afetados pelo novo coronavírus vivem a flexibilização da quarentena, mas cada um deles por seus próprios motivos. Enquanto os Estados Unidos subestimaram a covid-19 no início, a Europa tem conseguido conter a incidência de covid-19 e por isso ensaia a redução gradual do distanciamento social.

O UOL levantou as ações de distanciamento social nos 20 países com mais mortos pela covid-19. Em parte deles, a doença perde força e a quarentena começa a ser flexibilizada durante o mês de maio (Itália, França, Espanha e Irã, por exemplo); em outros, as medidas ainda são fundamentais porque a contaminação só acelera (EUA, Brasil e Reino Unido).

Nos Estados Unidos, país mais afetado pela doença, o distanciamento social está perdendo força. Um estudo recém-divulgado pela Universidade de Maryland conclui que, já na metade de abril, apenas 31% dos norte-americanos estão ficando em casa.

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A pesquisa rastreia a localização de mais de 100 milhões de celulares e mostra que a quarentena perdeu força em 42 dos 50 estados dos EUA — algo inédito em em seis semanas de monitoramento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conta mais de 1 milhão de casos oficiais e 52,4 mil mortes por covid-19 no país. Ainda assim, recentemente houve casos simbólicos de total despreocupação com a doença: uma casa de Chicago recebeu festa com quase mil pessoas, enquanto banhistas lotaram praias do sul da Califórnia.

Politicamente, a pandemia divide os EUA mais ou menos como divide o Brasil. O presidente Donald Trump já diminuiu a gravidade do coronavírus, encorajou protestos contra a quarentena e condicionou o relaxamento ao senso comum.

"As pessoas vão saber [quando for a hora de sair]", disse. Por isso, as medidas mais restritivas têm sido tomadas em âmbito estadual, sendo diferentes em cada lugar.

Reino Unido vira o foco na Europa

Ao contrário dos EUA, Itália, França e Espanha têm conseguido reduzir a transmissão do coronavírus e por isso começam a relaxar o confinamento. Já o Reino Unido vira o foco de preocupação da vez.

A Itália completa sete semanas de quarentena bastante rígida na segunda-feira (4), quando passa à segunda fase do plano de contenção. Serão liberadas as visitas familiares e a prática de esportes individuais em parques, além da retomada de parte das indústrias e da construção civil.

Na metade de maio, é a vez de o comércio reabrir, mas restaurantes e bares só voltam a funcionar no começo de junho. Todas essas atividades terão restrições específicas, como o distanciamento mínimo entre as pessoas.

O movimento é semelhante na França e na Espanha, que começam a reabertura pelas crianças. As creches e escolas francesas voltam a funcionar no dia 11 de maio, mas a presença dos alunos será voluntária.

Já as crianças espanholas voltaram a poder sair de casa desde o último final de semana, podendo ficar até uma hora em atividades ao ar livre, mas sem aglomeração.

Enquanto isso, no Reino Unido, o premiê Boris Johnson, ele próprio um recuperado da covid-19, avisa que ainda não é hora de relaxar a quarentena.

Antes de ir parar na UTI por causa da doença, ele fez pouco caso do vírus e demorou para tomar as medidas de distanciamento social recomendadas pela OMS. Agora, enquanto os países vizinhos já passaram pelo pior, os britânicos veem o contágio aumentar: são 138 mil casos ativos da doença (maior número da Europa neste momento), e o número de mortos deve ultrapassar o da Itália em breve.

Confira a situação dos 20 países mais afetados (dados da OMS, de 30 de abril):

Estados Unidos
1 milhão de casos oficiais, 52,4 mil mortes.
Novos casos: mais de 22 mil, todos os dias, desde 2 de abril.
Casos ativos: 855 mil, e crescendo.
Quarentena: depende essencialmente dos estados.

Itália
203,5 mil casos oficiais, 27,6 mil mortes.
Novos casos: 2 mil/dia, redução constante desde o pico da pandemia (35% do que era).
Casos ativos: estável em cerca de 105 mil.
Quarentena: flexibilizada a partir de 4 de maio.

Reino Unido
165,2 mil casos oficiais, 26 mil mortes.
Novos casos: entre 4 e 5 mil/dia, todos os dias, desde 26 de abril.
Casos ativos: 138 mil, e crescendo.
Quarentena: mantida durante o mês de maio.

Espanha
212,9 mil casos oficiais, 24,2 mil mortes.
Novos casos: ainda varia muito desde o pico; 2,1 mil ontem (30).
Casos ativos: cerca de 80 mil; caindo desde o pico da pandemia.
Quarentena: flexibilizada desde domingo (26).

França
127 mil casos oficiais, 24 mil mortes.
Novos casos: ainda varia muito desde o pico; 1,6 mil ontem (30).
Casos ativos: estável em cerca de 94 mil.
Quarentena: flexibilizada a partir de 11 de maio.

Bélgica
47,8 mil casos oficiais, 7,5 mil mortes.
Novos casos: 525; redução gradual desde o pico da pandemia.
Casos ativos: cerca de 29 mil, e crescendo.
Quarentena: flexibilizada a partir de 4 de maio.

Alemanha
159 mil casos oficiais, 6,2 mil mortes.
Novos casos: 1,4 mil ontem (30), redução constante desde o pico da pandemia (23% do que era)
Casos ativos: cerca de 35 mil, equivalente a 48% do que foi no pico da pandemia.
Quarentena: somente as pequenas lojas reabriram, ainda em 20 de abril.

Irã
93,6 mil casos oficiais, 5,9 mil mortes.
Novos casos: 1 mil/dia, redução constante desde o pico da pandemia (31% do que era).
Casos ativos: cerca de 14 mil, 43% do que foi no pico da pandemia.
Quarentena: algumas regiões serão reabertas; outras ainda não.

Brasil

85.380 casos oficiais, 5.901 mortes.
Novos casos: 7.218 ontem (30); e crescendo.
Casos ativos: cerca de 39 mil, e crescendo.
Quarentena: depende essencialmente dos estados.

Holanda
38,8 mil casos oficiais, 4,7 mil mortes.
Novos casos: 386 ontem (30), redução constante desde o pico da pandemia (13% do que era).
Casos ativos: cerca de 34 mil, estabilizando.
Quarentena: menos rígida do que em países vizinhos, está mantida até 19 de maio.

China
84,3 mil casos oficiais, 4,6 mil mortes.
Novos casos: apenas 4 ontem (30), apenas 0,0002% do que foi no pico da pandemia.
Casos ativos: 647, cerca de 0,01% do que foi no pico da pandemia.
Quarentena: vive reabertura desde o início do mês.

Turquia
117,5 mil casos oficiais, 3 mil mortes
Novos casos: 2,9 mil/dia; ameaça deixar o pico da pandemia.
Casos ativos: cerca de 68 mil, começa a reduzir em relação ao pico (85% do que era).
Quarentena: flexibilizada em metade do país desde ontem (30).

Canadá
50,3 mil casos oficiais, 2,9 mil mortes.
Novos casos: 1,3 mil/dia; estável desde 16 de abril.
Casos ativos: quase 28 mil, e crescendo.
Quarentena: depende essencialmente dos estados; Quebec reabre escolas em 11 de maio.

Suécia
20,3 mil casos oficiais, 2,4 mil mortes.
Novos casos: ainda varia muito; 681 ontem (30).
Casos ativos: mais de 17,5 mil, e crescendo.
Quarentena: não há restrições impostas, apenas recomendações à população.

México
16,7 mil casos oficiais, 1,5 mil mortes.
Novos casos: 1,2 mil ontem (30), e crescendo.
Casos ativos: mais de 4,6 mil; e crescendo.
Quarentena: estendida pelo menos até 30 de maio.

Suíça
29,3 mil casos oficiais, 1,4 mil mortes.
Novos casos: redução constante desde o pico da pandemia; ontem (30) foram 100.
Casos ativos: cerca de 4,5 mil, 32% do que foi no pico da pandemia.
Quarentena: pequeno comércio reabre em 4 de maio; centros comerciais e escolas talvez no dia 11.

Irlanda
20,2 mil casos oficiais, 1,1 mil mortes.
Novos casos: ainda varia muito; 376 ontem (30).
Casos ativos: cerca de 6 mil, e voltando a crescer.
Quarentena: estuda-se flexibilização a partir de 5 de maio.

Índia
33 mil casos oficiais, 1 mil mortes.
Novos casos: mais de 1,3 mil, todos os dias, desde 19 de abril.
Casos ativos: cerca de 24,6 mil, e crescendo.
Quarentena: onde a pandemia é controlada, pequenos negócios reabriram no sábado (25).

Rússia
106,4 mil casos oficiais, 1 mil mortes.
Novos casos: pelo menos 5 mil, todos os dias, desde 26 de abril.
Casos ativos: cerca de 94 mil, e crescendo rápido.
Quarentena: decretada no final de março, já foi estendida até 11 de maio.

Portugal
24,5 mil casos oficiais, 973 mortes.
Novos casos: 183 ontem (30); relativamente estável desde o dia 19 de abril.
Casos ativos: cerca de 22,5 mil, e crescendo.
Quarentena: mantida até sábado (2), deve ser ampliada por mais semanas.