Secretário vê "picuinha" em demandas de profissionais da saúde no Amapá
Resumo da notícia
- Em áudio, secretário de Saúde do Amapá falou não ter "tempo para picuinha nenhuma"
- Sindicatos reclamam de falta de EPIs e equipamentos para atendimento a pacientes
- Ministério Público relata falta de leitos para pacientes internados no estado
- Proporcionalmente, Amapá é o estado com mais casos de coronavírus no país
O secretário de Saúde do Amapá, João Bittencourt, classificou como "picuinhas" as demandas de sindicatos de profissionais da área da saúde que estão na linha de frente no combate à pandemia causada pelo novo coronavírus.
A fala de Bittencourt aconteceu em conversa de áudio com o deputado estadual Jory Oeiras (DC-AP). O diálogo aconteceu durante uma videoconferência do parlamentar com representantes de sindicatos em 28 de abril. O UOL teve acesso à gravação hoje.
No feriado de 1º de maio, Dia do Trabalhador, funcionários do setor protestaram reclamando de falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), de equipes para atendimento a pacientes e de testes para detecção da covid-19 em profissionais que atuam com pacientes com covid-19.
Quando questionado pelo deputado sobre a quem encaminhar as demandas dos sindicalistas, o secretário respondeu: "Vou lhe dizer com toda a sinceridade. Estamos tralhando numa luta, assim, inglória", falou. "Não temos tempo, infelizmente, para picuinha nenhuma."
Na sequência, ele pediu que o deputado dissesse aos sindicalistas "que não é momento de ficar questionando muita coisa porque não se tem como responder a tudo".
Bittencourt chega a relatar a dificuldade de encontrar médicos para UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) no estado. Ao menos 130 servidores da saúde foram afastados segundo sindicatos do setor.
Ontem, o governo do Amapá informou que Bittencourt está infectado com a covid-19. A reportagem solicitou uma entrevista com o secretário, mas não teve resposta até o momento.
O MP (Ministério Público) do Amapá apresentou, no dia 2, uma ação à Justiça pedindo detalhes sobre a situação do sistema de saúde no estado. A Promotoria aponta que já há falta de leitos na rede pública de saúde.
Segundo o MP no estado, já há falta de espaço em hospitais para isolamento de pacientes com a covid-19. Até 1º de maio, o estado precisaria de ao menos mais 37 leitos.
O estado é, proporcionalmente, a unidade da federação com maior número de casos de infectados pelo novo coronavírus por 1.000 habitantes: 1,75. Nessa mesma dimensão, a média do país é de 0,48. Depois do Amapá, o estado que chega mais perto desse número é o Amazonas, com 1,61.
Leitos para isolamento
Até 1º de maio, 90 pacientes estavam internados em hospitais com suspeita da covid-19, diz o MP. Mas o estado possui 53 leitos clínicos ou de UTIs em operação. Para combater a pandemia, o governo prevê elevar esse número para 126, mas alguns dos leitos ainda não estão em operação.
Em Macapá, o Hospital de Emergências, por exemplo, tem seis leitos, mas possuía 55 pessoas internadas até a última sexta (1º), segundo o MP.
"Há uma real possibilidade de desassistência na medida em que a curva de contágio ameaça subir verticalmente, de modo acelerado, sem que as unidades de saúde voltadas para o combate da pandemia apresentem capacidade instalada capaz de dar vazão ao número exponencialmente progressivo de infectados", diz a Promotoria.
Conselho pede providências
Hoje, o Coren (Conselho Regional de Enfermagem) do estado acionou a Justiça para que o governo tome "medidas urgentes para sanar a ausência de EPIs nas unidades de saúde".
"A pandemia da covid-19 colocou os profissionais de saúde, e em especial os de enfermagem, em situação de exposição diante da notória ausência de equipamentos de proteção individual durante a pandemia", diz o conselho.
Ao menos 43 morreram em razão do novo coronavírus no Amapá. A maioria dos 1.482 casos está concentrada na capital do estado, Macapá. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), o estado possui cerca de 845 mil habitantes.
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