Como Nova Zelândia "vence batalha" da covid-19 e tem só três internados
Resumo da notícia
- Há 1.490 registros de covid-19 na Nova Zelândia. Desse total, 90% dos infectados já se recuperaram e apenas 21 pessoas morreram
- Atualmente, há 122 casos ativos da doença e somente três pessoas internadas em hospitais
- A estratégia englobou um alto número de testes, providências antecipadas e uma implantação eficaz das ações públicas
- Proporcionalmente, o Brasil tem mais do que o dobro de infectados, em comparação com a Nova Zelândia
"Nós vencemos essa batalha", anunciou a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, em pronunciamento na semana passada. Ela se referia ao baixo número de casos confirmados de covid-19 no país. A estratégia para combater o novo coronavírus englobou um alto número de testes, tomar providências de forma antecipada e desenvolver um sistema de alarme que torna as medidas mais compreensíveis para a população. As estatísticas mostram que tem dado certo.
Entre casos confirmados e suspeitos, há 1.490 registros de covid-19 na Nova Zelândia. Desse total, 90% dos infectados já se recuperaram e estão saudáveis (1.347) e apenas 21 pessoas morreram. Atualmente, em toda a ilha localizada na Oceania, há 122 casos ativos da doença e somente três pessoas internadas em hospitais. Os dados são do governo neozelandês.
A estratégia contra a pandemia é baseada na testagem, que é a segunda mais alta do mundo na média por 1 mil habitantes — só a Itália testa proporcionalmente mais. Segundo os dados mais recentes, a Nova Zelândia já realizou 175 mil testes, com taxa de 35,8 a cada mil pessoas no país. Na prática, um a cada 28 neozelandeses já foi testado para diagnóstico do novo coronavírus, de acordo com o governo local.
Para efeito de comparação, no Brasil o sistema público de saúde soma cerca de 322 mil testes de Síndrome Respiratória Aguda Grave (não específicos de covid-19), segundo o Ministério da Saúde. Quantitativamente é mais do que a Nova Zelândia, é verdade, mas em um país 42 vezes mais populoso. A taxa brasileira é de 1,5 teste por 1 mil habitantes, ou seja, uma a cada 650 pessoas foi testada no país. Se quisesse se equiparar à ilha da Oceania, o Brasil teria que ultrapassar os 7 milhões de testes.
É claro que o perfil demográfico da Nova Zelândia é muito diferente do brasileiro, a começar pelo tamanho da população. O país tem menos de 5 milhões de habitantes, dos quais 15.57% têm mais de 65 anos e, por consequência, estão no grupo de risco da covid-19. No Brasil de 209 milhões de pessoas (segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), 9,11% estão na mesma faixa etária — todos os dados são de 2018.
São países muito diferentes, mas essa análise proporcional dos casos de covid-19 mostra que a Nova Zelândia tem acertado nos testes em massa e na adesão à quarentena. Entre os neozelandeses, até ontem houve um diagnóstico de covid-19 a cada 3.279 pessoas, enquanto entre os brasileiros o número é de um contaminado a cada 1.550 habitantes. Proporcionalmente, portanto, o Brasil tem mais que o dobro de infectados — sem considerar a subnotificação.
Combate começou um mês antes da covid-19 chegar
A Nova Zelândia começou a combater a pandemia um mês antes de confirmar o seu primeiro caso. O Centro Nacional de Coordenação da Saúde foi criado em 28 de janeiro para concentrar as tomadas de decisão e gerenciar uma possível crise — àquela altura, a China, país no qual surgiu a doença, tinha menos de 1,8 mil casos confirmados. Quando ocorreu o primeiro diagnóstico neozelandês para o novo coronavírus, o país já tinha imposto restrições a voos provenientes da China.
O primeiro caso, aliás, é simbólico. Uma mulher de cerca de 60 anos, que havia visitado o Irã dias antes, fez dois testes de coronavírus que deram negativo. Apenas um terceiro, mais específico, constatou a infecção. No mesmo dia, o governo ampliou as restrições de voos oriundos do Irã.
Mais casos começaram a pipocar no começo de março: viajantes que chegavam de Itália, Austrália e Dinamarca, além de familiares da primeira mulher contaminada.
Quando a conta chegou a 200 casos, a Nova Zelândia declarou estado de emergência e aumentou seu sistema de alerta para o nível 4 — o mais alto de uma escala criada especialmente para a pandemia. Após um mês de lockdown, o governo reduziu o alerta para o nível 3 no dia 27 de abril, e com isso derrubou algumas restrições.
Sistema de alertas facilita o entendimento
Para controlar a covid-19, a Nova Zelândia desenvolveu um sistema de alarmes que contém quatro níveis, cada um deles com medidas específicas de enfrentamento. É uma estratégia para informar a população com mais clareza e, assim, acelerar a compreensão e a implantação eficaz das ações públicas, afinal diferentes formatos de quarentena estão previstos em cada nível.
Os níveis mudam de acordo com a evolução da pandemia. O primeiro nível tem mais recomendações do que restrições, mas do segundo nível em diante a quarentena fica cada vez mais rigorosa.
A Nova Zelândia passou 25 dias no nível 4, sob um tipo de isolamento que se popularizou como 'lockdown' nesta pandemia. No último dia 27, o país voltou ao nível 3, tendo reaberto algumas escolas e derrubado algumas outras restrições. Uma nova reavaliação do nível de emergência está prevista para segunda-feira (11).
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