Após criticar Bolsonaro, revista Lancet reprova ações de Trump na pandemia
Uma das revistas médicas mais prestigiadas do mundo, a Lancet pede tacitamente, em um novo editorial, uma nova liderança presidencial nos Estados Unidos, segundo publicaram hoje os sites da CNN e do Washington Post.
"Os americanos devem colocar um presidente na Casa Branca em janeiro de 2021 que entenderá que a saúde pública não deve ser guiada pela política partidária", escreveram os autores.
Eles condenaram veementemente ações do governo Trump em relação à capacidade dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças de combater a covid-19.
"O CDC, a principal agência de saúde pública do país, viu seu papel ser minimizado e se tornar um consultor ineficaz e nominal na resposta para conter a propagação do vírus", diz o editorial.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), foi tema de um editorial da Lancet no começo de maio em que a publicação científica afirma que "Bolsonaro é a maior ameaça ao combate à covid-19 no Brasil". A publicação, fundada no Reino Unido em 1823, sugere que ele mude sua conduta ou seja "o próximo a sair".
Hoje, o ministro da Saúde, o médico oncologista Nelson Teich, deixou o cargo por divergências com Bolsonaro quanto às ações do governo na pandemia.
No editorial de agora, a revista científica critica o governo Trump por deixar "um vácuo de inteligência" na China, cortando a equipe do CDC no país no momento em que a covid-19 começou a surgir, e cita o exemplo de quando um proeminente médico do CDC foi afastado das entrevistas coletivas após avisar os EUA para se preparar para grandes dificuldades devido ao novo coronavírus.
O governo Trump também é acusado de "punir a agência por marginalizá-la e atrapalhá-la" depois que ela não produziu testes de diagnóstico de alta qualidade no início do surto.
"Isso requer uma agência nacional de saúde pública eficaz", disseram os autores do texto.
O número de mortos pela covid-19 nos EUA ultrapassou os 85 mil, enquanto muitos estados no país decidiram reabrir comércios e relaxar medidas de contenção da transmissão do vírus.
De acordo com a revista científica, embora taxas de infecção e mortalidade tenham caído em estados muito atingidos como Nova York e Nova Jersey após dois meses de restrições, novos surtos em Minnesota e Iowa levantaram questões sobre a eficácia da resposta do governo Trump.
"Não há dúvida de que o CDC cometeu erros, especialmente em testes nos estágios iniciais da pandemia", disse o editorial. "Mas punir a agência marginalizando-a não é a solução".
"O governo está obcecado por remédios mágicos — vacinas, novos medicamentos ou uma esperança de que o vírus simplesmente desapareça", continua o texto.
"Mas apenas uma confiança constante nos princípios básicos de saúde pública, como teste, rastreamento e isolamento, levará ao fim da emergência, e isso requer uma agência nacional de saúde pública eficaz".
Um porta-voz da Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, na manhã de hoje, feito pelo Washington Post.
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