Situação da covid-19 no Brasil é delicada e preocupa, diz executivo da Opas
A situação do coronavírus no Brasil é delicada e desperta preocupação, afirmou hoje, em teleconferência com jornalistas, o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), Marcos Espinal.
"Estamos muito preocupados [com o Brasil] porque estamos vendo um aumento dos casos, aumento de mortalidade, nas últimas semanas", declarou.
Ontem, o país registrou 12.247 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas e já soma 526.447 diagnósticos, segundo dados do Ministério da Saúde. O número de mortos pela doença teve um acréscimo de 623 ontem, totalizando 29.937 desde o início da pandemia.
De acordo com o executivo da Opas, que é ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil precisa continuar implementando medidas para combater a propagação do vírus.
Um ponto no qual o país tem falhado, segundo Espinal, é a testagem da população. Segundo ele, o número de testes feitos por habitante no país é insuficiente e está bem abaixo de outras nações.
Além disso, a taxa de ocupação de leitos de UTI em algumas localidades atingiram níveis preocupantes, acima dos 80%.
"É importante que o Brasil tome uma atitude e os estados habilitem mais leitos de UTI", disse Espinal.
Manifestações podem disseminar vírus
O executivo também afirmou que manifestações políticas com aglomerações como as ocorridas no último domingo (31) no Brasil podem contribuir para a disseminação do coronavírus.
"Está bem demonstrado que as aglomerações vão contribuir para a disseminação do vírus em países como o Brasil, por exemplo, onde continuamos observando um aumento incomum dos casos", declarou Espinal.
No domingo, o país teve manifestações em diversas cidades, como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Em todas elas houve aglomeração e pessoas sem máscaras. O próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou sem máscara de um ato na capital federal.
"Muitos vão a manifestações sem máscaras e não respeitam as regras de distanciamento, então vamos continuar disseminando a doença. (...) A recomendação é evitar aglomerações", disse Espinal.
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