Infectologistas repudiam Ministério da Saúde não divulgar total de mortes
A Sociedade Brasileira de Infectologia publicou uma nota repudiando o que considera falta de transparência do Ministério da Saúde na divulgação das estatísticas referentes à covid-19. O texto informou que somente com dados confiáveis é possível tomar as providências necessárias e traçar a estratégia para enfrentar a pandemia. Os dados totais de mortos e infectados deixaram de ser publicados pelo governo federal desde sexta-feira.
"É fundamental que em uma pandemia de tamanha magnitude tenhamos os números reais. Somente com informações epidemiológicas confiáveis será possível a avaliação das medidas atuais e o planejamento de ações para combater a propagação do novo coronavírus", relata um trecho da nota.
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns da Cunha, afirmou que sem os dados completos é impossível saber como traçar a melhor estratégia, definir remanejamento de equipes, EPIs e respiradores.
"É uma situação lamentável, e espero que o Ministério da Saúde reveja essa decisão de divulgar só o que aconteceu nas últimas 24 horas e não informar adequadamente a população."
O governo federal adotou uma série de medidas que vêm sendo criticadas. O Ministério da Saúde escalonou a restrição a informações. Primeiro, passou a atrasar a divulgação dos números, que ocorria no meio tarde da tarde e foi para as 22h. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou: "Acabou matéria no Jornal Nacional".
O passo seguinte foi retirar o número total de mortes, o que ocorreu pela primeira vez na sexta-feira e foi oficializado hoje. São revelados somente os dados das últimas 24 horas. O Ministério da Saúde argumentou que a divulgação das estatísticas deste período permite acompanhar a realidade do país neste momento.
A medida foi duramente criticada. O ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta vinculou a decisão do Ministério da Saúde à obediência militar —o ministro interino da Saúde é general do Exército. Mandetta classificou a atitude como "lealdade extrema, mesmo que burra e genocida".
A Sociedade Brasileira de Infectologia publicou uma nota de repúdio. O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que esconder dados é "manobra de regimes totalitários".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.