Curitiba prefere 'cortar cadeia de transmissão' a considerar lockdown
A Prefeitura de Curitiba continua apostando nas medidas de isolamento social para conter os casos crescentes de coronavírus na cidade. Por enquanto, o prefeito Rafael Greca (DEM) não considera o lockdown, mesmo após a capital do Paraná ter voltado atrás nas últimas semanas e restringido o funcionamento de academias, bares, restaurantes e igrejas.
"Não, de maneira nenhuma (vamos decretar lockdown), vamos nos esforçar para cortar a cadeia de transmissão. Trabalhar com a população para que o isolamento social não seja doloroso", disse Greca em entrevista à CNN Brasil.
"Criamos três bandeiras, a amarela, emergência com atenção, a laranja, de maiores restrições, e a vermelha que seria o lockdown, que estamos trabalhando intensamente para evitar", acrescentou o prefeito.
Curitiba foi uma das capitais da região sul que tinham situação mais tranquila em relação à pandemia até o mês passado. Em 25 de maio, quando foi autorizada a reabertura de shoppings e igrejas, os números começavam a avançar rapidamente, com 961 pessoas infectadas.
Segundo a secretaria de Saúde municipal, no final de março eram apenas 97 casos confirmados da covid-19. Agora, a cidade já soma 3.948 contaminados e 123 mortes, como informou hoje o prefeito da cidade.
"Os casos triplicaram porque a nossa situação por quase 90 dias foi muito confortável. Houve um outono seco sem umidade, e com isso o vírus não foi transmitido. Com a umidade e o frio, as síndromes respiratórias se intensificaram e houve maior ocupação de leitos, mas não colapso do sistema de saúde que é robusto", afirmou Greca.
"Aqui em Curitiba a transmissão tem sido familiar, a turma resolve visitar a vovó, fazer um almoço de família, o que é vedado. A gente deve ver os idosos mas à distância, não deve ir às suas casas", explicou o prefeito. "Essa transmissão familiar tem que ser cortada, o isolamento social é fundamental."
Greca afirmou, porém, que o sistema de saúde da capital paranaense será capaz de suportar a pressão causada pelo aumento de casos. Segundo o prefeito, a taxa de ocupação de leitos de UTI do SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade é de 83%.
"Estou abrindo dois novos hospitais, não quis hospitais de campanha, custa R$ 60 milhões, não quis saber disso, peguei hospitais fechados, o hospital Vitória e o Instituto de Medicina do Paraná. Isso dá 350 UTIs exclusivas do SUS", disse Greca.
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