Albert Einstein não descarta demissão de médica após fala sobre holocausto
O presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner, não descartou a possibilidade de demissão da oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, durante entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, no "SBT Brasil".
O comitê de ética do hospital investiga uma declaração da médica feita à TV Brasil, quando ela afirmou que "você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela massa de rebanho de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações...". Nise Yamaguchi irá ser ouvida ainda esta semana.
"A doutora Nise teve uma suspensão provisória enquanto o nosso comitê de ética apura o que norteou os comentários relativos à comparação do medo da pandemia ao holocausto, um momento extremamente importante, onde 6 milhões de judeus foram mortos, e vários sobreviventes contribuíram inclusive com a fundação do próprio Israelita Albert Einstein", explicou o presidente do hospital.
"Ela foi chamada para conversar com a diretoria clínica a respeito da utilização do nome Albert Einstein ou contra ou favor de qualquer tratamento que ela promova. E não pesa, neste momento, a prescrição ou não da hidroxicloroquina na decisão de sua suspensão", acrescentou.
Questionado sobre a possibilidade de demissão, Klajner afirmou. "Aí nós temos que consultar quais as consequências que podem haver porque nunca, na história do Albert Einstein, houve uma situação igual a essa".
Médica que defendeu a hidroxicloroquina, como forma de tratamento para a covid-19, Nise Yamaguchi revelou na sexta, também em entrevista ao SBT, que foi suspensa pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde trabalha.
Na entrevista, ela citou dois motivos para o afastamento: a sua defesa pelo medicamento (ainda sem comprovação científica de sua eficácia) e uma fala que compara o medo da pandemia ao holocausto, em entrevista ao programa "Impressões", da TV Brasil.
"Eu recebi uma ligação do diretor clínico do hospital me informando que, a partir deste momento, eu não poderia estar exercendo as minhas funções no hospital, não poderia estar prescrevendo e nem atendendo aos meus pacientes que já estão internados", disse ela.
"Eles acreditam que a minha fala em prol da hidroxicloroquina não tem fundo científico denigre o hospital, porque todo mundo relaciona a minha presença à imagem do hospital. E eu sempre tenho colocado que eu não falo pelo hospital. Eu faço a defesa da hidroxicloroquina porque eu tenho certeza que ela cura nas fases iniciais", acrescentou.
Ao UOL, a assessoria do Hospital Albert Einstein justificou o afastamento devido aquilo que classificou como "analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto". (Assista ao vídeo abaixo)
"Como se trata de manifestação insólita, o hospital [entendeu] por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público", lamenta o hospital.
"A expectativa do hospital é a de que o incidente tenha a melhor e mais célere resolução, de modo a arredar dúvidas e remover desconfortos", conclui, sem dar prazo de quanto tempo a médica ficará suspensa.
Nise Yamaguchi é considerada uma das principais defensoras do uso da hidroxicloroquina em pacientes leves e moderados com coronavírus e já afirmou que o a medicamento deveria ser usado em pacientes que ainda não tivessem sido internados, apesar de que ainda não há comprovação científica de sua eficácia.
A médica foi, inclusive, um dos nomes cotados para ocupar a vaga de Nelson Teich no Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, ela chegou a dizer em entrevista ao UOL que aceitaria o convite caso fosse convidada pelo presidente.
Nas redes sociais, bolsonaristas protestaram contra a suspensão da médica e pesquisadora do Hospital Albert Einstein.
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