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Pazuello diz que crítica de Gilmar não o abalou: "missão é mais importante"

Ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello diz que críticas de Gilmar Mendes não o incomodaram - ADRIANO MACHADO
Ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello diz que críticas de Gilmar Mendes não o incomodaram Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

17/07/2020 10h12

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que não se abalou com a crítica de Gilmar Mendes, ministro do STF (Superior Tribunal Federal), relacionada a sua presença no comando da pasta em meio à pandemia do novo coronavírus. Em entrevista à revista Veja, o general disse que está em uma "missão muito mais importante".

Na última semana, Gilmar Mendes fez críticas à presença de militares no ministério da Saúde, dizendo que o "vazio" no comando da pasta não é aceitável. O ministro do STF ainda disse que Exército estava se associando a um "genocídio" na gestão da pandemia no Brasil.

"Essa acusação não me incomodou. Num combate, o general de divisão é aquele que vai cuidar da sua vida e da vida da sua família. Você acha que esse general pode se sentir atingido porque um fulano falou isso ou aquilo? A missão é muito mais importante. Estou numa guerra contra uma doença que já matou 75 mil pessoas [76.822, segundo último boletim], enfrentando interesses inconfessáveis e quadrilhas que têm de ser desbaratadas. Com tantos problemas, ou se vai para Portugal ou se tenta mitigar isso tudo", disse Pazuello. Gilmar Mendes fez a declaração quando estava em Portugal, durante recesso do STF.

De acordo com Pazuello, a declaração do ministro foi "atravessada", mas que uma conversa por telefone já amenizou a sua repercussão. O ministro ainda disse que fez um convite para Gilmar Mendes visitar o ministério da Saúde.

"Quem são os genocidas? Os 5 mil funcionários do ministério? Os dezoito oficiais que eu trouxe para trabalhar comigo? Foi uma conversa muito mal colocada, atravessada, num momento errado e de uma pessoa que não precisava falar isso. Mas eu e o ministro Gilmar já conversamos", disse.

"Ele me ligou, eu não pude atender, mas retornei depois a ligação. Foi uma conversa tranquila. Eu disse a ele: 'O senhor não tem culpa alguma de ter informações tão truncadas a ponto de fazer tal declaração. Se o senhor quiser saber exatamente como é, vem me visitar'. Ele concordou e disse para nós conversarmos. Se ele entender que tem de conhecer o ministério, verificar o trabalho que estamos fazendo e assim mesmo achar que é um genocídio, é direito dele. Mas faço questão de mostrar tudo. Ele vai ver, inclusive, que não existe militarização do ministério", disse.

Especificamente sobre as críticas sobre um excessivo número de militares no ministério da Saúde, Pazuello disse que a maioria das nomeações são para cargos técnicos e que o estigma sobre o assunto precisa acabar.

"Quando eu fui convidado pelo presidente, ainda como secretário ­executivo, houve o acordo de que eu traria homens da minha confiança. Por dia, o ministério administra cerca de R$ 600 milhões. Eu precisava de um gestor para gerenciar esse recurso. Ao todo, trouxe dezoito militares — quinze são da ativa. Apenas quatro militares estão em cargos de chefia, o resto é técnico. É essa a militarização do ministério. Qual é o problema nisso? Militar é um recurso humano formado e pago pelo contribuinte. Esse estigma precisa acabar", disse.