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Com 'dados represados', SP registra 12.561 casos do novo coronavírus em 24h

Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde do estado, responsabilizou instabilidade do DataSUS por defasagem nos dados - MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde do estado, responsabilizou instabilidade do DataSUS por defasagem nos dados Imagem: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em Sâo Paulo

23/07/2020 13h11Atualizada em 23/07/2020 14h20

O governo de São Paulo se surpreendeu ao noticiar, ontem, o fato de ter diagnosticado 16.777 novos casos do novo coronavírus no estado. Hoje, porém, apresentou uma explicação: problemas no DataSUS, departamento de informática do SUS, vinculado ao Ministério da Saúde, responsável por coletar dados a respeito de saúde em todo o Brasil.

Segundo Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo, uma instabilidade no sistema do SUS acabou represando os dados. Desta forma, o estado encontrou um grande número de casos nos últimos dias — foram 12.561 de ontem para hoje, totalizando 452.007 nas cidades paulistas desde o início da pandemia.

Foram ainda 362 mortes causadas pela covid-19, de acordo com o balanço publicado hoje. Desta forma, São Paulo atingiu 20.894 óbitos pela doença desde o início da pandemia.

"Ontem, nos espantou o número de casos que tivemos, uma elevação absolutamente espantosa", disse Jean Gorinchteyn hoje, em entrevista coletiva, no Palácio dos Bandeirantes.

"Se nós temos um número de dados que vem em uma faixa diária de 7,5 mil casos novos por dia e eu passo a ter 16.777, algo aconteceu. E nós observamos que, a partir do dia 17 de julho, esses números baixavam para 5 mil casos, 6 mil casos — sempre 2 mil a 2,5 mil casos a menos do que as médias diárias."

De acordo com o secretário, o governo paulista começou a cogitar a "possibilidade de problemas, que foram confirmados".

"O DataSUS, do Ministério da Saúde, mostrou instabilidade, dificultando a inserção dos casos leves dos municípios para essas contabilizações. Com isso, todos esses dados que ficaram represados acabaram sendo lançados de uma vez só", explicou.

"Passamos a ter cerca de 12 mil casos, o que mostra ainda um número ainda acima daqueles que costumeiramente vínhamos vendo", acrescentou.

Segundo Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em SP, o sistema do SUS tem apresentado instabilidade desde a última semana. A tendência é de que os números de amanhã, segundo ele, continuem altos.

"Por isso que, quando a gente olha o número de casos de quinta-feira até terça-feira, eles caíram", disse. "A partir de solucionado o problema em nível central (...), os números recomeçam a atualizar as notificações de casos confirmados. Isso não ocorre em um dia só."

Ainda de acordo com os dados apresentados hoje, a taxa de ocupação das UTIs no Estado de São Paulo é de 66,2%. Atualmente, São Paulo tem 5.552 pacientes em hospitalizados em leitos de terapia intensiva e 8.354 em leitos de enfermaria.

Mudança no perfil dos testes

Dos 12.561 casos confirmados entre ontem e hoje, 55% foram diagnosticados pelo teste RT-PCR, enquanto 42% foram de testes rápidos — o restante se deu via outros métodos.

Os números indicam aumento nos diagnósticos via testes rápidos, segundo o governo de São Paulo. Desde o início da pandemia, 69% foram diagnosticados por RT-PCR; 29%, por testes rápidos; e 2%, por outros métodos.

Segundo Paulo Menezes, a mudança no perfil dos testes aponta para uma evolução da pandemia, uma vez que o teste rápido permite diagnosticar também a presença de anticorpos do vírus.

"A gente tem mostrado todos os dias a proporção de casos confirmados através de testes rápidos em relação ao total. Por que isso é importante? O teste de diagnóstico de fases agudas é essencialmente feito pelo PCR. Há mais de um mês, a gente tinha aqui 1/4 dos confirmados totais sendo testes rápidos e 3/4 por PCR. Hoje, a gente já tem quase 30% de confirmados por teste rápido", descreveu.

"Está aumentando a confirmação de pessoas que, em algum momento, tiveram a infecção, desenvolveram anticorpos, mas não estão doentes. Não estão sintomáticas, precisando de assistência. O aumento da testagem, de um lado, é por aumento de testes rápidos, e por outro lado, teve um aumento de acesso a testes PCR com pessoas com sintomas mais leves", analisou.

Ibirapuera: 1,5 mil altas hospitalares

Ao mesmo tempo em que se surpreendeu com a alta no número de casos, o secretário Jean Gorinchteyn celebrou o número de altas do hospital de campanha do Ibirapuera, na cidade de São Paulo. Hoje, o local celebrou sua alta de número 1.500.

"Temos que hoje comemorar a alta número 1.500 do hospital de campanha do Ibirapuera, lembrando que, desde o dia 1º de maio, o Ibirapuera já recebeu e hospitalizou cerca de 2 mil pacientes, e a partir disso, mostrou uma redução bastante qualificada do número de sua ocupação", destacou o secretário, que lembrou a presença de pacientes oriundos do interior de São Paulo no local nos últimos 10 dias — em especial, das regiões de Campinas e Piracicaba.

"Essa medida de acolhê-los no hospital de campanha impediu que houvesse uma sobrecarga no sistema de saúde daquelas regiões, principalmente no que tange às unidades de terapia intensiva."