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Prefeito de Itajaí (SC) quer tratar covid-19 com aplicação retal de ozônio

Do UOL, em São Paulo

04/08/2020 00h11Atualizada em 04/08/2020 16h07

O prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), anunciou na noite de hoje que pretende adicionar mais uma opção de tratamento à covid-19 no município: administração de ozônio, pelo ânus, apenas em casos que tiveram resultado positivo nos testes de coronavírus. O procedimento não tem eficiência comprovada cientificamente contra a covid.

O prefeito, que também é médico, declarou, em live no Facebook, ter inscrito a cidade na Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), ligada ao Ministério da Saúde, para integrar um protocolo de pesquisa sobre o uso do ozônio. O Ministério da Saúde e a OMS (Organização Mundial de Saúde) já divulgaram, mais de uma vez, que ainda não há cura para a covid-19 ou mesmo tratamento de eficácia científica comprovada — ou seja, quando cumpre diversas etapas de testagem e registro específico como medicação a ser usada em determinada doença.

"Provavelmente vai ser uma aplicação via retal, uma aplicação tranquilíssima, rapidíssima, de dois minutos, num cateter fininho e isso dá um resultado excelente", afirmou Morastoni na live.

O prefeito acrescentou que o tratamento seria voltado apenas "a quem desejar" e que só seria aplicado em casos confirmados da doença provocada pelo novo coronavírus. Ainda, acrescentou que provavelmente seriam dez sessões de aplicação de ozônio, "simples, rápidas, de dois a três minutinhos por dia".

O prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), avalia a aplicação de ozônio como tratamento para o novo coronavírus - Reprodução/Facebook/Prefeitura Itajaí - Reprodução/Facebook/Prefeitura Itajaí
Prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), avalia a aplicação de ozônio como tratamento para a covid-19
Imagem: Reprodução/Facebook/Prefeitura Itajaí

Outros tratamentos

Na transmissão, Morastoni mencionou que o tratamento complementaria outras opções oferecidas pela Administração: "Além da ivermectina, da azitromicina, além da cânfora [medicamento para tratamento homeopático], nós vamos fornecer o ozônio".

No início de julho, a Prefeitura de Itajaí distribuiu ivermectina aos moradores da cidade, mesmo sem comprovação de sua eficácia no tratamento da covid-19. A medicação é usada no tratamento de vermes e parasitas. Duas semanas depois, o número de óbitos em decorrência do novo coronavírus aumentou cerca de 58%, saltando de 45 para 71 mortes entre 7 e 21 de julho. Na noite desta segunda-feira, o município somava 105 óbitos e 3.648 diagnósticos da doença.

Durante a live, Morastoni citou a médica Lucy Kerr, defensora do uso da ivermectina em tratamentos de covid-19. A médica já teve um vídeo no YouTube retirado do ar após a plataforma entender que o conteúdo contribuía com a desinformação a respeito da pandemia. No vídeo, ela apontava a ivermectina como "cura" para o coronavírus, na contramão do Ministério da Saúde, da OMS e da autoridade sanitária dos Estados Unidos (FDA). O conteúdo do vídeo foi considerado enganoso pelo Comprova, projeto de verificação de notícias do qual o UOL faz parte.