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A cada 100 testes de covid-19 em farmácia, 14 dão positivo, indica pesquisa

Teste rápido de farmácia para Covid-19 negativo - Arquivo pessoal
Teste rápido de farmácia para Covid-19 negativo Imagem: Arquivo pessoal

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

25/09/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Foram realizados 785.412 testes rápidos entre abril e setembro
  • SP é estado que mais realizou procedimento; Amapá tem maior proporção de infectados
  • Poucas farmácias oferecem o teste porque categoria rachou após decisão da Anvisa

A cada cem testes realizados em farmácia brasileiras para detectar o novo coronavírus, 14 têm resultado positivo, indica uma pesquisa realizada pela Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de farmácias e Drogarias).

De acordo com o estudo, foram realizados 785.412 testes rápidos em 2.045 farmácias para detecção de anticorpos contra o vírus entre os dias 28 de abril e 20 de setembro. Desse total, 113.071 (14,4%) testaram positivo, enquanto para 672.341 pessoas (85,6%) o resultado foi negativo.

São Paulo é o estado que mais realizou o procedimento: 337.480 pessoas foram testadas, com 43.111 positivos, ou 12,7% dos casos. É seguido por Minas Gerais, com 115.993 testes, 16.841 positivos —14,5% dos casos.

Os estados com maior proporção de infectados ficam no Norte e Nordeste. O Amapá é o primeiro do ranking: 425 dos 1.483 testes realizados no estado deram positivo, ou 28,6% do total. É seguido por Acre (26,2%), Paraíba (26,1%), Ceará (25%), Amazonas (24%) e Bahia (22,3%).

Pará (22%), Rio de Janeiro (20,2%) e Maranhão (19,7%) também são destaque.

"O alto índice de positivo em alguns locais indica que as pessoas daquela região já desconfiavam ter contraído a doença", diz a Abrafarma em nota. "Muitos vão ao hospital com sintomas, não são testados, mas ficam 14 dias em quarentena. Quando saem, buscam o teste para saber se teve mesmo o vírus."

20 minutos de espera

Juliana com o filho, Martín - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Juliana com o filho, Martín
Imagem: Arquivo Pessoal

Quem procurou a farmácia em julho foi a analista de planejamento financeiro Juliana Sposito Calil Maciel, 34. Ela e o marido recorreram ao teste rápido depois que souberam que a faxineira havia contraído a doença.

"Como meu marido está sem plano de saúde, ele decidiu fazer o de farmácia, e eu também fiz para ver se já havia contraído em algum momento", diz Maciel, que comemorou os resultados.

"O exame apontou que meu marido havia tido, mas foi assintomático, e eu nunca tive", diz ela, que ficou apreensiva até descobrir o resultado.

"Demorou uns 20 minutos para ficar pronto. Ficamos rondando a farmácia. O resultado foi um alívio, mas ainda temos consciência e seguimos em isolamento."

O teste

Segundo a associação, o teste, cuja coleta se dá por meio de um furo na ponta do dedo, é como uma fotografia sobre como o organismo está reagindo depois de ter contraído a doença.

O teste mede a quantidade de anticorpos no organismo ao novo coronavírus e indica se o paciente já teve contato com a covid-19. Os farmacêuticos afirmam que, quanto mais tempo se afastar da origem da doença, mais anticorpos haverá.

A oferta de testes em farmácia foi aprovada pela Anvisa em 28 de abril deste ano, e confirmado por um projeto de lei em 18 de maio. Além de mais rápidos, estes testes normalmente são mais baratos do que os realizados em laboratórios.

Segundo avaliação da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas sobre os testes rápidos aprovados pela Anvisa, a precisão do resultado depende de quantos tempo o paciente esteve exposto ao vírus. Quanto maior esse tempo, mais eficaz é o resultado, que pode variar de 65% a 96% de precisão.

"A chance de ter um falso positivo é remota", afirma o presidente da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, Carlos Gouveia. "Mas o teste não pode ser usado antes de sete dias porque o organismo ainda não produziu os anticorpos que o teste irá detectar. Depois de 14 dias com certeza descobrirão os anticorpos. Pode variar de pessoa a pessoa, mas os testes têm cumprido bem sua função."

Poucas farmácias oferecem exame

Enquanto a Abrafarma defendeu a venda dos testes, a Febrafar (Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias) recomendou a seus associados que não fornecessem o exame rápido.

Em nota, a federação afirma que a aplicação dos testes "exige das farmácias e dos profissionais envolvidos um cuidado muito grande". "É preciso a utilização de equipamentos de proteção individual de uso hospitalar que estão escassos no mercado no momento."

Diz ainda que a venda do teste poderia "estimular maior circulação de pessoas com alta probabilidade de contaminação nos estabelecimentos" e exigiria manter profissionais direcionados "exclusivamente para esses serviços".

Para quem tem dificuldade em encontrar uma farmácia que ofereça o serviço, uma plataforma digital chamada Clinicarx criou uma ferramenta que permite acessar uma relação de farmácias e clínicas onde são realizados testes para detecção da covid-19.

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Band News