Nenhuma vacina contra covid-19 tem data certa para aplicação na população
O calendário para início da imunização da população brasileira segue em aberto. Apesar dos anúncios de hoje sobre a Coronavac e a Sputinik, não há data estabelecida para a aplicação das primeiras doses. Dependentes de testes de comprovação e de logística, as previsões mais otimistas dão conta de que as doses chegarão à população no primeiro semestre do ano que vem.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) já havia declarado que o Brasil não terá uma vacinação em massa contra o novo coronavírus nem no ano que vem. A entidade acha que a população mundial terá de esperar até 2022.
Na sexta-feira passada (16), a gestão João Doria (PSDB) sugeriu que a imunização em São Paulo começaria no dia 15 de dezembro, assim que chegasse o primeiro lote da encomenda de Coronavac, a vacina do laboratório chinês Sinovac e que será produzida em parceria com o Instituto Butantan.
Mas, hoje, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, foi mais cuidadoso na promessa. "As perspectivas são otimistas, mas não podemos dar data precisa de quando isso vai acontecer. Esperamos que até o final deste ano", disse.
O recuo vem após o governo paulista ensaiar, na semana passada, uma disputa com o Ministério da Saúde de quem aplicaria a primeira dose de imunizante contra a covid-19 no país.
No meio da semana, a pasta divulgou que o Brasil contaria com 100 milhões de doses do imunizante do laboratório AstraZeneca e da Universidade de Oxford ao longo do primeiro semestre. O governo federal estima que terá 140 milhões de doses no total no primeiro semestre de 2021.
A gestão Doria reagiu e acusou o governo federal de ignorar a vacina encomendada por São Paulo, que estaria mais avançada nos testes da fase 3 (que avalia a eficácia do produto) e que chegaria primeiro ao país.
Após o Ministério da Saúde voltar ao tema na quinta-feira (18), dizendo que o primeiro lote de 15 milhões de doses da vacina europeia chegaria ao país em janeiro, Doria chamou os jornalistas e cravou que 46 milhões de doses da Coronavac estariam disponíveis para os paulistas em dezembro. Outras 15 milhões de doses estão previstas para fevereiro.
O Ministério da Saúde não se comprometeu em afirmar que a imunização com o produto da AstraZeneca/Oxford teria início em janeiro de 2021.
A pasta prometeu apenas elaborar o Plano de Imunização Nacional (PNI) até novembro ou janeiro, quando seriam apresentadas datas, grupos prioritários e a estratégia de distribuição.
Na entrevista coletiva desta segunda, Doria apresentou apenas resultados parciais que atestam que o imunizante chinês é seguro. Mas os resultados mais aguardados no momento, nem Brasília, nem São Paulo possuem: os que comprovariam a eficácia do produto para evitar o contágio pelo novo coronavírus.
Sputnik
Hoje, especialistas e autoridades russas anunciaram que o Brasil deve começar a produzir em larga escala, já em dezembro, doses da vacina Sputnik V. A farmacêutica responsável é a União Química.
Os russos informaram que já começaram a transferir tecnologia para os brasileiros, mas que leva alguns meses para preparar para uma produção em larga escala. Como se trata de uma emergência, o processo está sendo feito de forma acelerada e deverá estar concluído em dezembro.
Índia, Coreia do Sul e China são outros três países que, ao lado do Brasil, vão produzir a vacina russa em larga escala. Na Índia, a produção já começa em novembro. Segundo os russos, em todos os testes feitos na Rússia até agora não houve a constatação de nenhum efeito colateral grave. Os únicos efeitos notados foram febre, mal-estar passageiro e dor no local da injeção.
As farmacêuticas que estão com o desenvolvimento de seus produtos mais adiantados — muitos deles cotados para adoção no Brasil —, devem apresentar esses resultados preliminares ainda neste mês ou começo de novembro. São esses dados que vão permitir à Anvisa liberar ou não a adoção dos imunizantes no país.
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