Governo do Maranhão avalia comprar vacina direto do Instituto Butantan
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), declarou que avalia comprar diretamente as vacinas contra a covid-19 do Instituto Butantan caso o governo federal mantenha a intenção de não incluir a CoronaVac no PNI (Plano Nacional de Imunização).
"Se a vacina do Butantan estiver disponível primeiro, creio que esse será um caminho natural, mediante autorização judicial", disse ao UOL.
A inclusão da vacina no PNI foi anunciada ontem pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, quando foi mencionada a compra de 46 milhões de doses que seriam distribuídas a partir de janeiro. Mas hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou o ministro e disse que não compra vacinas chinesas.
A decisão de abrir mão da pesquisa mais adiantada do mundo causou surpresa e deixou os governadores estupefatos. Dino escreveu no Twitter que "é uma desorientação inimaginável". Ele se referia a Bolsonaro se usar a expressão "a inalar a vacina", que na verdade é aplicada por uma injeção.
O governador do Maranhão defende que a melhor solução seria revalidar o acordo para inclusão da CoronaVac no PNI. "A prioridade é fazer valer o acordo que Pazuello anunciou ontem".
Dino ressaltou que a compra direta do Instituto Butantan seria uma alternativa caso a vacina da Fiocruz não seja viabilizada num curto prazo. Os resultados das pesquisas de momento apontam que a CoronaVac ficará pronta antes. Ele também mencionou que é preciso consulta à Justiça.
Prioridade é recuperar acordo pela Coronavac
O governador do Maranhão afirma que a atitude do presidente em barrar a vacina sabota o sistema de saúde.
O primeiro sinal de que a CoronaVac não seria aceita no PNI foi dado semana passada, quando o cronograma de vacinação foi divulgado sem este imunizante. A medida surpreendeu técnicos que já estavam conversando com o Ministério da Saúde. O Instituto Butantan faz vacinas para o Brasil inteiro, mas é ligado ao governo de São Paulo, de João Doria (PSDB), a quem Bolsonaro chama de traidor.
Apesar de Bolsonaro e Doria rocarem declarações ríspidas constantes, os técnicos do Ministério da Saúde e da Anvisa têm relação cordata com os funcionários do Instituto Butantan e com Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. As reuniões entre eles são consideradas profissionais, científicas e produtivas.
A exclusão da CoronaVac no plano divulgado na semana passada gerou uma série de reações. O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), entidade bastante influente na formulação de políticas públicas de saúde, realizou uma reunião. Ao final, um ofício foi enviado ao governo federal pedindo a inclusão do CoronaVac no cronograma.
Paralelo a isso, João Doria (PSDB) já tinha estipulado esta quarta como data limite para a decisão. Ontem, houve uma reunião do ministro Pazuello e 24 governadores. Logo na primeira intervenção, ele declarou que o ministério compraria 46 milhões de doses, algo que consta inclusive em ofício assinado no dia 19.
Após a reunião, houve comemoração e alívio dos governadores. A pacificação, entretanto, durou pouco. Diante da nova exclusão da CoronaVac —e possivelmente de outras vacinas contra a covid-19, Dino contou que os governadores estão conversando em seu grupo de WhatsApp e não descartam uma nova reunião.
Ele não é o único que pode comprar vacinas direto do Butantan. Um governador ouvido pelo UOL ontem disse que ele e outros colegas já tinham manifestado a intenção. Acrescentou que a atitude desgastaria o presidente Bolsonaro, deixando claro mais uma vez que existe uma disputa política sobreposta à proteção dos brasileiros.
Para os governadores, além de salvar vidas, imunizar as pessoas significa voltar à normalidade, ao lazer, e fazer a economia girar e criar empregos.
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