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SP reage a aumento de casos e impede fechamento de leitos de covid-19

Allan Brito, Felipe Pereira e Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo e Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/11/2020 13h13Atualizada em 19/11/2020 20h01

O governo de São Paulo anunciou hoje a assinatura de um decreto para evitar a diminuição do número de leitos dedicados a pacientes de covid-19 nas redes pública e privada de saúde no estado. A medida vem após um aumento de 18% no número de internações causadas pelo novo coronavírus, constatado na última semana.

A gestão do governador João Doria (PSDB) pretende com a medida evitar qualquer desmobilização de leitos de UTI e enfermaria num momento de piora da pandemia do novo coronavírus. Além disso, o governo também determinou a suspensão do agendamento de novas cirurgias eletivas, que são aquelas não emergenciais.

O decreto vale para todos os hospitais públicos, filantrópicos e privados e para leitos de UTI ou enfermaria voltados para o atendimento de covid-19.

Segundo dados da Secretaria de Saúde, a média diária de internações era de 859 na primeira semana de novembro. Atualmente, é de 1.093 — alta de 27,2%. De acordo com os números, a curva de aumento das internações está crescendo num ritmo menos acelerado. Foi de 18% na semana passada e agora está em 8%.

Ontem, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse ao UOL que a Prefeitura não planeja reabrir os hospitais de campanha mesmo com um aumento no número de casos e internações por covid-19.

"Hospitais de campanha nos formatos que foram montados não estão no planejamento porque temos, hoje, estruturam nos hospitais definitivos. Temos novas UPA's (Unidades de Pronto Atendimento), novos hospitais, temos condições de atender a população", afirmou Aparecido à reportagem.

Hoje, Gorinchteyne reiterou que a capacidade de atendimento nas rede pública e na privada é maior que no passado: "Tudo isso deixa um cenário que nos afasta muito de imaginarmos possibilidade de hospitais de campanha".

Aumento de 29,5%

A cidade de São Paulo registrou ontem um aumento de 29,5% nos novos casos de covid-19 na comparação entre os primeiros 17 dias de novembro com o mesmo intervalo de tempo de outubro. Segundo o site da Fundação Seade, usado pelo governo do Estado para acompanhamento da pandemia, foram 15.794 novos diagnósticos em novembro.

Em relação às mortes, a situação é diferente. Nos primeiros 17 dias de novembro, foi verificada uma queda de 16,2% nos novos óbitos na capital na comparação com o mesmo período de outubro. Neste mês, foram registradas 407 mortes por causa do novo coronavírus.

Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo revelou que o número de atendimentos de covid-19 em hospitais particulares vem aumentando.

Na rede municipal, o nível de ocupação das UTIs estava em 44% ontem —diante de 35% no dia 17 outubro.

Também houve crescimento no número de pessoas internadas em enfermarias destes estabelecimentos. Eram 644 em 31 de outubro. Ontem, havia 814 leitos ocupados. Isto significa um acréscimo de 26%.

Eleições

O coordenador do Centro de Contingência ao Coronavírus, José Medina, declarou que a eleição municipal, que teve seu primeiro turno disputado no último domingo (15), pode ter relação com o aumento de casos de covid-19 no estado. Ele ressaltou que foram 557,3 mil candidaturas no país e que o Brasil como um todo vive a mesma situação de crescimento de casos que a verificada em São Paulo.

O segundo turno das eleições será realizado no dia 29. Para o dia seguinte, está marcada a próxima avaliação de reclassificação do Plano São Paulo, que poderia levar todo o estado paulista para a fase verde.

Já o coordenador-executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, disse que não hesitará em regredir as medidas de flexibilização se houver necessidade, mas ressaltou que no momento não existe nenhuma região nesta situação no estado de São Paulo. Ele acrescentou que não há risco de falta de leitos porque ainda está com ocupação de 43,5%, o que significa boa margem.

A campanha de Bruno Covas (PSDB) teme que a pandemia recrudesça na capital antes do segundo turno, que ele disputa contra Guilherme Boulos (PSOL). Covas repetiu duas vezes nesta quinta — em agenda de campanha e, em seguida, em entrevista coletiva - que a cidade tem uma "estabilidade da evolução na pandemia" e que por enquanto não vai flexibilizar nem retroceder as ações de quarentena.

"Vamos mostrar que não há segunda onda na cidade e que há uma estabilidade na pandemia", disse ele.

Plano SP

O governo de São Paulo publicou ontem no Diário Oficial o decreto nº 65.295 que prorroga a quarentena em todo o estado até o dia 16 de dezembro. A medida já havia sido anunciada ontem pelo governador João Doria (PSDB) após a confirmação do aumento no número de internações por causa da covid-19.

Com o novo cenário, o Plano São Paulo, que regulamenta os estágios da quarentena em todo o estado, não será atualizado nesta semana. Doria prometeu uma nova atualização para o dia 30 de novembro.

Afirmando que esperava correções no sistema do Ministério da Saúde, Doria disse que o dado do aumento de internações precisa ser analisado em conjunto com estatísticas de novos diagnósticos e mortes.

A administração estadual acredita na possibilidade de defasagem nos números de casos e mortes na semana que precedeu o primeiro turno das eleições, o que poderia implicar que o aumento nas internações pode ter sido maior por ser em comparação com uma semana anterior "boa", com relativamente poucas internações.

Hoje, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, que esteve à frente das medidas de retomada gradual das atividades econômicas, explicou o adiamento da classificação do Plano São Paulo, que estava agendada para a última segunda-feira (16). Ela disse que pelos dados disponíveis na data oito regiões seriam promovidas para a fase verde, colocando 90% da população nesta fase por um mês.

Patrícia declarou que o adiamento foi feito por prudência. A atualização também será feita a cada 15 dias. Ela estava ocorrendo a cada mês, mas a secretária disse que o período de quatro semanas era adequado para a fase descendente da curva de contaminação da pandemia. Com esta nova situação, o intervalo será mais curto e haverá regressão se necessário.

"Se essa tendência se mantiver, os indicadores vão demonstrar e teremos de tomar medidas mais restritivas", afirmou.