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Comissão vai ouvir Saúde sobre testes de covid-19 que estão para vencer

Pasta tem em estoque quase 7 milhões de testes RT-PCR que devem perder a validade até janeiro - iStock
Pasta tem em estoque quase 7 milhões de testes RT-PCR que devem perder a validade até janeiro Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

23/11/2020 16h43Atualizada em 23/11/2020 17h23

A comissão da Câmara que acompanha as ações do governo federal no enfrentamento à pandemia vai discutir na quarta-feira (25) o estoque de testes para covid-19 que estão prestes a vencer. O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo de Medeiros, e o diretor do Departamento de Logística em Saúde, Roberto Ferreira Dias, foram convidados a participar.

A denúncia sobre os testes foi feita ontem, em reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a matéria, o Ministério da Saúde tem 6,86 milhões de testes do tipo RT-PCR que devem perder a validade até janeiro de 2021 e ainda não foram distribuídos para a rede pública.

Em nota, o ministério confirmou a existência dos testes com data de validade próxima do fim, mas não informou a quantidade de kits nesta situação. A pasta ainda disse aguardar "estudos de estabilidade estendida para os testes em estoque", isto é, que indiquem a viabilidade de prorrogar a data de vencimento desses exames.

Nas redes sociais, parlamentares criticaram a falta de planejamento do governo federal. "O desprezo de Bolsonaro pelos 170 mil mortos e mais de seis milhões de infectados não é apenas sádico, mas é criminoso. O seu governo pode jogar fora 6,8 milhões de testes de covid-19, de um estoque de 7,1 milhões, que perdem a validade, em dezembro", escreveu o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR).

Já o presidente da comissão sobre a covid-19 na Câmara, deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), chamou o caso de "absurdo" e confirmou o convite a representantes do Ministério da Saúde para explicações. "O país precisa de todos os esforços possíveis para não passar por uma segunda onda tão trágica quanto a primeira", defendeu.

Além de Arnaldo de Medeiros e Roberto Ferreira Dias, também foram convidados o presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Lula, e o presidente do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Willames Freire. O debate está marcado para as 11h e poderá ser acompanhado ao vivo pela internet.

Pazuello pode ser convocado

Parlamentares também querem ouvir o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre os testes próximos do vencimento. Já foram protocolados pelo menos três requerimentos pedindo a convocação do general: um do deputado José Guimarães (PT-CE), líder da Minoria na Câmara; um do PSOL; e um da senadora Eliziane Gama (MA), líder do Cidadania.

O objetivo dos requerimentos é entender por que os exames não foram usados até agora. Guimarães, especificamente, ainda quer que Pazuello forneça informações como a data da compra desses testes, o valor investido e os critérios técnicos que justifiquem o aumento no prazo da validade solicitado pelo Ministério da Saúde à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"O mais completo absurdo! O presidente [Jair] Bolsonaro [sem partido] justificou a escolha de Pazuello para o Ministério pelo fato de o militar entender de logística. O que se vê é uma total incompetência e descaso com a vida humana", criticou, em nota, o deputado.

Já para o PSOL, o descarte de testes, somados aos milhares que não puderam ser utilizados por falta de insumos, "é apenas o reflexo direto do conjunto de políticas adotadas por este governo, que caminhou no sentido contrário ao que têm sido recomendado pelas autoridades de saúde no Brasil e no mundo".

Além de protocolar o requerimento de convocação do ministro, a senadora Eliziane Gama também se pronunciou nas redes sociais, dizendo que o país não pode desperdiçar esses quase 7 milhões de testes. "Com a curva de mortes subindo e o aumento de ocupação de UTIs, não podemos perder a chance de continuar testando a população contra o vírus", escreveu.

(Com Agência Câmara de Notícias)