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Saúde não tem preferência e não descarta nenhuma vacina, diz secretário

"Nossa preocupação é a eficácia e a segurança da vacina", disse Arnaldo de Medeiros em vídeo - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
"Nossa preocupação é a eficácia e a segurança da vacina", disse Arnaldo de Medeiros em vídeo Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

01/12/2020 20h04Atualizada em 01/12/2020 20h32

O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo de Medeiros, afirmou hoje que o Ministério da Saúde não descarta nenhuma vacina contra a covid-19 que esteja em fase 3 de testes no Brasil, como é o caso da CoronaVac (Instituto Butantan/Sinovac), motivo de disputa entre o governo federal e o estado de São Paulo, e da AstraZeneca/Universidade de Oxford.

"Não existe descarte, abandono ou qualquer coisa que o valha de nenhuma vacina que se encontra em fase 3 [de testes] no Brasil. O governo brasileiro não tem preferência por nenhum laboratório. A nossa preocupação é a eficácia e a segurança da vacina, desde que seja devidamente registrada na agência regulatória, que é a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]", disse o secretário em vídeo.

Não é a primeira vez que o Ministério da Saúde diz não ter uma vacina "preferida", mas recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a CoronaVac não condizem com essa posição. Em outubro, por exemplo, ele mandou suspender um acordo de intenção de compra de 46 milhões de doses do imunizante, desautorizando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Depois, quando a Anvisa decidiu suspender os testes da vacina por conta de um "evento adverso grave" — a morte de um dos voluntários, não relacionada à vacina —, Bolsonaro disse ter "ganhado" do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e ainda defendeu a não-obrigatoriedade da vacinação.

Plano de imunização

Medeiros também anunciou que a versão preliminar do plano nacional de imunização contra o coronavírus é composta por quatro fases e dá prioridade a profissionais de saúde, idosos, indígenas, professores, forças de segurança e presos, normalmente mais vulneráveis e expostos à doença.

A expectativa é começar a vacinar a população, seguindo a ordem de prioridade, a partir do primeiro trimestre de 2021. Pelas contas do Ministério da Saúde, as quatro fases da campanha abrangem 109,5 milhões de pessoas imunizadas, em duas doses.

Na semana que vem, a pasta deve lançar uma campanha de comunicação sobre a vacina contra a covid-19. Essa campanha, ainda de acordo com o secretário, deverá ter duas fases: a primeira, de esclarecimento, com peças a serem divulgadas na TV e nas redes sociais; a segunda, de incentivo à vacinação.

"O ministério procura salvar vidas", afirmou Medeiros.

Perfil da vacina

Por enquanto, o governo federal não comprou nenhuma vacina, apesar de o presidente Jair Bolsonaro já ter assinado uma MP (Medida Provisória) que libera quase R$ 2 bilhões em recursos para o imunizante da AstraZeneca/Oxford.

Mais cedo, em entrevista, Medeiros disse que a vacina ideal deve ser termoestável, podendo ser armazenada em temperaturas de 2°C a 8°C. A ideia, mesmo "sem querer", acaba excluindo as candidatas da Pfizer e da Moderna, que exigem armazenamento a -70ºC, e a -20ºC, respectivamente.

A vacina da Pfizer pode ser aprovada nos Estados Unidos já no próximo dia 10 e, na Europa, em 29 de dezembro. Já a da Moderna pode ser liberada em 17 de dezembro nos EUA e em 12 de janeiro na Europa. As empresas já entraram com pedido de autorização para uso emergencial às autoridades competentes.