PNI ou CoronaVac? Como os estados estão planejando a vacinação contra covid
Com o início da vacinação contra covid-19 pelo mundo, no Brasil, governo federal e estados começaram a agilizar seus planos de imunização. Nesta terça-feira (8), o Ministério da Saúde se reuniu com os governadores e reforçou que o PNI (Plano Nacional de Imunização) deverá cobrir todo o país, em rejeição a planejamentos "paralelos" —uma referência ao governo de São Paulo, que anunciou um plano próprio na segunda (7) e prometeu oferecer vacina a outros estados.
De um lado, o plano do governo paulista de começar a imunização em janeiro ainda depende da aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) da CoronaVac —a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butatan. Do outro, o governo federal fala em começar a campanha em fevereiro, mas ainda não publicou um plano completo e também não tem uma vacina aprovada.
No meio, alguns estados preferem esperar pela evolução do PNI, enquanto outros se adiantam e já aceitaram a proposta do governador João Doria (PSDB-SP), que disse que pode distribuir 4 milhões de doses da CoronaVac a outras regiões ainda no primeiro bimestre do ano que vem, para que possam vacinar profissionais de saúde.
Há, ainda, os estados que, no meio da disputa, procuram por uma terceira via. Veja como cada um pretende seguir e o que já está organizado:
À espera do PNI
Doze estados e o Distrito Federal já declararam estar à espera de uma resolução do ministério e do PNI:
Acre: por meio de nota, o governo estadual anunciou que iniciará, na semana que vem, a construção de uma "rede de frio" para armazenamento e distribuição das 136 mil doses iniciais da vacina adotada pelo PNI na temperatura adequada.
Alagoas: o governador Renan Filho (MDB) declarou nas redes sociais que irá receber "as vacinas que o governo federal enviar", mas tem recursos para comprar doses próprias.
Amapá: após a reunião, o governador Waldez Góes (PDT) também afirmou nas redes sociais que aguarda pelo PNI e que irá se reunir com as secretarias para discutir seu plano estadual.
Amazonas: após a reunião, o governador Wilson Lima (PSC) afirmou, por meio de nota, que a meta é "deixar tudo pronto para distribuir vacina adquirida pelo governo federal".
Distrito Federal: o governo anunciou um plano de vacinação que envolve inquérito soroepidemiológico já em andamento; mapeamento e estruturação de locais para servir como postos de vacinação; levantamento de recursos para logística e insumos; e seleção de profissionais para a aplicação das vacinas.
Goiás: a Secretaria da Saúde informou possuir um sistema de rede de frio para armazenamento e distribuição das vacinas, com armazéns instalados em todos os pontos do estado. Para os insumos, foi antecipada a compra de 2,5 milhões de seringas e agulhas.
Pernambuco: em coletiva realizada na última quarta (2), o secretário da Saúde, André Longo, afirmou confiar no PNI. "Não vemos necessidade de aquisições pontuais de vacina. Acreditamos que, tão logo essas vacinas estejam disponíveis e aprovadas pela Anvisa, serão distribuídas de forma equitativa por todos os estados", afirmou.
Paraná: por e-mail, o estado afirmou estar "aberto a negociar com todos os laboratórios que vêm testando vacinas", mas aguarda "liberações do órgão regulador federal". Segundo a secretaria, já foram reservados R$ 200 milhões para a compra da vacina aprovada.
Rio de Janeiro: por e-mail, a secretaria declarou que "cabe ao ministério a aquisição dos imunobiológicos". Na capital, o prefeito eleito Eduardo Paes (DEM) negou que tenha pedido a CoronaVac para Doria e diz esperar pelo PNI.
Rio Grande do Sul: em nota divulgada na segunda, o governo criticou a "falta de coordenação nacional", mas apontou que está preparando um plano estadual de imunização condizente com o PNI com uma rede de frio estruturada a partir de Porto Alegre.
Santa Catarina: a secretaria informou estar redimensionando a rede de frios, mapeando dos locais para vacinação em parceria com municípios e reforçando o treinamento das equipes de vacinadores.
Tocantins: a secretaria informou que segue "aguardando orientações do MS" e "acompanhando todas as pesquisas existentes", mas que está "preparada para receber, armazenar e redistribuir os lotes vacinais para todos os municípios".
Preferência pela CoronaVac
Na coletiva de segunda-feira, Doria informou que oito estados já tinham declarado interesse em ter acesso à divisão das 4 milhões de doses da CoronaVac, mas não citou quais. O UOL conseguiu confirmar quatro deles e uma capital.
Ceará: o governador Camilo Santana (PT) publicou, em seu Facebook, que tem "mantido conversas" com Doria desde o mês passado e que deverá participar de uma reunião em São Paulo na semana que vem. "Paralelo a essas conversas, venho mantendo contatos com outros laboratórios que desenvolvem a vacina, bem como com o Ministério da Saúde", informou.
Pará: o governador Hélder Barbalho (MDB) foi a Brasília para a reunião com o ministério, mas afirmou, em vídeo publicado no Twitter, que garantirá a CoronaVac. "Assino no dia de hoje protocolo de intenção de compra do Instituto Butantan para que possamos ter efetivamente uma alternativa para que garanta a vacinação da população", declarou. Segundo ele, serão usados recursos do governo estadual para vacinar, inicialmente, profissionais de saúde, indígenas, quilombolas e idosos acima de 60 anos.
Paraíba: o governador João Azevêdo (Cidadania) também usou o Twitter para divulgar o interesse pela CoronaVac. "Essa é uma ação paralela ao plano do Ministério da Saúde, para nos anteciparmos e começarmos a vacinação o quanto antes", declarou nesta terça.
Rio Grande do Norte: a governadora Fátima Bezerra (PT) confirmou em seu Twitter nesta terça (8) que está em contato com Doria e com o Instituto Butantan para a compra da CoronaVac. "Nem que eu tenha que sair contando moedas, nós não vamos economizar esforços para garantir a vacinação", declarou.
*Curitiba: apesar de o Paraná acenar para o PNI, o prefeito da capital, Rafael Greca (DEM), reforçou o interesse pela CoronaVac, já anunciado por Doria em coletiva. "Acertamos uma parceria para adquirimos doses da CoronaVac para imunizarmos os curitibanos —priorizando em um primeiro momento os profissionais de saúde", publicou Greca, em seu Twitter.
Uma terceira via
Há também os estados que optaram por negociações próprias.
Bahia: em setembro, o governador baiano Rui Costa (PT) anunciou a compra de 50 milhões de doses da vacina russa Sputnik V sem divulgar valores. Os lotes deveriam chegar em novembro e precisam ser aprovados pela Anvisa. Procurado sobre atualizações, o governo estadual não respondeu. Em seu Twitter, Costa cobrou celeridade da agência reguladora sem citar uma vacina em específico.
Minas Gerais: no início de novembro, o governo mineiro publicou um Memorando de Entendimento entre a Fundação Ezequiel Dias e a norte-americana Covaxx, que também está desenvolvendo uma vacina na fase 3 de testagem. "Trata-se de uma conversa inicial com um dos possíveis parceiros que poderão contribuir com o fornecimento/produção da vacina contra covid-19 no estado", informou a secretaria, que disse ainda manter contato com MS, para incorporação do imunizante do PNI, e não ter, até então, interesse na CoronaVac.
O UOL procurou todas as secretarias estaduais e está publicando as respostas à medida que os estados se pronunciarem.
Vacinas em teste
Quatro vacinas contra a covid-19 estão em teste no Brasil. Até agora, nenhuma delas foi aprovada pela Anvisa.
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