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Destino de turistas, Ilhabela prepara hospital de campanha para covid-19

Sistema de saúde do arquipélago de Ilhabela está perto do colapso, diz secretária - Divulgação
Sistema de saúde do arquipélago de Ilhabela está perto do colapso, diz secretária Imagem: Divulgação

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/12/2020 04h00

Acostumado a receber centenas de turistas nos fins de semana de dezembro, o arquipélago de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, se prepara para combater o avanço nos casos de covid-19. A secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Bianca Colepicolo, afirmou ao UOL que os hospitais da região estão "um caos", na iminência de um "colapso".

No último sábado (5), o município registrou 99 novos casos em 24 horas, de acordo com a plataforma da Fundação Seade, usada pelo governo de São Paulo no controle da pandemia. Foi o segundo maior número de novos infectados em um dia desde 1º de agosto, quando foram contabilizados 139 novos casos.

Para atender pacientes infectados pelo novo coronavírus, o Hospital Municipal Governador Mario Covas Junior, em Ilhabela, tem um leito de emergência, quatro leitos de UTI e 11 leitos de enfermaria. No começo desta semana, segundo Colepicolo, todos estavam ocupados.

Pacientes graves estão sendo transferidos para o Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba. Ele possui 20 leitos de UTI e dez leitos de enfermaria —a taxa de ocupação na terça-feira (8), era de 75% na UTI e 90% na enfermaria.

Para a Prefeitura de Ilhabela, a saída para desafogar as unidades de saúde é montar um hospital temporário, como ocorreu na capital paulista e em outras cidades do país no primeiro semestre.

O litoral está sendo invadido. Nossa ocupação hoteleira durante a semana está em 60%, sem contar casas de temporada. Continuamos com todas as ações de educação, mas estamos chegando num colapso do sistema de saúde. Estamos montando um hospital de campanha para cuidarmos das pessoas.
Bianca Colepicolo, secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo

De acordo com a secretária, o hospital de campanha terá 44 leitos e deve ser levantado em, no máximo, dez dias. "Já temos a licitação, só estamos fazendo processo de montagem", afirma.

Turismo de um dia e de fins de semana

Fora a ocupação de hotéis e pousadas, outro termômetro importante para medir o fluxo de pessoas entrando e saindo da ilha é a balsa. Todo fim de ano, turistas enfrentam quilômetros de filas para entrar na embarcação.

O chamado "turismo de um dia", em que visitantes saem de cidades próximas, como São Sebastião e Caraguatatuba, para visitar as praias da ilha aos sábados e domingos, também é motivo de receio para o executivo municipal.

A preocupação da Prefeitura é que todo esse fluxo continue em 2020 —principalmente nas férias e nas festas de fim de ano.

Desde o início da pandemia, 14 pessoas morreram infectadas pela doença no município. Até ontem, 2.342 casos de covid-19 foram registrados.

casos de covid em Ilhabela - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ilhabela tem aproximadamente 35.500 habitantes.

Prefeituras se reúnem

No último domingo (6), prefeituras do litoral norte se reuniram para traçar estratégias no controle do fluxo para a ilha. Uma das medidas que será adotada é o aumento em quatro vezes do preço das passagens dos ônibus das cidades de Caraguatatuba e São Sebastião, que levam até as balsas.

Em outra frente, a Prefeitura de Ilhabela conta com o apoio da Polícia Militar para fiscalizar e dispersar aglomerações. A secretária afirma que a PM já multou dezenas de casas que, aos fins de semana, fazem festas e perturbam os vizinhos. "Também temos recolhido equipamentos de som e carros com sons nas ruas, com base na perturbação do sossego, mas, numa pandemia, isso nos ajuda a controlar possíveis aglomerações e frear a transmissão do vírus", disse.

Outras medidas como diminuição do horário de funcionamento e da lotação máxima permitida em estabelecimentos já foram adotadas seguindo as orientações da fase amarela do Plano São Paulo, de retomada econômica.

Sobre o atendimento em hospitais públicos na região, o governo de São Paulo disse, em nota, que o SUS é universal e possui caráter regionalizado. Por isso, caso haja superlotação em alguma unidade do litoral, os próximos pacientes serão transferidos para outros municípios.

"Cidadãos de qualquer município podem receber assistência em serviços de referência da rede pública de saúde", disse.

Para tentar frear o aumento nos casos durante as festas de fim de ano, o Estado proibiu comemoração do réveillon em bares, restaurantes e hotéis, e pediu para que as celebrações caseiras sejam restritas. Também não deve haver shows com fogos de artifícios nas praias.