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Bolsonaro ataca imprensa e diz 'não ter errado' em ações contra pandemia

Bolsonaro também voltou a dizer que a população "não precisa ficar com pavor" do coronavírus - Fabrício Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo
Bolsonaro também voltou a dizer que a população "não precisa ficar com pavor" do coronavírus Imagem: Fabrício Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

28/12/2020 20h27Atualizada em 29/12/2020 12h22

Em novo ataque à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou dados imprecisos ou sem comprovação científica para defender que "não errou nenhuma" medida tomada contra a pandemia. Ele também voltou a dizer que "não precisa ficar com pavor" do coronavírus e que não vai se vacinar quando um imunizante estiver disponível no Brasil.

"Abaixo de 40 anos, quase ninguém contrai. Ou se contrai, é assintomático. Para quê esse pavor todo? A vida tem que continuar. Eu não errei nenhuma. Quando zerei o imposto da vitamina D, vocês me criticaram. Agora algumas universidades falaram que quem é saudável... A chance é de 40% menor de, ao contrair o vírus, ter problemas", argumentou Bolsonaro, sem dizer de onde vieram os dados.

As declarações foram feitas a jornalistas após o jogo beneficente "Natal Sem Fome", no Estádio Urbano Caldeira — a Vila Belmiro —, em Santos (SP).

Sem precaução, tanto jovens quanto idosos podem contrair a covid-19, apesar do que diz o presidente. Os mais novos também estão sujeitos a desenvolver formas graves da covid-19 e, mesmo quando assintomáticos, podem transmitir o vírus a outras pessoas, principalmente as mais vulneráveis.

Bolsonaro ainda defendeu que "não adianta se esconder" do vírus, que "vai ficar entre nós a vida toda", e que apenas idosos e pessoas com comorbidades devem tomar mais cuidado. Ele tem 65 anos e, portanto, é considerado idoso.

"Nós não aguentamos mais lockdown (confinamento). Nós não temos mais capacidade de nos endividar. Gastamos pouco mais de R$ 700 bilhões nessa tal pandemia, eu sei que a vida não tem preço, lamento as mortes, mas não precisa ficar com esse pavor todo", disse o presidente, que não usava máscara.

Bolsonaro citou como exemplos o desrespeito em Fortaleza e Manaus às restrições impostas pelos respectivos governos estaduais. Questionado por uma jornalista se não estaria incentivando a desobediência, o presidente se irritou, perguntou se ela era da TV Globo e disse que não falaria "besteira" na frente da imprensa.

Depois, ele ainda reforçou que não se vacinará contra a covid-19 e "ameaçou" colocar jornalistas como prioridade para imunização.

"O pessoal fala se eu vou tomar vacina ou não... O que tu acha [sic]? Eu já contraí o vírus. Ou vou ser idiota e 'ah, vou tomar de novo'? Vou pedir para o [Eduardo] Pazuello [ministro da Saúde] hoje, quando chegar a primeira vacina... Que priorize vocês da imprensa a tomar primeiro. E se não tomar vacina, vocês estão dando um péssimo exemplo", ironizou.